da Redação
Enquanto o mundo se prepara para discutir na Cúpula dos Sistemas Alimentares (Food Systems Summit, ou FSS), em setembro de 2021, durante a semana de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas, a pauta com medidas globais para reduzir o metano dos rebanhos bovinos, e responsáveis por 38% do aquecimento do planeta pelo efeito estufa, a CONAFER tem levado por todo o território brasileiro, o +Pecuária Brasil, um programa com a tecnologia IATF (Inseminação Artificial a Tempo Fixo) que trabalha pelo melhoramento genético e sustentabilidade do sistema produtivo, simultaneamente, protegendo todo o meio ambiente. Na pré-Cúpula, em Roma, entre os dias 26 e 28 de julho, os ministros da Agricultura do Brasil, Paraguai e Argentina vão defender posições comuns sobre sistemas alimentares, em especial para diminuir os danos da pecuária extensiva. Pesquisadores e todo o mercado pecuarista têm procurado o ovo de Colombo para diminuir os gases liberados pela bovinocultura. Existem estudos sobre o capim-limão que indicam sua eficácia ao agir no sistema digestivo dos animais, diminuindo em 30% a emissão de gases; outra pesquisa já publicada no meio científico, revela que algas marinhas podem reduzir até 82% as emissões de metano
A contribuição do +Pecuária Brasil nas práticas sustentáveis
Existem mais de 1,4 bilhão de cabeças de gado no mundo, que juntas são responsáveis por 65% de todos os gases de efeito estufa da agropecuária. Os esforços para reduzir as emissões de metano das vacas vão desde vacinas até alimentá-las com algas. Por isso, o +Pecuária Brasil é uma porta de entrada para uma série de ações e protocolos capazes de melhorar os resultados produtivos, econômicos e de sustentabilidade nas propriedades dos pequenos produtores rurais.
O programa é um grande salto de qualidade no segmento agropecuarista, que ao melhorar a qualidade genética dos rebanhos , evidencia-se também como a melhor ferramenta para responder à demanda por sustentabilidade ambiental. Em relação ao desempenho, é possível ter o dobro de produção em metade das terras ocupadas hoje pela bovinocultura. A preparação do gado para receber a inseminação é acompanhada de uma preparação nutricional, que além de aumentar o peso e suas condições de saúde, precisa ser adaptada às novas condições de uma tecnologia 100% sustentável.
Capim-limão e dieta com grãos: soluções científicas reduzem as emissões de metano dos bovinos
A rede de fast-food Burger King, por exemplo, anunciou uma mudança na alimentação de vacas e bois em confinamento, e vai introduzir o capim-limão na dieta do gado confinado, com o objetivo de reduzir em 33% as emissões diárias de metano e o impacto ambiental deste sistema de criação. A iniciativa teve início nos Estados Unidos e no México. No Brasil, o Burger King se uniu à JBS, e passará a adicionar a planta na dieta de mais de 95 vacas e bois criados em confinamento para observar os resultados localmente.
Pecuaristas brasileiros têm investido em dietas ricas em grãos e alimentos não fibrosos para bovinos de corte. A pesquisa agropecuária comprova que essa prática, já solidificada nos confinamentos norte-americanos, além de diminuir os gases de efeito estufa (GEEs), traz economia significativa para o produtor. Um dos motivos disso é a melhor conversão alimentar dos animais que recebem a dieta de alto concentrado em comparação aos bovinos alimentados com maior porcentagem de volumoso. Em um rebanho com mil cabeças de gado confinado, o pecuarista pode economizar cerca de R$ 400 mil.
Algas marinhas podem reduzir até 82% as emissões de metano
Um estudo da Universidade da Califórnia publicado na revista científica PLOS ONE, colheu provas sólidas de que as algas marinhas na dieta do gado são eficazes na redução dos gases com efeito de estufa e que a sua eficácia não diminui com o tempo.
Durante cinco meses, os dois pesquisadores adicionaram pequenas quantidades de algas marinhas da espécie ‘Asparagopsis taxiformis’ à dieta de 21 bovinos e constataram que os animais que consumiram doses de cerca de 80 gramas de algas ganharam tanto peso como os restantes elementos da manada, mas expeliram para a atmosfera menos 82% de gás metano, produzido como subproduto da digestão de matéria vegetal.
As algas marinhas inibem uma enzima do sistema digestivo da vaca que contribui para a produção daquele gás. Os resultados de um painel de teste de sabor não revelaram diferenças no sabor da carne de novilhos alimentados com algas em comparação com um grupo de controle, tal como já havia acontecido com o sabor do leite em estudo anterior, direcionado para as vacas leiteiras. As conclusões do estudo publicado ajudam os agricultores a produzir de forma sustentável a carne bovina e os laticínios necessários à alimentação diária de bilhões de pessoas.
Vantagens financeiras para setores que se comprometem com o meio ambiente
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai reduzir os juros de suas linhas de financiamento para setores que assumirem compromissos de redução de perda de carbono. O banco quer estimular o processo de transição das empresas para a economia de baixo carbono .
Os juros, formados pela TLP ou por referenciais de custo de mercado, mais uma resposta básica do BNDES de 1,5% ao ano, e uma taxa de risco de crédito, pode ser reduzidos em até 0,4 ponto percentual caso o cliente comprove, após o período de carência, será alcançado como metas de redução de emissão de CO2 definidas pelo programa.
O BNDES quer fomentar a criação de um mercado de carbono dentro da carteira de crédito do banco. Setores que retiram carbono do meio ambiente podem negociar créditos de carbono com empresas mais poluentes.
O programa +Pecuária Brasil estimula a sustentabilidade do segmento agropecuário
Em parceria com a líder mundial na tecnologia de inseminação artificial, a ALTA GENETICS, a CONAFER criou o programa + Pecuária Brasil para o desenvolvimento dos rebanhos bovinos de corte e leite, ajudando no crescimento socioeconômico dos agropecuaristas agrofamiliares brasileiros.
O programa tem a duração de 4 anos para ocorrer o efetivo melhoramento genético. Neste período, a CONAFER fará a doação de 3 mil doses de sêmens anuais a cada estado brasileiro, 12 mil doses durante os próximos 4 anos, atingindo milhares de agropecuaristas familiares de todo o território nacional.
Para desenvolver o +Pecuária Brasil nos estados, os corpos técnicos da CONAFER e da ALTA GENETICS darão o treinamento de nivelamento dos técnicos das secretarias de forma presencial. Às secretarias caberá a definição de um corpo técnico para elaborar o plano de trabalho e implantar o +Pecuária Brasil por meio da seleção dos pecuaristas que tenham propriedades em boas condições sanitárias e nutricionais do rebanho.