FONTE: G1
A avaliação que mostrou que 70% dos alunos do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática também revelou que há disparidades quando comparadas as proficiências das redes pública x privada, das escolas rurais x urbanas e ainda segundo o perfil socioeconômico dos alunos. Antes delas, a primeira diferença é a realidade de 15 estados, grupo que apresentou piora no desempenho em alguma das provas aplicadas pelo Sistema de Avaliação da Educação Brasileira (Saeb), do Ministério da Educação (MEC).
Pela primeira vez o Ministério da Educação definiu uma escala de proficiência a partir das notas. As pontuações representam níveis que revelam se a aprendizagem dos alunos está em um estágio inadequado, básico ou adequado. No 3º ano do ensino médio em matemática, por exemplo, pontuações entre 225 e 300 estão no nível inadequado de aprendizagem. O básico representa desempenho entre 300 e 375 pontos. Para atingir o que é considerado adequado é necessário ter entre 375 e 400 pontos.
Durante a apresentação dos dados na quinta-feira (30), o ministro da Educação, Rossieli Soares, disse que não é possível apontar uma única condição que influencia a aprendizagem e justifica a desigualdade. “Então, este é um desafio, porque a gente precisa garantir a esses alunos a mesma aprendizagem, a mesma qualidade”, disse.
Veja alguns destaques:
- Mais da metade das unidades federativas apresentou piora de performance em pelo menos uma das avaliações aplicadas, na comparação com levantamentos anteriores. Esses estados estão espalhados por todas as regiões do Brasil, mas se concentram mais no Nordeste e no Norte. São eles AM, AP, BA, DF, MA, MS, MT, PA, PB, PE, RJ, RN, RR, SC e SP.
- No Amazonas estão as maiores diferenças de desempenho entre alunos da zona rural e da zona urbana. Isso significa que um aluno que estude em uma região urbana, no Amazonas, aprende muito mais que aquele que, apesar de estar no mesmo estado, encontra-se no campo — uma média de 35 pontos de diferença.
- Considerando o desempenho dos alunos do ensino médio, o estado do Piauí é o que tem a maior desigualdade de desempenho entre alunos de escolas públicas (estaduais e municipais) e privadas: uma média de 80 pontos.
- O estado de Goiás é o único que apresentou melhora em todas as provas realizadas em relação a 2015, e teve desempenho acima da média também em todas as avaliações. É também o estado com a menor variação de performance entre alunos das redes pública e privada: média de 40 pontos.
- O estado do Ceará também é listado como um dos menos desiguais quando comparados os desempenhos de alunos de escolas públicas e privadas e dos mais ricos com os mais pobres.
5º ano – ensino fundamental
ESCOLAS PÚBLICAS (ESTADUAIS/MUNICIPAIS) E PRIVADAS
No Brasil, na prova de português, a média obtida pelas escolas públicas foi de 209,13 pontos e, nas particulares, 241,62 – uma diferença de 32,49 pontos. Já na de matemática, a disparidade é ainda maior: de 33,29 pontos (as públicas alcançaram média de 218,56 pontos e as privadas, 251,82).
Embora as médias das escolas particulares em português no 5º ano do ensino fundamental sejam mais altas se comparadas às do ensino público, elas também não atingem o nível de proficiência considerado adequado, segundo a escala definida pelo MEC.
Nesta etapa, para que o aprendizado seja considerado adequado em português, os alunos precisariam ter desempenho de pelo menos 275 pontos. Nenhum estado atingiu este indicador.
Em português, o Amapá, na região norte, com 55,08 pontos (públicas com 180,95 e particulares com 236,03). Em matemática, a maior diferença também foi no estado do Amapá: 51,59 pontos(estaduais/municipais com 188,1 pontos, e as pagas apresentaram desempenho médio de 239,69).
