O valor do conjunto dos alimentos básicos diminuiu em 13 das 17 capitais onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre janeiro e fevereiro de 2023, as reduções mais importantes ocorreram em Belo Horizonte (-3,97%), Rio de Janeiro (-3,15%), Campo Grande (-3,12%), Curitiba (-2,34%) e Vitória (-2,34%). Já as elevações foram observadas em quatro capitais do Norte e Nordeste: Belém (1,25%), Natal (0,64%), Salvador (0,34%) e João Pessoa (0,01%). As capitais com a cesta mais cara foram: São Paulo (R$ 779,38), Florianópolis (R$ 746,95), Rio de Janeiro (R$ 745,96) e Porto Alegre (R$ 741,30). Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 552,97), Salvador (R$ 596,88) e João Pessoa (R$ 600,10)
Entre fevereiro de 2022 e fevereiro de 2023, a comparação dos valores mostrou que a cesta apresentou alta em todas as capitais, com variações que oscilaram entre 3,91%, em Vitória, e 15,33%, em Belém. Nos dois primeiros meses do ano, o custo do conjunto de gêneros alimentícios básicos aumentou em sete cidades, com destaque para as variações registradas em Recife (7,40%), Natal (7,15%), João Pessoa (6,81%) e Aracaju (6,13%). As quedas mais importantes ocorreram em Campo Grande (-3,26%) e Porto Alegre (-3,18%). Com base na cesta mais cara, que, em fevereiro, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.
Em fevereiro de 2023, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.547,58, ou 5,03 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.302,00. Em janeiro, o valor 2 necessário era de R$ 6.641,58 e correspondeu a 5,10 vezes o piso mínimo. Em fevereiro de 2022, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.012,18 ou 4,96 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.212,00. Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5%, referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em fevereiro de 2023, 56,33% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos e, em janeiro, 57,18% da renda líquida. Em fevereiro de 2022, o percentual ficou em 56,11%.
Comportamento dos preços dos produtos da cesta
Entre janeiro e fevereiro, o valor médio da batata diminuiu em todas as capitais do Centro-Sul, onde o tubérculo tem o preço coletado. As quedas oscilaram entre -22,50%, em Curitiba, e -6,30%, em São Paulo. Em 12 meses, o valor da batata teve elevação em sete capitais, com destaque para São Paulo (32,86%). Em outras três cidades, houve redução, entre as quais destaca-se a registrada em Vitória (-12,21%). A maior oferta do tubérculo reduziu os preços no varejo. O preço do óleo de soja diminuiu em 15 das 17 capitais.
As reduções mais importantes ocorreram no Rio de Janeiro (-6,46%) e em Porto Alegre (-6,05%). Em João Pessoa, não houve variação de preço e, em Belém, a alta foi de 0,50%. Em 12 meses, 11 cidades apresentaram redução, com taxas entre -10,60%, em Campo Grande, e -0,56%, em Vitória. Já as elevações mais expressivas no período foram registradas em Belém (5,73%) e João Pessoa (3,77%). Um expressivo volume tem sido exportado e, internamente, o alto patamar de preços praticado no varejo tem inibido o consumo do produto.
O preço do tomate diminuiu em 13 das 17 capitais pesquisadas, entre janeiro e fevereiro, com destaque para Florianópolis (-21,82%), Campo Grande (-18,63%) e Porto Alegre (-18,48%). As altas ocorreram em João Pessoa (6,75%), Salvador (5,30%), Belém (1,27%) e Natal (0,36%). Em 12 meses, o tomate também mostrou comportamento de preço diferenciado, com elevação em sete cidades, entre as quais destacam-se Belém (18,34%) e Brasília (12.87%); e reduções em 10 cidades, a mais expressiva em Vitória, de -16,97%.
Os produtos colhidos na safra de verão abasteceram o mercado e reduziram o preço no varejo. Entre janeiro e fevereiro, o preço médio do café em pó diminuiu em 12 capitais, com destaque para as taxas de Goiânia (-2,80%) e de Natal (-1,89%). A maior alta ocorreu em Florianópolis (1,07%). Em 12 meses, o valor médio acumulou aumento em 10 capitais, chegando a 16,17% em São Paulo. Entre as cidades que tiveram redução, chamou atenção a variação de Brasília, de -13,90%.
O preço médio da farinha de mandioca, pesquisada no Norte e Nordeste, subiu em todas as capitais, exceto em Fortaleza (-1,36%). As maiores elevações foram registradas em Belém (7,02%) e Aracaju (4,65%). Em 12 meses, as altas oscilaram entre 34,01%, em Natal, e 42,97%, em João Pessoa. A disponibilidade e a comercialização da raiz foram menores, devido às chuvas, e os preços seguiram em alta no varejo. A pesquisa captou elevação do preço médio do pão francês em 13 das 17 capitais, com destaque para Porto Alegre (3,46%) e João Pessoa (1,01%). Em Belém, não houve variação. As quedas foram registradas em Aracaju (-1,10%), Curitiba (-0,83%) e Brasília (-0,06%).
