Neste ano de 2024, a Confederação mostrou o poder da união de um trabalho dedicado, transformando vidas de agricultores familiares, produtores rurais, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, assentados e acampados no Brasil e no exterior. A série de reportagens de retrospectiva da CONAFER vai mostrar as ações de maior destaque feitas em 2024 e os resultados de sucesso da entidade. Nesta quinta matéria, vamos entender como só neste ano a Secretaria de Políticas de Monitoramento e Segurança no Campo formou mais de 300 guardiões ambientais, que atuaram como brigadista e vigilantes territoriais, combatendo os incêndios e monitorando áreas nas terras indígenas de todo o país. Esta iniciativa protegeu o meio ambiente e a saúde dos povos originários junto a outros projetos da CONAFER, como a plataforma Hãmugãy, que facilita registros ágeis de ocorrências ambientais, e o projeto Albatroz, que atua no combate da dengue e da malária
Atualmente, os guardiões ambientais da CONAFER atuam em todos os 4 biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica. Para cada estado, foram disponibilizados o mesmo número de brigadistas, com dois esquadrões com 16 pessoas e 20 vigilantes dos territórios. O programa de Formação nos Territórios capacita os indígenas para desenvolver ações de monitoramento e prevenção de ilícitos dentro dos territórios filiados à CONAFER. O curso ensina sobre legislação ambiental e comportamento do fogo, com treinamento prático em prevenção e combate a incêndios florestais, bem como atividades de vigilância e monitoramento utilizando tecnologias como o aplicativo Hãmugãy. A iniciativa surgiu com o objetivo de preservar a biodiversidade e proteger as aldeias indígenas.
Em 2024, o programa de Formação nos Territórios capacitou mais de 300 guardiões ambientais
Segundo os dados de um levantamento feito pelo Monitor do Fogo do MapBiomas, 22,38 milhões de hectares foram queimados no Brasil entre janeiro e setembro de 2024. O tamanho da área atingida pelas chamas é comparável ao estado de Roraima. Para comparação, neste ano foram queimados 13,4 milhões de hectares a mais que em 2023. O salto de um ano para o outro foi de 150%. Mais da metade da área queimada nos nove primeiros meses deste ano fica na Amazônia.
O secretário Nacional de Políticas de Monitoramento e Segurança no Campo, Geovanio Katukina, explica que “em 2024, os biomas da Amazônia e do Cerrado no Brasil registraram um aumento significativo no número de focos de incêndio, atingindo os maiores índices em quase duas décadas. Na amazônia até 30 de novembro de 2024, foram detectados 134.979 focos de incêndio, representando um aumento de 43,7% em comparação com o mesmo período de 2023, que registrou 93.938 focos. No cerrado no mesmo período, foram registrados 79.599 focos de incêndio, um aumento de 64,2% em relação a 2023.” Katukina ainda explica que “o aumento expressivo nos focos de incêndio em 2024 destaca a necessidade urgente de medidas eficazes de prevenção e combate às queimadas, além de políticas públicas voltadas à preservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável.”
O secretário de Políticas para Monitoramento e Segurança no Campo, Geovanio Katukina (de preto), ao lado da equipe de instrutores
Segundo Katukina, “a formação dos guardiões ambientais pela CONAFER é fundamental para a promoção da sustentabilidade socioambiental e para o fortalecimento das comunidades rurais e tradicionais. A formação de brigadistas capacita pessoas para prevenir e combater incêndios florestais, que representam uma ameaça significativa aos biomas brasileiros, como a Amazônia e o Cerrado, e os vigilantes ambientais desempenham um papel importante no monitoramento de áreas protegidas e na identificação de práticas ilegais, como desmatamento, extração ilegal de recursos naturais e invasão de terras indígenas. Além disso, a formação capacita e empodera comunidades rurais, indígenas e tradicionais, gerando empregos e valorizando o conhecimento local com o aumento da autonomia das comunidades, que passam a atuar de forma proativa na defesa de seus territórios.”
Atualmente, a CONAFER atua com brigadas nos estados de Pernambuco, Bahia, Mato Grosso e Tocantins. As brigadas comunitárias de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, são compostas por pessoas das comunidades tradicionais (rurais, quilombolas, indígenas) que se organizam nas ações de prevenção, monitoramento e combate aos incêndios em seus territórios. São pessoas locais que possuem treinamento básico em combate a incêndios florestais, além de conhecimento sobre as características das áreas naturais e os riscos associados a esses incidentes. Neste ano de 2024, o trabalho em parceria com outras instituições foi fundamental para o aprimoramento das práticas de combate e organização interna dos povos, como a atividade da brigada Xukuru de simulação de combate em parceria com o IBAMA (Prevfogo) e a defesa civil de Pesqueira, em Pernambuco. A formação de guardiões ambientais surgiu como uma solução e, só em 2024, combateu mais de 300 focos de incêndio em todo país.
