A confirmação do primeiro foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial de frango no município de Montenegro (RS) acendeu um sinal de alerta em todo o setor avícola brasileiro. O episódio, acompanhado de perto pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), representa um marco preocupante para o país, que até então se mantinha livre de surtos da doença em unidades de produção comercial. O volume total das exportações de frango do Brasil em 2024 foi de 5,2 milhões de toneladas, com receita de US$ 9,9 bilhões. O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, representando cerca de 35% do comércio global. As exportações brasileiras são dirigidas a 151 países. Embora o foco atual esteja restrito ao Rio Grande do Sul — o terceiro maior produtor de frango do país —, as consequências já são significativas. Diversos países, como Japão, União Europeia, Coreia do Sul e China, impuseram restrições às importações de carne de frango brasileira. Em particular, a União Europeia suspendeu completamente a certificação sanitária para qualquer carne de frango vinda do Brasil, proibindo sua entrada em território europeu
A influenza aviária, também conhecida como gripe aviária, é uma doença viral altamente contagiosa que afeta principalmente aves domésticas e silvestres. Causada por diferentes subtipos do vírus da influenza tipo A, essa enfermidade pode provocar surtos de grande impacto sanitário, econômico e comercial, especialmente quando acomete granjas comerciais.

O volume total das exportações de frango do Brasil em 2024 foi de 5,2 milhões de toneladas, com receita de US$ 9,9 bilhões
Ainda que o impacto imediato esteja concentrado em regiões específicas, as autoridades e analistas alertam para os riscos de uma possível disseminação do vírus. Um surto mais amplo poderia resultar em perdas comerciais ainda mais expressivas e comprometer a confiança internacional na sanidade da produção avícola nacional. Diante desse cenário, é essencial destacar que a prevenção da influenza aviária é uma responsabilidade coletiva. Todos os elos da cadeia de produção — desde pequenos produtores até grandes frigoríficos, passando por transportadores, técnicos e autoridades sanitárias — desempenham um papel crucial na vigilância e controle da doença.
Medidas como a adoção de boas práticas de biosseguridade nas granjas, o monitoramento constante das aves, a notificação imediata de casos suspeitos às autoridades competentes e a restrição do contato com aves silvestres são fundamentais para conter a disseminação do vírus. Além disso, é imprescindível que os produtores e trabalhadores do setor estejam bem informados sobre os sintomas da doença nas aves — como apatia, queda na produção de ovos, alterações respiratórias e alta mortalidade — e saibam como proceder em caso de suspeita.

A prevenção da influenza aviária é responsabilidade de todos os elos da cadeia de produção — desde pequenos produtores até grandes frigoríficos, passando por transportadores, técnicos e autoridades sanitárias
A ocorrência da influenza aviária em aves de produção comercial pode ter efeitos devastadores não apenas para a economia, mas também para a segurança alimentar e o sustento de milhares de famílias que dependem da avicultura. A rápida resposta das autoridades brasileiras e a colaboração entre os setores público e privado são fundamentais para mitigar os danos e restabelecer a confiança dos mercados internacionais. O Brasil, como maior exportador mundial de carne de frango, tem um papel estratégico no abastecimento global de proteína animal. Por isso, manter a sanidade avícola não é apenas uma questão de saúde animal, mas também de responsabilidade econômica, social e global.