5º ano – média de pontos em português
ESTADOS | Públicas | Privadas | Diferença |
Amapá | 180,95 | 236,03 | 55,08 |
Sergipe | 181,85 | 231,39 | 49,54 |
Maranhão | 177,97 | 226,84 | 48,87 |
Rio Grande do Norte | 184,84 | 233,07 | 48,23 |
Pará | 184,23 | 231,48 | 47,25 |
Tocantins | 200,66 | 247,14 | 46,48 |
Paraíba | 189,07 | 233,7 | 44,63 |
Piauí | 193,92 | 237,13 | 43,21 |
Espírito Santo | 214,09 | 257,06 | 42,97 |
Roraima | 198,97 | 241,41 | 42,44 |
Amazonas | 199,1 | 240,42 | 41,32 |
Mato Grosso | 205,59 | 246,18 | 40,59 |
Minas Gerais | 223 | 263,54 | 40,54 |
Bahia | 190,52 | 230,92 | 40,4 |
Alagoas | 189,26 | 228,73 | 39,47 |
Mato Grosso do Sul | 212,14 | 248,51 | 36,37 |
Rio Grande do Sul | 213,19 | 249,5 | 36,31 |
Acre | 214,12 | 249,31 | 35,19 |
Pernambuco | 192,66 | 226,91 | 34,25 |
Rondônia | 209,95 | 242,93 | 32,98 |
Santa Catarina | 224,87 | 256,73 | 31,86 |
Rio de Janeiro | 209,4 | 237,78 | 28,38 |
Distrito Federal | 220,24 | 246,95 | 26,71 |
São Paulo | 225,75 | 249,94 | 24,19 |
Goiás | 215,93 | 239,02 | 23,09 |
Paraná | 225,62 | 246,47 | 20,85 |
Ceará | 217,9 | 231,22 | 13,32 |
Brasil | 209,13 | 241,62 | 32,49 |
ZONA URBANA E ZONA RURAL
Em nível nacional, na prova de português, há uma diferença média de 30,42 pontos no desempenho médio de estudantes de áreas urbanas (217,96) e rurais (187,54). E, em matemática, a disparidade é um pouco menor, de 28,69 pontos (227,33 de urbanas e 198,64 de rurais).
Nos estados:
- Em português, a maior diferença de resultado entre quem mora na zona urbana e na zona rural foi registrada no estado do Amazonas, no norte do Brasil: 41,62 pontos. Na cidade, média de 208,5 pontos e, no campo, 166,88.
- Em matemática, Amazonas, no norte do país, também é o estado com a maior disparidade, com 37,86 pontos. No meio urbano, desempenho médio de 217,06 e, no meio rural, 179,2.
MAIS RICOS E MAIS POBRES
No Brasil como um todo, na prova de português, os estudantes das regiões mais ricas apresentaram desempenho médio 55 pontos maior do que os que residem nas localidades mais pobres (183 pontos dos mais humildes e 238 dos mais abastados). A diferença de 55 pontos também é vista em matemática. Só que, nesta disciplina, quem participou da prova teve desempenho melhor (ricos com 249 pontos e, os mais pobres, com 194).
Nos estados:
- Em português, Amazonas foi o estado que apresentou a maior desigualdade, com 59 pontos. Os mais ricos tiveram desempenho médio de 228 pontos, e os mais pobres, de 169.
- Roraima, também na região norte, é o estado com maior diferença de desempenho na prova de matemática: 54 pontos. Mais ricos com média de 245 pontos, e os mais pobres, 191 pontos.
9º ano – ensino fundamental
ESCOLAS PÚBLICAS (ESTADUAIS/MUNICIPAIS) E PRIVADAS
No Brasil, na prova de português, os alunos das escolas públicas apresentaram desempenho de 251,58 pontos; já os das particulares alcançaram média de 293,81 — uma diferença de 42,23 pontos. Em matemática, a disparidade é mais acentuada ainda: de 52,54 pontos. Quem frequenta escolas pagas teve média de desempenho de 302,47 pontos e quem é de escolas municipais e estaduais apresentou média de 249,93.
Nos estados:
- Amapá é o estado com a maior desigualdade no desempenho entre alunos de escolas públicas e privadas na prova de português: 54,34 pontos. Nas escolas municipais e estaduais, média de desempenho de 230,78 pontos; nas pagas, de 285,12.
