da Redação
O setor agrofamiliar é estratégico para a manutenção e recuperação do emprego, para a redistribuição da renda e para a garantia da soberania alimentar da nação. No Brasil, ele responde por 70% da alimentação das famílias, formando uma cadeia produtiva que envolve 77% dos estabelecimentos rurais, ou seja, 3,9 milhões de propriedades agrofamiliares, porém ocupando apenas 23% da área produtiva do país. Por isso, é tão importante desenvolver um projeto nacional de agrobiodiversidade. A diversificação de culturas eleva a quantidade de alimentos produzidos, oferecendo melhor retorno ao produtor, que não precisa depender de apenas uma cultura para a obtenção de sua renda. Exemplo de diversidade produtiva, a COOPGINGER, filiada à CONAFER, é formada por 30 famílias de agricultores familiares cooperadas dos municípios de Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá e Domingos Martins, no Espírito Santo, destacando-se na produção do gengibre (ginger, em inglês), sendo a região a maior produtora e exportadora brasileira da raiz. Preocupada em não depender da monocultura, a cooperativa produz e comercializa 16 culturas diferentes
Considerando-se que a prática agrícola não depende apenas da terra para assegurar a colheita, e que a ação climática tem um impacto significativo sobre a produção, podendo fragilizá-la a qualquer momento, é importante variar os ciclos de produção de forma sustentável. Depender de apenas um produto pode acabar sendo fonte de incertezas e insegurança, implicando em prejuízos ao pequeno produtor rural e ao meio ambiente, como no esgotamento do solo.
Quando os agricultores familiares trabalham em um sistema de monocultura, o risco de perda total da produção, por fatores como as intempéries da natureza, pragas ou doenças da plantação, acaba sendo muito maior, o que gera inseguranças e incertezas sobre a renda dessas famílias. A diversificação das culturas não apenas diminui o risco de ocorrência destes prejuízos, como também proporciona o aumento da produção de alimentos, contribuindo para a proteção do solo e o controle das plantas invasoras.
Incentivar a diversificação das culturas, para além dos benefícios financeiros, traz ganhos significativos ao meio ambiente, já que plantar uma única cultura de forma sucessiva pode potencializar o desenvolvimento de pragas e doenças. A agrobiodiversidade deve ser incentivada como crucial para uma agricultura mais sustentável, capaz de contribuir com maior equilíbrio sanitário para a produção, atuando desde a descompactação do solo, ao aumento da sua fertilidade e regeneração de sua cobertura vegetal.
A forma ideal para que o pequeno produtor consiga implementar a agrobiodiversidade em sua propriedade é adequando as culturas de modo que elas possam se complementar, fechando o ciclo de produção. Um bom exemplo sobre como isso pode ser feito são os plantios em consórcio de pinha, goiaba, realizados junto a criação de galinhas, que permitem a utilização do esterco destas aves como adubo orgânico nas lavouras ou hortas, melhorando a qualidade do solo de plantio e completando as etapas de sustentabilidade na produção agrofamiliar.
Na agrobiodiversidade há a possibilidade ainda de o produtor conciliar o trabalho entre culturas perenes, a exemplo do café, abacate, mexerica, madeira e pimenta-do-reino, e culturas anuais, como milho, feijão, melancia, abóbora, desde que o manejo dessas culturas seja feito por meio de orientação técnica, para que os arranjos produtivos sirvam como complementação um do outro e possam gerar economia em sua produção. Para isso, é fundamental que este processo seja acompanhado por uma Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) de qualidade, a fim de orientar os produtores a respeito dos tipos de pragas e doenças que possam surgir nas plantações.
COOPGINGER é exemplo de sucesso na agrobiodiversidade
A diversificação de culturas é muito bem-sucedida quando feita de forma cooperada, como faz a associada à CONAFER, a COOPGINGER, que além do carro-chefe, o gengibre, fomenta as culturas de repolho, cenoura, milho verde, cará, açafrão, beterraba, inhame, couve, berinjela, batata doce, mexerica, pepino, banana nanica, rabanete e aipim.
A opção por misturar culturas com períodos de safra diferentes e alternados pode ser a chave de sucesso para cooperativas e associações superarem desafios econômicos. Como explica Aline Simmer Aguiar Plaster, vice-presidente da COOPGINGER, “a diversificação nas lavouras nos auxilia a manter estável tanto a produtividade quanto a renda dos produtores, pois algumas delas nós conseguimos plantar e colher em um intervalo mais curto de tempo, ao passo que outras demandam um período maior do ciclo de produção até a colheita”.
“A rotação de culturas contribui também para o descanso do solo, como por exemplo o milho que nos permite fazer um balanceamento da terra para que uma outra cultura seja plantada no lugar, e isto faz muita diferença para a gente, pois ajuda na constância da produção de alimentos”, explica Aline Plaster. “A diversidade dos itens produzidos pela cooperativa serve também à subsistência dos cooperados, que além de reduzir as despesas despendidas no consumo de alimentos industrializados, têm ao seu alcance produtos naturais em uma maior variedade para o consumo das famílias”, completa a vice-presidente.
Essas outras maneiras de diversificação das lavouras possibilitam ao produtor ampliar as fontes de renda da família de forma segura, gerando mais segurança para cumprir compromissos assumidos junto a entidades financeiras para contratações de operações de crédito destinadas a operações de investimento e custeio em suas produções. A constância na produtividade gera renda permanente, transformando-se em um dos grandes benefícios proporcionados pela agrobiodiversidade, contribuindo muito na obtenção do crédito para o financiamento de novos investimentos em custeio e produção.
Mais informações sobre a COOPGINGER podem ser obtidas pelo WhatsApp e telefone: (27) 99911-6502.