Reconhecimento da ONU é uma vitória da agricultura familiar em todo o planeta
da Redação
Objetivo da Organização das Nações Unidas é aumentar a consciência sobre impacto positivo dos alimentos naturais na nutrição humana, na saúde e na segurança alimentar
A ONU definiu 2021 como o Ano Internacional das Frutas e Vegetais. A finalidade da iniciativa é “aumentar a conscientização sobre a importância da produção e do consumo desses alimentos para a segurança alimentar e a nutrição humana; promover dietas diversificadas, equilibradas e saudáveis; reduzir a perda e o desperdício de alimentos e alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável” da Agenda 2030 – plano de ação global para transformar o mundo em um lugar melhor até 2030.
Esta é uma grande oportunidade para reforçar a importância das frutas, verduras e legumes na proteção à saúde do corpo, por meio de suas fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes. E também para pensar em novas formas de oferecer uma entrega mais eficiente dos produtos ao consumidor, aproveitando o aumento do e-commerce no setor, buscando sempre soluções com sustentabilidade e cuidados com o meio ambiente.
Neste quesito, aliás, temos muito o que aprender com a China, principalmente sobre como lidar com os desafios sanitários, econômicos e agroalimentares decorrentes da crise mundial causada pela pandemia do novo coronavírus. Demandas relacionadas à agricultura e à alimentação ganham ainda mais relevância nessa conjuntura incomum.
No caso da China, os mercados públicos foram fechados para desinfecção e, depois, reabertos. A inflação dos alimentos comercializados diretamente aos consumidores subiu de 0,7% em fevereiro de 2019 no país para 21,9% em fevereiro de 2020. A elevação do desemprego e a diminuição do poder de compra contraiu o consumo e alterou os hábitos alimentares urbanos, reduzindo as visitas aos supermercados e aumentando as entregas via aplicativos de e-commerce.
Para amenizar as perdas, o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais chinês promoveu uma série de políticas para apoiar o trabalho dos pequenos agricultores, como: elaborar planos de emergência regionais, utilizando tecnologias de informação para coordenar o abastecimento e a distribuição, com o apoio de empresas e cooperativas rurais; priorizar as aquisições públicas de alimentos dos agricultores pobres para escolas, hospitais, empresas e outras instituições; desbloquear e facilitar a logística de transporte, comunicação e estoques para assegurar o funcionamento de canais de vendas que vão de feiras a supermercados, mas também com fortalecimento do e-commerce; entre outras ações.
Um exemplo dos benefícios do e-commerce para a agricultura familiar é a plataforma chinesa Pinduoduo, que vende frutas e legumes – ela saltou de 25,7 bilhões de dólares em negócios, em 2019, para 42 bilhões, em 2020. O objetivo do Pinduoduo é conectar o produtor rural diretamente com o consumidor, diminuindo custos com embalagens e transportes e o desperdício de alimentos – o que gera economia para o produtor e para o consumidor. A empresa mantém também parcerias com governos locais, universidades e institutos de pesquisas, trabalhando para melhoria da produtividade agrícola.
Essas experiências da China ensinam várias lições para o Brasil, dentre as quais destacamos: a importância de políticas de governo como o Pronaf, PAA, PNAE, entre outras; a relevância do trabalho cooperativo para otimizar as plantações agrofamiliares; e a centralidade do e-commerce, cujos investimentos resultam em crescimento do agronegócio familiar.
Recomendação para quantidades diárias de frutas e verduras
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a FAO, e a Organização Mundial da Saúde, a OMS, recomendam que cada adulto consuma diariamente pelo menos 400 gramas de frutas, verduras e legumes.
Segundo pesquisas realizadas pela Harvard Medical School e pelo Hospital Brigham and Women’s, em Boston, nos Estados Unidos, duas porções de frutas e três de vegetais por dia podem diminuir risco de óbito por doenças cardiovasculares, câncer e doenças respiratórias.
Produção e mercado hortifrutigranjeiro no Brasil
A produção agrofamiliar é responsável por dois terços da produção de frutas, verduras e legumes da horticultura em todo o país; o segmento representa 67% dos 15 milhões de produtores rurais brasileiros
Ocupando a terceira posição em maior produção mundial de frutas, o Brasil produz aproximadamente 45 milhões de toneladas ao ano, 65% das quais destinadas a consumidores internos e 35% para o mercado externo.
Na outra ponta, temos uma produção de hortaliças que é altamente diversificada e segmentada, com destaque para seis espécies: batata, tomate, melancia, alface, cebola e cenoura.
O crescimento de consumidores que buscam uma alimentação mais saudável e natural tem encontrado na agricultura familiar a diversidade e a qualidade de produtos para sua dieta. Nos cultivos de morango e pepino, por exemplo, os agricultores familiares produzem 80% da cultura. Alface, batata-doce, pimentão e couve, mais de 60%. Nas lavouras de ciclo longo, seguem liderando o cultivo da uva e do maracujá. Nas temporárias, a mandioca e o abacaxi.
O plantio de frutas e hortaliças tem sido uma opção cada vez mais lucrativa para pequenos agricultores. Isso porque, nas culturas mencionadas, não é necessário uma grande produção para a geração de lucros. Sem contar que o investimento nesse mercado permite que, além da venda direta da fruta, produtos secundários sejam produzidos, como polpas, geléias, conservas etc.
Muitos agricultores familiares têm investido na produção de polpa a partir das frutas colhidas, pois apenas uma fruta rende em média três polpas. Uma ótima relação custo-benefício.
A produção de hortaliças além da diversificação em nosso país, tem uma garantia maior de comercialização e consumo em diferentes regiões, com destaque para o alface, a batata, a cebola, a cenoura e o tomate. Geram muita renda as hortaliças orgânicas, que ganham cada vez mais espaço na mesa dos brasileiros, pois agregam muito valor na hora da venda.
A multivariedade de culturas plantadas proporciona mais segurança aos agricultores, pois garante oportunidades durante todo o ano e oferece a possibilidade de conquista de novos consumidores, seja na venda direta ou negociando com mercados locais e feiras.
O Brasil possui uma produção de frutas com destaque no mundo: banana, uva, maracujá, melancia, laranja, mamão, limão, goiaba, jabuticaba, entre muitas outras. O abacaxi também está em alta. Apesar de não ser de cultivo tão fácil, gera um grande retorno após a colheita.
Um dos fatores mais importantes da variação na produção de frutas e hortaliças é a possibilidade de colheita de uma variedade em caso de problemas com outra, além do cultivo de produtos que permitem colheitas rápidas.
A CONAFER, como importante representante do segmento familiar, destaca o Ano Internacional de Frutas e Legumes como oportunidade para fortalecer o consumo de alimentos naturais e a dieta saudável, a partir da inclusão de frutas, verduras e legumes em todas as refeições. Contribuindo assim para cumprir os objetivos da Agenda 2030 da ONU, a qual tem o apoio desta Confederação em todas as suas ações.