Permanecem em estado grave os indígenas, Benedito Gregório Soares Guajajara e Juninho Guajajara, vítimas de tentativa de assassinato, no último dia 9 de janeiro, quando caminhavam perto de suas casas, próximo ao município de Arame, no Maranhão, na Terra Indígena Arariboia. Nos últimos 4 meses, três outros indígenas guajajara foram covardemente assassinados na mesma região. Em 3 de setembro de 2022, Janildo Oliveira Guajajara foi morto a tiros, em um ataque que também feriu um adolescente de 14 anos. No mesmo dia, Jael Carlos Miranda Guajajara foi assassinado em um atropelamento. Uma semana depois, no dia 11 de setembro, na estrada que leva ao povoado Jiboia e que fica perto dos limites da TI Arariboia, Antônio Cafeteiro Sousa Silva Guajajara foi morto com seis tiros. A sequência de mortes envergonha o país inteiro, que depois de 522 anos segue assassinando os povos originários do Brasil

Infelizmente, nada acontece e os crimes seguem ocorrendo sem punição alguma pelo país em diversos territórios indígenas. O estado não intervém, as autoridades se calam e a violência contra os indígenas segue um roteiro de morte. 

Benedito Gregório Soares Guajajara e Juninho Guajajara, vítimas de tentativa de assassinato, no último dia 9 de janeiro

O relatório da Violência contra os Povos Indígenas no Brasil revela que entre 2003 e 2021, 50 indígenas Guajajara foram assassinados no Maranhão, sendo 21 na TI Araraboia. No território, além dos Guajajara, vivem os Awá Guajá e os Awá em isolamento voluntário. Os indígenas guajajara foram baleados nas proximidades da aldeia Maranuwi, na região do Lago Branco, no município de Santa Luzia. Ambos foram hospitalizados no município vizinho, Grajaú. Uma das vítimas, Benedito Gregório Soares Guajajara, tem 19 anos e foi atingido na cabeça, e encontra-se internado na UTI junto com Juninho Guajajara, de 17 anos, que também foi alvejado por tiros.

As invasões de madeireiros no TI Arariboia são constantes

Os jovens indígenas seguem em estado grave no Hospital de Grajaú. Os familiares denunciam que os criminosos seguem livres na região de Arame, colocando medo em toda a comunidade indígena local, principalmente por precisarem andar pelos caminhos e estradas de acesso às cidades onde constantemente precisam ir.

Quem encontrou os jovens baleados foram os Guardiões da Floresta, o mesmo grupo que na semana passada encontrou na mata a sepultura de um Awá Guajá em isolamento voluntário. Ainda não há informações sobre a causa da morte. A violência na Terra Indígena Arariboia segue impune. Segundo relatos dos indígenas, Benedito e Juninho retornavam a pé de uma festa na aldeia Tiririca, vizinha à sua, pela rodovia MA-006. Por volta das 5 horas da manhã, já perto de casa, foram atacados com disparos efetuados a partir de um carro preto. Os indígenas foram baleados e o autor dos tiros fugiu.

O grupos Guardiões da Floresta foi criado para proteger os indígenas e monitorar a TI Arariboia

A TI Arariboia, ocupada por diversas aldeias do povo Guajajara e por indígenas do povo Awá em isolamento voluntário, é constantemente invadida por madeireiros e caçadores. Diante deste quadro, foi criado um grupo, Guardiões da Floresta para proteger os indígenas e monitorar a região, alvo de constantes ameaças de caçadores e madeireiros. Em 2021, os indígenas da TI Araribóia obtiveram uma medida cautelar da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), determinando a proteção do território e dos indígenas em meio à pandemia de Covid-19. Pelo visto, esta medida cautelar não serviu para proteger os guajajara deste verdadeiro genocídio que já dura séculos.

Com informações do G1, Brasil de Fato e A Nova Democracia e Imirante.com

Foto: APIB

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