O Brasil começou no Nordeste. Salvador foi nossa primeira capital. Neste dia 8 de outubro, Dia do Nordestino, uma salve ao povo com a maior riqueza cultural do país, e que com a sua força e disposição para o trabalho ajuda a construir uma grande nação. Esta diversidade da cultura nordestina é um patrimônio nacional, e está na música brasileira, nas festas populares, nas artes, na culinária, no teatro, na pintura, no cotidiano de Norte a Sul do Brasil, porque a alegria contagiante do povo nordestino espalha-se em todas as outras regiões. Ao mesmo tempo em que os nordestinos participam ativamente da cultura nacional, as suas migrações foram decisivas na força de trabalho para construir as duas mais importantes cidades brasileiras, São Paulo e Brasília. Uma é o símbolo do estado que é o motor econômico do Brasil, a outra, a capital federal erguida com dezenas de milhares de trabalhadores vindos do Nordeste. Com quase 15% de participação no PIB nacional e um PIB regional com previsão de crescimento de 3,4% em 2024, acima da média do país, os nordestinos provam sua resiliência depois de períodos de secas históricas, e ao mesmo tempo capacidade de se reinventar com investimentos em educação, turismo e novas tecnologias, como exemplo a liderança em geração de energias renováveis: solar, eólica, hidráulica e a biomassa. Parabéns ao povo nordestino!
O nordeste é conhecido por sua imensa diversidade cultural. As festas juninas, o forró, o repente e o cordel são apenas alguns dos exemplos de manifestações culturais que tornaram a região um verdadeiro celeiro de criatividade. Como Patativa do Assaré descreve em seus versos, a cultura popular nordestina surge de forma espontânea, como uma “semente que nasce arriba do chão”, representando a força criadora de um povo que transforma sua realidade em poesia. Patativa, poeta de Assaré, e Catulo da Paixão Cearense, ambos imortalizaram o sertão e a vida nordestina com suas composições. Enquanto Patativa exaltava a simplicidade e a força da terra e de sua gente, Catulo retratava com saudade o sertão e sua beleza, como em sua famosa canção “Luar do Sertão”. Esses dois poetas simbolizam o quanto a cultura nordestina está enraizada na terra, na natureza, e nas experiências cotidianas de seu povo.
A contribuição nordestina na construção de São Paulo e Brasília
A migração nordestina para o Sudeste, especialmente para São Paulo, tem raízes na busca por melhores condições de vida. Na metade do século XX, milhares de nordestinos deixaram suas terras em direção ao “Sul Maravilha”, fugindo da seca e da falta de oportunidades no sertão. São Paulo, com seu crescimento industrial e econômico, tornou-se um dos destinos preferidos, e os nordestinos, com sua disposição para o trabalho duro, foram fundamentais para a construção da cidade que conhecemos hoje.
São Paulo é uma metrópole construída em grande parte pelo suor de trabalhadores nordestinos. Eles não só ocuparam os canteiros de obras e as fábricas, mas também trouxeram suas tradições, ajudando a moldar a identidade cultural da cidade. Em bairros como o Brás e a Mooca, o forró e o baião passaram a fazer parte da paisagem urbana, e a gastronomia nordestina, com pratos como o baião de dois e a carne de sol, ganhou espaço entre os paulistanos.
No entanto, a influência nordestina não se limitou a São Paulo. Quando a capital federal, Brasília, começou a ser construída em 1956, trabalhadores de todo o país foram chamados para levantar a nova cidade no meio do cerrado. Entre esses operários, os nordestinos foram maioria. Conhecidos como “candangos”, eles enfrentaram duras condições de trabalho, mas foram fundamentais para erguer o que hoje é o centro político do país. Brasília é, em muitos aspectos, um monumento à resistência e à força de trabalho do povo nordestino.
A força econômica da região Nordeste
A economia da região é a terceira maior do país, atrás da Região Sudeste e Sul, baseada em diversas atividades, como a agricultura e a pecuária, com grande produção bovinocultura e ovinocaprinocultura, cana-de-açúcar, cacau, algodão, castanha de caju, frutas tropicais, soja, milho, feijão, mandioca, laranja, café e uva. O turismo é a principal atividade econômica da região.
Na indústria e comércio, o Ceará exporta principalmente produtos siderúrgicos, enquanto Pernambuco exporta óleo combustível e automóveis. No extrativismo vegetal e mineral, a Zona da Mata, região litorânea e mais desenvolvida da região, produz petróleo no Recôncavo Baiano. O Recife é a cidade com o maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Nordeste. No primeiro trimestre de 2024, a economia nordestina cresceu 3,2%, superando o índice nacional de 1% de crescimento. O crescimento foi impulsionado pela redução do desemprego, que elevou o nível de rendimento médio real e influenciou o consumo das famílias.
Reconhecimento e homenagem
O Dia do Nordestino, instituído pela Câmara Municipal de São Paulo em 2009, é uma forma de reconhecer a importância do povo nordestino, representado por dois de seus artistas, Patativa do Assaré e Catulo da Paixão Cearense. Mas a data também simboliza um reconhecimento mais amplo: o de um povo que, com sua cultura rica e sua capacidade de trabalho, tem um papel fundamental na construção do Brasil moderno. Patativa do Assaré e Catulo da Paixão Cearense são figuras que transcendem o campo da arte e se transformam em emblemas dessa força. Seus versos ecoam as vozes de um povo que, com sua sabedoria popular e seu espírito de resistência, continua a inspirar o Brasil. O nordestino não só constrói com as mãos, mas também com o coração, levando consigo a poesia, a música e as histórias que fazem do Brasil um país de diversidade e beleza incomparáveis.