Como acontece todos os anos, no último dia 20 de janeiro, ocorreu mais um Reisado na Aldeia Mãe Caramuru Catarina Paraguaçu, no município de Pau Brasil-BA, 545 km da capital Salvador. Trata-se dos festejos em homenagem a São Sebastião, o padroeiro da comunidade, e que contou com a CONAFER, em parceria com a Associação da Comunidade Indígena Pataxó Hãhãhãe da Caramuru (ACIPAC), para a doação de trajes típicos aos participantes, além de contribuir com a alimentação do evento, que é uma tradição cultural criada há mais de 30 anos. O Reisado tem início no dia 4 de janeiro, quando os indígenas caminham por todo o Território, visitando todas as casas da comunidade. O ápice da celebração ocorre duas semanas depois, quando os devotos seguem em direção à Igreja Católica da Aldeia, onde fincam um mastro, em um ato que simboliza o fim do evento
Esta ação da CONAFER é mais um importante instrumento de apoio às iniciativas culturais dos povos indígenas e comunidades tradicionais. O festejo de tradição católica, tem sua origem nas lutas entre mouros e cristãos em sua caravelas, inicia-se na primeira semana de janeiro, quando os indígenas visitam todas as casas da comunidade, culminando duas semanas depois com os devotos presentes em um ato na Igreja Católica da Aldeia. Tudo com muita alegria, fé e emoção.
A história da escolha do Padroeiro São Sebastião
Em 1993 foi construída a Igreja Católica da Comunidade Pataxó Hãhãhãe da Terra Indígena Caramuru. Mas faltava um padroeiro, que posteriormente foi definido em reunião da comunidade com a liderança dos anciões indígenas. Foram eles que comunicaram que seria São Sebastião o eleito para ser o padroeiro da Aldeia Indígena Caramuru. São Sebastião, o soldado da Igreja Católica, foi escolhido por ter sido um grande guerreiro que combateu o Império Romano em nome de Cristo, além de ser apóstolo dos confessores que estavam presos. Também foi apóstolo dos mártires, os que confessavam Jesus em todas as situações, renunciando à própria vida.
São Sebastião é o defensor da verdade e do amor apaixonado a Deus. Após sua prisão pelos romanos, foi levado ao tronco e muitas flechadas sobre ele foram lançadas até o ponto de pensarem que estava morto. Depois de se recuperar e empreender a sua missão de evangelizador, foi novamente martirizado até a morte. O santo foi uma inspiração ao povo Pataxó Hãhãhãe quando buscou na fé dos encantados e no seu exemplo, a coragem, força, luta e resistência para reconquistar o seu território em 2 de Maio de 2012, quando no julgamento do destino do Território Indígena Caramuru Catarina Paraguaçu, foram anulados todos os títulos dos fazendeiros, com as terras retornando ao Povo Pataxó.
Esta vitória é atribuída muito pela fé que os pataxó hãhãhãe tem em seu padroeiro São Sebastião. Ano após ano, segue a procissão com a imagem e a bandeira de São Sebastião, com os cantos do reisado e o samba de coro, de casa em casa, de todos os indígenas no Território Indígena Caramuru Catarina Paraguaçu.
Com a colaboração de Daniella Pataxó.