- Já na prova de matemática, a maior desigualdade de desempenho foi registrada em Minas Gerais, único estado do sudeste que aparece nestes ‘rankings’: 68,56 pontos. Nas escolas públicas, desempenho médio de 257,41 e, nas privadas, de 325,97 pontos.
Em nível nacional, a diferença de desempenho na prova de portuguêsentre quem é do perímetro urbano e quem mora em área rural é de 24,8 pontos (nota média de 235,93 pontos no campo e de 260,73 nas cidades). Na prova de matemática, disparidade semelhante, de 24,94 pontos(rural com 235,82 e urbano com 260,76).
Nos estados:
- Em português, a maior desigualdade foi registrada no estado do Amazonas, norte do país, com 36,94 pontos. No meio urbano, o desempenho médio foi de 257,46 pontos e, no rural, de 220,52 pontos.
- Em matemática, o Amazonas aparece de novo como o estado com maior disparidade de desempenho entre quem é do campo e da cidade: 31,24 pontos (249,25 pontos obtidos no meio urbano, e 218,01 no meio rural).
MAIS RICOS E MAIS POBRES
Olhando para o Brasil como um todo, na prova de português, quem mora nas regiões mais ricas conseguiu apresentar desempenho 44 pontos maior na comparação com quem é das áreas mais pobres. Os mais abastados alcançaram média de 279 pontos, e os mais humildes não ultrapassaram os 235. Já em matemática, diferença ainda maior, de 50 pontos. Os mais ricos tiveram média de 284 pontos, e os mais pobres ficaram com 234.
Nos estados:
- Na prova de português, o Amazonas, na região norte, foi o estado com a maior desigualdade no desempenho: 50 pontos. Os mais ricos ficaram com 270 pontos, e os mais pobres com apenas 220.
- Em matemática, a maior diferença também foi de 50 pontos, mas foi registrada no Distrito Federal, no centro-oeste. Os mais humildes chegaram aos 247 pontos apenas, e os mais ricos alcançaram a marca dos 297.
9º ano – média de pontos (perfil socioeconômico)
ESTADOS | Ricos | Pobres | Diferença |
Distrito Federal | 297 | 247 | 50 |
São Paulo | 294 | 245 | 49 |
Rio de Janeiro | 291 | 244 | 47 |
Amazonas | 262 | 218 | 44 |
Minas Gerais | 287 | 243 | 44 |
Piauí | 274 | 230 | 44 |
Roraima | 268 | 225 | 43 |
Tocantins | 282 | 240 | 42 |
Maranhão | 247 | 209 | 38 |
Rio Grande do Sul | 290 | 253 | 37 |
Alagoas | 270 | 234 | 36 |
Rio Grande do Norte | 264 | 228 | 36 |
Espírito Santo | 291 | 256 | 35 |
Santa Catarina | 290 | 255 | 35 |
Mato Grosso | 271 | 237 | 34 |
Pará | 250 | 216 | 34 |
Amapá | 248 | 215 | 33 |
Mato Grosso do Sul | 282 | 250 | 32 |
Bahia | 256 | 225 | 31 |
Paraná | 284 | 253 | 31 |
Acre | 267 | 237 | 30 |
Paraíba | 259 | 230 | 29 |
Sergipe | 266 | 237 | 29 |
Pernambuco | 262 | 238 | 24 |
Goiás | 280 | 258 | 22 |
Rondônia | 270 | 254 | 16 |
Ceará | 269 | 255 | 14 |
Brasil | 284 | 234 | 50 |
3º ano – ensino médio
ESCOLAS PÚBLICAS (ESTADUAIS/MUNICIPAIS) E PRIVADAS
No Brasil, na prova de português, a média obtida pelas escolas públicas foi de 259,45 pontos e, nas particulares, 314,75 — uma diferença considerável de 55,3 pontos. Já na de matemática, a disparidadechama ainda mais atenção: é de 70,09 pontos (as públicas alcançaram média de 259,39 pontos, e as privadas, de 329,48).
Nos estados:
- Em português, o estado com a maior desigualdade no desempenho é o Piauí, na região nordeste, com 74,44 pontos. Os candidatos de escolas públicas apresentaram média de 246,08 pontos e os de escolas particulares ficaram com 320,52.
