Os novos ministros ligados ao segmento agropecuário e meio ambiente não dissociam o sucesso dos programas sociais de segurança alimentar dos investimentos substanciais na produção sustentável agrofamiliar brasileira. Com mais de 30 milhões de brasileiros sem condições de se alimentar com dignidade, os ministros recém-empossados revelaram em seus discursos um objetivo comum de atuar pelo aumento da produção agrofamiliar como forma mais eficiente e saudável para a erradicação da fome no país. A ONU em sua Agenda 2030 colocou o fim da desnutrição no mundo como objetivo mais importante. O Brasil tem a grande oportunidade de se colocar à frente deste movimento mundial voltando-se aos pequenos produtores, os grandes responsáveis por levar mais de 70% dos alimentos que vão à mesa dos brasileiros todos os dias
Ministério da Agricultura e Pecuária
O novo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, ao assumir a pasta fez uma pergunta aos presentes que sinaliza qual será o foco da sua pasta: “quantos brasileiros não puderam almoçar hoje?”.
Carlos Fávaro assumiu o Ministério da Agricultura e Pecuária, que foi dividido em 3 pastas
E seguiu afirmando que “este é o grande desafio que deve ser enfrentado, e a agricultura, a produção de alimentos têm papel fundamental”. A partir de agora, o antigo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento tem uma nova estrutura dividida em 3 pastas: Ministério da Agricultura e Pecuária, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, e o Ministério da Aquicultura e Pesca. Com essa divisão, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), antes sob competência do Mapa, passou para o Ministério do Desenvolvimento Agrário. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Nacional de Meteorologia permaneceram vinculados (Inmet) ao Ministério da Agricultura e Pecuária. Todos estes órgãos são fundamentais para cumprir a meta de tirar mais de 30 milhões de brasileiros da insegurança alimentar.
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar
Ao assumir o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, o ministro Paulo Teixeira lembrou que 70% da produção dos alimentos que vão à mesa dos brasileiros provêm dos agricultores familiares. Porém, foi enfático ao afirmar que é necessário aumentar esta performance produtiva dos produtores rurais: “aumentar a produção do campo é um dos objetivos do Ministério do Desenvolvimento Social e Agricultura Familiar para acabar com a fome”.
O ministro Paulo Teixeira minutos antes de tomar posse no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar
Para cumprir os objetivos de garantir a segurança alimentar do país e desenvolver mais o segmento, o novo ministro afirmou que será necessário revitalizar os programas da agricultura familiar, como a compra direta de alimentos do produtor pelo PAA, o Programa de Aquisição de Alimentos, uma das principais políticas de apoio e incentivo à agricultura familiar no Brasil, em que cooperativas e associações vendem seus produtos para órgãos públicos. Paulo Teixeira também reforçou a importância do PNAE, o Programa Nacional de Alimentação Escolar, e do crédito à produção agrofamiliar sob responsabilidade do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf.
Ministério da Pesca e Aquicultura
O novo ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, defendeu em seu discurso a criação de políticas públicas para geração de renda e apoio aos pescadores artesanais.
O novo ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula
Para André de Paula, “o novo ministério sinaliza o apoio ao desenvolvimento mais amplo da
pesca artesanal, da aquicultura e da pesca industrial, cujo equilíbrio entre produção de alimentos saudáveis, geração de renda e trabalho, participação e justiça socioambiental devem caminhar juntos”.
Ministério do Meio Ambiente e da Mudança Climática
Já a nova ministra do Meio Ambiente e da Mudança Climática, a ex-senadora e deputada eleita, Marina Silva, reforçou que o novo governo vai atuar para recolocar o Brasil em posição de destaque mundial na área ambiental, por meio de ações para combater o desmatamento e minimizar os efeitos da mudança climática.
Marina Silva afirmou que já foram anunciadas alterações na estrutura do ministério para comportar novas atribuições, como a recriação da Secretaria Nacional de Mudança Climática
A nova gestão da pasta pretende unir o Meio Ambiente, a fauna, a flora e a agricultura, trabalhando juntos por um Brasil mais sustentável. “O Brasil tem uma meta de recuperar 12 milhões de hectares de área degradada. Isso tem um potencial de gerar 260 mil empregos. É com possibilidades como essa que nós vamos, inclusive, ajudar que o garimpo ilegal possa acessar e ter outras oportunidades dignas em vez de destruir e contaminar. Como, por exemplo, reflorestar e recuperar áreas que foram degradadas”, enfatizou. Marina Silva finalizou o discurso de posse dizendo: “Não é fácil, é uma transição e nós não vamos nos tornar a agricultura de baixo carbono da noite para o dia. Não é mágica. Não vamos fazer a transição energética da noite para o dia. Não é mágica. Não vamos conseguir a reindustrialização de bases sustentáveis da noite para o dia. Não é mágica. Mas vamos colocar as pilastras num trabalho em conjunto, unidos, todos nós, juntos”.