Muitas perguntas podem ser feitas hoje, 20 de março, no Dia Mundial da Agricultura. Como alimentar 8 bilhões de pessoas em todo planeta? E como fazer isso de forma sustentável? E mais, como produzir ainda novos alimentos com as mudanças climáticas? A agricultura é a mais antiga das atividades humanas. Ela nasceu com a fixação do ser humano na terra, quando ele deixou de ser nômade e passou a produzir o seu próprio alimento. A produção era destinada ao consumo próprio das famílias dos agricultores e lentamente foi se introduzindo os processos de trocas de produtos cultivados na terra, até chegarmos hoje na agricultura como um modelo de negócio. A CONAFER, como representante de uma parcela significativa de agricultores familiares pensa nesta demanda que o futuro exige com ações presentes, com programas que estão fazendo a diferença no campo, sempre aliando produção com sustentabilidade, promovendo técnicas agroecológicas, biotecnologia e o agroflorestamento. Nossa contribuição para a segurança alimentar do Brasil e do mundo já está sendo produzida
Para alimentar o mundo, o volume total de grãos produzido pela agricultura ao redor do planeta é superior a 3 bilhões de toneladas, segundo o levantamento realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com base em dados de 2020 da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
A agricultura familiar é o modelo mais importante de produção agroecológica no mundo; no Brasil, ela é responsável por 70% do alimento que vai à mesa da população
Mas a produção agrícola no mundo precisa superar 3 desafios para seguir crescendo de forma exponencial: as condições de solo e de clima, a mão de obra humana e a economia. Elas definem a forma e metodologia de produção. A China é o maior produtor agrícola com 585 milhões de toneladas de grãos produzidos anualmente. O número representa 19,2% da produção internacional e é praticamente toda redirecionada ao abastecimento interno do país.
Os 5 maiores produtores agrícolas do mundo são China, Estados Unidos, Brasil, Índia e Rússia. Estas potências agronômicas têm investido em diferentes tecnologias, o que tem garantido o aumento significativo e a diversificação da produção do campo nas últimas décadas. Atualmente, o Brasil é o quarto maior exportador mundial de produtos agropecuários, aproximadamente USD 100,7 bilhões, atrás apenas da União Europeia, EUA e China.
As culturas mais produzidas no mercado mundial são o milho: 36,3%; o trigo: 26,3%; o arroz: 16,9% e a soja: 12,2%. A produção agropecuária brasileira é modelo para o mundo, pois alimenta sozinha mais de 1 bilhão de pessoas. Destacando-se como um dos principais produtores e exportadores do mundo agrícola, o Brasil tem um papel fundamental para a produção de alimentos em um cenário de desafios. As condições climáticas favoráveis, aliadas a solos férteis e a um amplo território, ajudaram a tornar o país uma potência no segmento. Entretanto, um outro fator foi crucial para que esse cenário se desenhasse. O investimento em tecnologia é um dos principais impulsionadores no salto produtivo da agricultura brasileira. De acordo com um estudo feito pela Embrapa, a inovação tecnológica contribuiu com 59% do crescimento do Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola entre os anos de 1975 e 2015, seguidos pelo trabalho (25%) e pela terra (16%).
Diversas soluções em tecnologia desenvolvidas no Brasil ajudam a garantir mais produtividade e facilitam o acesso a serviços financeiros em zonas rurais
Hoje, diversas soluções em tecnologia desenvolvidas no Brasil ajudam a garantir mais produtividade e facilitam o acesso a serviços financeiros em zonas rurais. A previsão é que até 2030 o Brasil poderá chegar à liderança mundial de exportação de milho e algodão. No momento, ocupamos o segundo lugar nas vendas dessas commodities para o mercado internacional, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Além disso, o Brasil já domina 54% do mercado mundial de soja, e essa participação deverá aumentar para 65% até 2030. Apesar da crise sanitária provocada pela pandemia do coronavírus, além da guerra Rússia x Ucrânia, o Brasil se fortalece como celeiro do mundo, destacando-se como grande produtor de grãos, no fornecimento de todos os tipos de alimentos e segundo maior exportador e produtor de carne bovina do mundo.
Dia 15 de novembro de 2022, a população mundial atingiu a marca de 8 bilhões de pessoas. Segundo projeção da Organização das Nações Unidas, a ONU, foram 12 anos desde o 7º bilhão, alcançado em 2010. Com previsão de uma população de 10 bilhões e expectativa de vida de 77,2 anos até 2050, precisamos desde já transformar este desafio de alimentar a todos, em oportunidade de produzir ainda mais alimentos, de forma sustentável, para distribuir com igualdade em todos os continentes. Isto porque hoje temos quase 1 bilhão de famintos no planeta, uma insegurança alimentar que se transformou em flagelo mundial. Lutar contra esta realidade impõe muito trabalho e empatia com os menos favorecidos.
A população mundial levou até o ano 1800 para chegar a 1 bilhão de habitantes e há 100 anos ainda não havia atingido 2 bilhões. Em 1974, a população humana chegou a 4 bilhões, 5 bilhões em 1987, 6 bilhões em 1999, 7 bilhões em 201 e 8 bilhões em 2022. Uma das razões desta multiplicação exponencial está na produção de alimentos. Mas não basta produzir, é preciso que haja igualdade na distribuição de tudo que é produzido no campo, sob pena de muitos não terem acesso às proteínas e carboidratos necessárias diariamente.
Agricultura de precisão ou agricultura 4.0 é a principal ferramenta para se alcançar índices mais elevados de produção sem perda de qualidade
Existem muitos obstáculos para eliminar a fome no planeta em proporções exponenciais até 2030, conforme prevê a Agenda 2030 da ONU, assinada por todos os países membros. Por isso, governos e entidades ligadas à produção não podem perder tempo, ao contrário, urgem ações que transformem as condições socioeconômicas de forma objetiva.
Diversos pesquisadores tentam explicar o surgimento da agricultura no mundo, todavia, o que sabe-se é que essa prática existe há mais de 12 mil anos, sendo desenvolvida durante o período neolítico e um dos fatores decisivos para a constituição das primeiras civilizações humanas.
A agricultura é um processo complexo e nada simplista, no entanto, de modo geral, podemos entendê-la como a prática que consiste no uso dos solos para cultivo de vegetais, com o objetivo de garantir a subsistência alimentar do ser humano, bem como, produzir matérias-primas que são transformadas em produtos secundários em outros campos da atividade econômica.
Ao longo da história, a agricultura foi a atividade principal de milhares de pessoas, servindo como fonte de trabalho e alimentação. A produção era destinada ao consumo próprio das famílias dos agricultores e lentamente foi se introduzindo os processos de trocas de produtos cultivados na terra, até chegar ao ponto (depois de muito tempo) em que a agricultura foi entendida como um modelo de negócio.
Produzir sem utilizar agrotóxicos em larga escala é o grande desafio frente às mudanças climáticas e destruição da biodiversidade
Atualmente, a agricultura tem um papel fundamental nos processos de desenvolvimento econômico e social no mundo, tornando-se um setor altamente competitivo e exigindo dos agricultores, a busca constante por tecnologias e procedimentos que possam garantir a sua maximização produtiva. Desta forma, é indiscutível a relevância da agricultura no mundo, pois, é a partir dela que se produzem os alimentos e os produtos primários utilizados pelas indústrias, pelo comércio e pelo setor de serviços, tornando-se a base para a manutenção da economia mundial.