Em 12 meses, as altas, verificadas em todas as capitais, oscilaram entre 12,61%, em João Pessoa, e 27,40%, em Recife. A necessidade de importação de trigo e a desvalorização cambial encareceram o insumo do pão, por isso houve alta no varejo. O custo do quilo do feijão subiu em 12 capitais. O preço do tipo preto, coletado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, aumentou em todas as cidades. As variações oscilaram entre 1,12%, no Rio de Janeiro, e 4,15%, em Porto Alegre. Em 12 meses, houve recuo de preço em todas as capitais, com destaque para a variação de Vitória (-5,11%). O tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, apresentou redução em cinco capitais, com taxas que variaram entre -2,15%, em Belo Horizonte, e -0,10%, em Fortaleza. As elevações de maior destaque ocorreram em Natal (3,98%), Campo Grande (2,82%) e São Paulo (1,29%). Em 12 meses, todas as cidades registraram alta, com taxas entre 18,85%, em Fortaleza, e 47,56%, em Goiânia. O comportamento diferenciado do preço do grão carioca nas capitais pode ser explicado por dois movimentos. De um lado, os produtores estariam com estoque menor, à espera de um preço mais alto para comercialização, porém, a demanda esteve enfraquecida devido aos altos patamares praticados no varejo e ao recesso de Carnaval. Em relação ao grão preto, como o abastecimento do mercado tem sido feito por importação, a desvalorização cambial explica os aumentos no varejo.
Em fevereiro de 2023, o preço do arroz agulhinha aumentou em 11 cidades, com variações entre 0,35%, em Belém, e 4,50%, em Porto Alegre. As reduções mais importantes foram anotadas em São Paulo (-1,86%) e Natal (-1,13%). Em 12 meses, as altas acumuladas chegaram a 28,99%, em Vitória; 22,54%, em Porto Alegre; 20,92%, em Goiânia; 19,59%, em Curitiba; e, 18,76% em Florianópolis. Apesar do avanço na colheita do arroz, os preços no varejo seguiram firmes na maior parte das cidades, devido às incertezas em relação ao volume da safra e à desvalorização cambial, que estimula a exportação. O preço do leite integral, assim como o da manteiga, aumentou em 11 capitais. No caso do leite, as maiores elevações foram observadas nas cidades do Sul: Florianópolis (6,88%), Porto Alegre (6,47%) e Curitiba (4,85%). Para a manteiga, os destaques são Belém (3,11%), João Pessoa (2,39%) e Campo Grande (2,03%). Em 12 meses, o valor médio do leite acumulou alta em todas as capitais pesquisadas, com taxas entre 21,66%, em Belém, e 39,07%, em Curitiba.
A manteiga também apresentou alta em todas as cidades. As variações oscilaram entre 9,46%, em Vitória, e 28,48%, em Recife. A menor oferta do leite no campo e o aumento das importações de lácteos resultaram na alta dos preços do leite integral e da manteiga no varejo. São Paulo. Em fevereiro de 2023, o custo da cesta básica da cidade de São Paulo foi o maior entre as 17 cidades (R$ 779,38), mesmo com redução de -1,42% em relação a janeiro de 2023. Na comparação com fevereiro de 2022, a cesta aumentou 8,91% e, nos dois primeiros meses desse ano, acumulou redução de -1,51%. Entre janeiro e fevereiro de 2023, seis dos 13 produtos que compõem a cesta básica tiveram aumento nos preços médios: leite integral (1,72%), feijão carioquinha (1,29%), açúcar refinado (1,23%), pão francês (0,85%), farinha de trigo (0,40%) e manteiga (0,08%). Outros sete bens apresentaram diminuição no valor médio: tomate (-6,86%), batata (-6,30%), óleo de soja (-2,59%), arroz agulhinha (-1,86%), carne bovina de primeira (-1,48%), café em pó (-0,71%) e banana (-0,61%).
No acumulado dos últimos 12 meses, foram registradas elevações nos preços de 10 dos 13 produtos da cesta: farinha de trigo (36,29%), batata (32,86%), leite integral (31,54%), feijão carioquinha (27,81%), manteiga (19,01%), café em pó (16,17%), pão francês (15,37%), arroz agulhinha (14,36%), banana (11,66%) e tomate (0,24%). Já as taxas negativas foram observadas para carne bovina de primeira (-2,42%), óleo de soja (-2,04%) e açúcar refinado (-1,90%). Em fevereiro de 2023, o trabalhador de São Paulo, remunerado pelo salário mínimo de R$ 1.302,00, precisou trabalhar 131 horas e 41 minutos para adquirir a cesta básica, tempo menor do que em janeiro, quando necessitou de 133 horas e 35 minutos. Em fevereiro de 2022, quando o salário mínimo era de R$ 1.212,00, foram demandadas 129 horas e 54 minutos.
Considerando o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, o mesmo trabalhador precisou comprometer, em fevereiro de 2023, 64,71% da remuneração para adquirir os produtos da cesta básica, que é suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Em janeiro, o percentual gasto foi de 65,64%. Já em fevereiro de 2022, o trabalhador comprometia 63,83% da renda líquida.
Com informações do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), entidade criada e mantida pelo movimento sindical brasileiro. Foi fundado em 1955, com o objetivo de desenvolver pesquisas que subsidiassem as demandas dos trabalhadores.