- Em matemática, diferença ainda mais considerável foi registrada no mesmo estado, Piauí, no nordeste: 86,79 pontos. Quem é de escolas pagas teve resultado médio de 336,32, e quem é das públicas foi avaliado, na média, com 249,53 pontos.
ZONA URBANA E ZONA RURAL
Em nível nacional, na prova de português, 23,96 pontos de diferença no desempenho de quem é do meio urbano e do meio rural. A média de quem é do campo foi de 244,49 pontos e, da cidade, de 268,45. Já olhando para matemática, a disparidade é semelhante, de 23,34 pontos (rural com 247,23 e urbano com 270,57).
Nos estados:
- Em português, Amazonas, na região norte, é, mais uma vez, o estado com a maior desigualdade: 35,54 pontos. Quem é do campo teve desempenho médio de 218,86 pontos e, no âmbito urbano, a nota obtida foi 254,4.
- Em matemática, a maior diferença foi registrada no mesmo estado, Amazonas — mas é um pouco mais tímida: 29,58 pontos. O meio rural alcançou desempenho médio de 221,31 e, no meio urbano, a nota alcançada foi 250,89.
3º ano – média de pontos em português
ESTADOS | Urbanas | Rurais | Diferença |
Amazonas | 254,4 | 218,86 | 35,54 |
Rio Grande do Norte | 253,77 | 224,42 | 29,35 |
Rio Grande do Sul | 279,24 | 251,53 | 27,71 |
Piauí | 257,94 | 230,29 | 27,65 |
Mato Grosso do Sul | 273,6 | 248,26 | 25,34 |
Maranhão | 254,07 | 229,52 | 24,55 |
Paraíba | 259,16 | 235,56 | 23,6 |
Sergipe | 266,41 | 242,86 | 23,55 |
Tocantins | 261,26 | 238,93 | 22,33 |
Roraima | 255,32 | 235,23 | 20,09 |
Amapá | 253,52 | 235,11 | 18,41 |
Minas Gerais | 275,86 | 257,73 | 18,13 |
Mato Grosso | 263,2 | 247,14 | 16,06 |
Rondônia | 268,33 | 253,88 | 14,45 |
Santa Catarina | 275,22 | 260,78 | 14,44 |
Pernambuco | 269,36 | 255,27 | 14,09 |
Paraná | 274,82 | 260,83 | 13,99 |
Bahia | 249,57 | 236,38 | 13,19 |
Rio de Janeiro | 274,48 | 261,51 | 12,97 |
Alagoas | 256,6 | 245,5 | 11,1 |
Pará | 245,23 | 235,46 | 9,77 |
Acre | 264,45 | 255,02 | 9,43 |
Ceará | 266,28 | 256,9 | 9,38 |
São Paulo | 274,06 | 266,97 | 7,09 |
Goiás | 276,26 | 270 | 6,26 |
Distrito Federal | 278,44 | 272,25 | 6,19 |
Espírito Santo | 283,72 | 281,81 | 1,91 |
Brasil | 268,45 | 244,49 | 23,96 |
MAIS RICOS E MAIS POBRES
No Brasil, na prova de português, 43 pontos separam a média obtida pelos que moram nas regiões mais ricas do país (que conseguiram 298 pontos) e os que residem nas áreas consideradas mais pobres (com 255 pontos). Na de matemática, a disparidade foi maior, de 52 pontos (mais humildes com 255 pontos e os que têm mais dinheiro conseguiram 307).
Nos estados:
- Na prova de português, diferença de 74 pontos entre o desempenho dos mais ricos (que alcançaram os 329 pontos) e dos mais pobres (que não ultrapassaram os 255). Ela foi registrada no Distrito Federal, na região centro-oeste.
- Já na de matemática, 101 pontos separam as médias obtidas pelos mais ricos (de 357 pontos) e pelos mais pobres (256). Onde foi registrada a maior desigualdade, considerando todos os estados brasileiros? Também no Distrito Federal, no centro-oeste.