Diretoria de Relações Institucionais e Parlamentares

Neri Geller deixou o cargo de secretário de Política Agrícola em meio às polêmicas envolvendo o leilão de arroz e acusações de favorecimento de ex-assessores no processo. A saída de Geller foi anunciada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, no dia 12 de junho. Em uma audiência pública realizada hoje (18) pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados , Geller expressou sua frustração com a demissão, alegando que não havia justificativa para sua saída e que poderia ter sido afastado temporariamente para esclarecer todas as questões pendentes.

Durante a audiência, Geller reiterou que sempre garantiu que não haveria desabastecimento de arroz no país . Ele destacou que a decisão de realizar o leilão foi tomada no gabinete do ministro da Agricultura e na Casa Civil, e que ele havia sido contrário a essa decisão, preferindo a redução da Tarifa Externa Comum (TEC) para estimular a entrada de arroz do Mercosul.

A polêmica aumentou quando entidades agrícolas e membros da oposição sugeriram um suposto favorecimento da corretora do ex-assessor de Geller, Robson de Almeida França, que também é sócio de seu filho, no leilão. Geller declarou estar à disposição das investigações e reforçou seu compromisso com a transparência e a regularidade dos processos enquanto esteve no cargo. Ele esclareceu que os recursos para a compra de arroz provinham da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e não do orçamento do Ministério da Agricultura, destacando o rigor do compliance da Conab.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion, questionou a necessidade de importação de arroz, apontando que a própria Conab indicava que havia estoque suficiente no país. Durante a audiência, Lupion mencionou que a preocupação com o preço do arroz começou em janeiro (quatro meses antes das enchentes) e que havia uma projeção de supersafra no Rio Grande do Sul. Ele criticou a decisão do governo de importar grandes quantidades de arroz, sugerindo que a medida foi injustificada e poderia resultar em uma crise de preços .

Por fim, o economista da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Antonio da Luz, reforçou que a decisão de importar arroz foi baseada em premissas equivocadas. Ele afirmou que os estoques de arroz seriam mais que suficientes para atender à demanda, e que a importação poderia desestabilizar os preços , desincentivando a produção e a industrialização futuras. Da Luz criticou o uso das enchentes no Rio Grande do Sul como justificativa para a compra, classificando-o como injusto e sem sentido prático. Ele apontou que o valor destinado para a importação poderia ser melhor utilizado em linhas de crédito para o setor agrícola .

Assessoria Parlamentar – CONAFER

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