Os Guardiões de Proteção Ambiental têm atuado ao lado de instituições federais, como o IBAMA no Prevfogo, no avanço das questões do Manejo Integrado do Fogo (MIF). Outro objetivo é apoiar a implementação de projetos de educação ambiental, turismo e preservação da história, como o 1º Museu do Fogo do Brasil, iniciativa da qual a CONAFER é parceira. O espaço é dedicado a contar e manter um acervo da história evolutiva das ações de prevenção e combate aos incêndios florestais no país e no mundo. Na última sexta-feira, 23 de setembro, em Cavalcante-GO, a 500 km de Goiás e 300 km de Brasília, cidade localizada ao norte da Chapada dos Veadeiros, o Museu foi aberto. Entre as 15 instituições que apoiam a iniciativa, está a Confederação com participação ativa em todo processo de estruturação. Criado a partir da união da BRIVAC, Brigada Voluntária Ambiental de Cavalcante, do Instituto S2 e da Vila Nômade, o seu acervo contempla o conhecimento dos povos tradicionais, indígenas e Kalunga, seus costumes e a convivência com o Fogo e o Cerrado, relação cultural em que se inspirou o projeto
Na cerimônia de abertura, colaboradores da CONAFER conduziram a bênção do espaço por meio de uma apresentação de Toré das etnias Xukuru de Ororubá, Xerente, Canela Apanjekrá, Guajajara, Pataxó e Tuxá. O espaço foi idealizado pelo proprietário da Vila Nômade, Renato Santos, para manter o acervo histórico das ações de prevenção e combate aos incêndios florestais.
Renato Santos afirma que o museu está em um ponto estratégico na consolidação das ações do MIF no Brasil, estabelecendo uma relação de gestão compartilhada entre técnicos, instituições e comunidades tradicionais e originárias. Segundo Renato, “esse novo empreendimento, além de potente instrumento de conscientização, deverá ainda atender demandas locais como fortalecimento do turismo, geração de emprego e um espaço de referência para brigadas de prevenção e combate’’.
O secretário Nacional de Esportes da CONAFER, Edglei Leite, ressaltou a importância das parcerias institucionais: “essas iniciativas fortalecem as conquistas para os povos tradicionais e originários, trazendo perspectivas de avanço em seus territórios”.
Da esquerda para a direita, Netinho Campos Tuxá, Raimundo Guajajara, o Assessor da Presidência da CONAFER, Júnior Xucuru e Edgley Bolivar Xerente, Secretário Nacional de Esportes da Confederação
A geografia da região onde se encontra o Museu do Fogo, é composta por grande extensão do bioma cerrado nas suas áreas de prevenção, no território quilombola e reservas particulares, sempre com histórico de grandes ações nas queimas prescritas e controladas e incêndios florestais. A região conta com brigadas do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade – ICMBIO, do Centro Nacional de Prevenção e Combate Prevfogo/IBAMA, e a Brigada Ambiental Voluntária de Cavalcante – BRIVAC.
O Diretor da BRIVAC e do Museu, Rafael Drumond, descreve que a intenção é ter um lugar de referência para ajudar a entender melhor a problemática do fogo no cerrado, buscando a melhor forma de entendimento para proteção da região. Rafael afirma que o “engajamento comunitário se faz através da inclusão social, por isso informar a população é a principal ferramenta para fortalecer a comunidade”. E reitera que “o Museu do Fogo servirá de instrumento para a comunicação integrada entre a educação e a gestão do fogo no território”.
Pertences dos homenageados Augusto Avelino e Marivaldo Santana
No espaço dedicado à visitação, o Museu conta com acervo rico em instrumentos, ferramentas e equipamentos de prevenção e combate a incêndio, além de antigos artefatos indígenas, uma sala imersiva, onde o visitante tem a sensação de estar dentro de uma ação de combate a incêndio. O acervo conta ainda com vídeos interativos onde os próprios comunitários tradicionais Kalunga narram a história do fogo e a relação tradicional do manejo.
Para Marcelo Santana, Coordenador de Gestão Ambiental da CONAFER, “o acervo busca apresentar a evolução das ações de prevenção e combate no Brasil. Ao entrar no Museu fazemos uma viagem no tempo, passando pelas diversas fases evolutivas das ferramentas, equipamentos e técnicas de prevenção e combate”.
Marivaldo e Marcelo Santana (pai e filho) recebendo a honraria do Museu do Fogo
Em um espaço dedicado a grandes nomes da temática do fogo no Brasil, duas referências foram homenageadas no Museu do Fogo. O servidor aposentado do IBAMA, Marivaldo Santos Santana, que no exercício da função atuou pelo Prevfogo nos mais diferentes cenários operacionais de prevenção e combate, tendo um papel importante no acompanhamento das brigadas federais em terras indígenas, unidades de conservação, territórios quilombolas e assentamentos. E Augusto Avelino (in memoriam), servidor do IBAMA com uma participação fundamental nas formações de brigadas em todo o Brasil, destacando-se, principalmente, em Goiás, onde foi Coordenador Estadual do Prevfogo, grande defensor das queimas prescritas e controladas, e defensor da importância das políticas do manejo integrado do fogo no país.
O vice-diretor da BRIVAC, João Ribas, também falou sobre a homenagem com emoção: “sem palavras para expressar o sentimento de gratidão por tudo que esses homens fizeram pela história do fogo no Brasil, o mestre Marivaldo conseguimos homenagear em vida, mas para o doutor Augusto ficam nossas homenagens in memoriam”.