FONTE: Correio do Povo
Para alimentar o mundo e, ao mesmo tempo, salvar o planeta em tempos de aquecimento global, a ONU encoraja, a partir de agora, a agroecologia, um giro histórico após décadas de “revolução verde” baseada na agricultura intensiva para lutar contra a fome no mundo.
“Precisamos promover sistemas alimentares duráveis (…) e preservar o meio ambiente: a agroecologia pode ajudar a chegar lá”, declarou, nesta terça, o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, na abertura do segundo simpósio internacional sobre agroecologia em Roma.
“O sistema de produção alimentar baseado nos sistemas agrícolas utilizando muitos inputs e recursos teve um preço alto para o meio ambiente. O resultado foi que os solos, as florestas, a água, a qualidade do ar e a biodiversidade continuam a se degradar, enquanto o aumento da produção a qualquer preço não erradicou a fome”, alegou.
A agroecologia vira as costas para o produtivismo estimulado pela agroquímica e pela mecanização agrícola desde o fim da Segunda Guerra Mundial, apelando para o conhecimento dos agricultores locais e dos cientistas, assim como para um melhor cuidado do solo para que ele seja mais fértil e armazene mais carbono, para uma biodiversidade de espécies plantadas e para uma redução da dependência em relação aos adubos sintéticos.
“Temos de nos livrar do sistema de monocultura, que dominou o último século”, afirmou o presidente do Fonds International de Développement Agricole (Fida), Gilbert Houngb, outra agência da ONU encarregada de apoiar a agricultura nos países em desenvolvimento.
O convidado de honra do encontro, o ex-ministro socialista francês da Agricultura Stephane Le Foll, convocou uma “revolução duplamente verde, que se apoie na natureza”. “A FAO foi o lugar da primeira revolução verde. Ela deve ser lugar de uma revolução duplamente verde”, convidou.
O simpósio, que reuniu centenas de delegados do mundo todo, deve terminar nesta quinta-feira com uma “declaração final” que será enviada para análise do Comitê da Agricultura da ONU em setembro, afirmou Graziano da Silva.