De 30 de janeiro a 2 de fevereiro deste ano, por exemplo, o curso de Formação dos Guardiões Ambientais em Vigilância Territorial realizou aulas teóricas e um treinamento na aldeia Bandeira Branca, na calha do rio Padauari, no território Yanomami, nos municípios de Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro. Além dos Yanomami das aldeias Águas Vivas, Laginha, Atararapiwei, Cachoeira do Aracá, Castanha 1, Castanha 2, Bandeira branca, Ahima, Paraná, Waharo e Monobi, também participaram do curso de formação os ribeirinhos das comunidades Dom Pedro II, Cauburisi, Lago Grande, Manacauaca, Cumaru, São Luís, São Joaquim, Canafé, Tapera, Floresta 1, Campinas, Mangueira, Nova Jerusalém, Acu acu e Piloto, incluindo os parentes da etnia Baré, residentes no entorno da terra indígena Yanomami.
No total foram formados 67 indígenas para atuar na proteção dos territórios com eixo voltado ao monitoramento de ocorrências e apoio às comunidades tradicionais
Durante o mês de maio deste ano, em Pesqueira-PE, a equipe da Secretaria de Políticas para Monitoramento e Segurança no Campo aplicou mais um curso de formação de brigadistas e vigilantes no programa de Formação nos Territórios. No Território Xukuru do Ororubá foram capacitados 16 brigadistas e 20 guerreiros voltados às ações de vigilância e apoio às comunidades. Todos aprenderam técnicas e como utilizar os equipamentos nos trabalhos de monitoramento e de combate aos incêndios florestais dentro do Território Xukuru.
O secretário de Políticas para Monitoramento e Segurança no Campo, Geovanio Katukina, em discurso durante o curso de formação de brigadistas e vigilantes no Território Xukuru do Ororubá, em Pernambuco
Tecnologia a serviço da proteção do meio ambiente
Além da formação, a CONAFER realiza atividades de vigilância e monitoramento das matas, utilizando tecnologias com o aplicativo de monitoramento Hãmugãy, que facilita observações ágeis de ocorrências ambientais ou ameaças às áreas indígenas. Os registros incluem fotos e coordenadas GPS, que são enviadas ao Centro de Monitoramento da Confederação, disponibilizadas por meio de um mapa interativo. Os dados são instantaneamente processados e enviados à Central de Monitoramento da plataforma, criando respostas rápidas e eficazes em situações críticas.
Em 2024, a plataforma Hãmugãy cresceu e se expandiu para além do Brasil, alcançando novos lugares, como o Quênia e Ruanda, na África, onde o aplicativo já está em uso. Neste ano, várias melhorias foram feitas no sistema, especialmente para adaptar a comunicação às línguas tradicionais de cada comunidade. Agora, o aplicativo está disponível em português, além de versões em Yanomami e Swahili, a língua de uma comunidade agrícola no Quênia. Essas mudanças estão ajudando a tornar a plataforma mais acessível e a fortalecer a conexão com as diferentes culturas.
De acordo com o secretário Nacional de Políticas de Monitoramento e Segurança no Campo, Geovanio Katukina, “a plataforma Hãmugãy pode atuar como um instrumento tecnológico estratégico, facilitando a capacitação, o monitoramento e a comunicação entre brigadistas, vigilantes e comunidades. Além disso, ao integrar ferramentas de educação, saúde e dados ambientais, a Hãmugãy fortalece o papel dessas comunidades na preservação do meio ambiente e no combate a problemas como queimadas, desmatamento e doenças”, destaca.
Katukina também citou outro projeto tecnológico que, durante este ano de 2024, ajudou no combate da dengue e da malária nas aldeias indígenas: o projeto Albatroz. Neste projeto, os drones são equipados com sistemas de pulverização e aplicam tratamentos nos focos de dengue e malária, eliminando os criadouros dos mosquitos. “Estas tecnologias possuem uma importância fundamental para as comunidades indígenas e carentes, pois integram ações de saúde pública, sustentabilidade socioambiental e desenvolvimento local. Essas iniciativas respeitam e valorizam as culturas locais, fortalecem as comunidades e criam condições para que elas se tornem autônomas, saudáveis e protagonistas no desenvolvimento sustentável de seus territórios,” conclui.
Equipes da vigilância sanitária, defesa civil e guardiões ambientais sendo formados no projeto Albatroz para eliminar os criadouros dos mosquitos da Dengue e Malária
Drone usado no projeto Albatroz para eliminar os criadouros dos mosquitos da Dengue e Malária
A ideia é expandir a formação de guardiões ambientais para mais estados brasileiros e para o Quênia, na África, garantindo que cada filiado da CONAFER tenha acesso à proteção ambiental em seus territórios. A expectativa é que, em 2025, ocorra novas formações de brigadistas e vigilantes em nove territórios tradicionais. Os resultados impactantes do programa de Formação nos Territórios são apenas uma parte das conquistas da CONAFER neste ano de 2024. Acompanhe a série de reportagens de retrospectiva da Confederação e descubra os principais avanços, desafios superados e vitórias alcançadas ao longo do ano.