Uma parceria entre a Secretaria de Turismo da CONAFER e as secretarias de Turismo e da Mulher do GDF, deu início ao programa +Turismo para as Mulheres da Terra, uma oportunidade inédita às agricultoras familiares de conhecer as atrações da capital federal. No último sábado, dia 25 de março, uma equipe multidisciplinar organizou o 1º passeio para estas produtoras do DF, que teve seu início no Museu Vivo da Memória Candanga, para depois seguir por um roteiro rico em histórias, beleza e informação. Esta é uma forma de inclusão para estas mulheres que passam muitas vezes uma vida inteira nas cidades satélites sem ter a chance de usufruir da riqueza cultural de Brasília. Foi emocionante ver nos rostos destas cidadãs do campo a alegria e a satisfação pelo momento único em suas vidas. Agora, a Confederação e os órgãos do GDF se preparam para um calendário de ações também com mulheres de outras comunidades, como indígenas e quilombolas
O projeto +Turismo para as Mulheres da Terra foi desenvolvido pela Secretaria de Turismo da CONAFER, em parceria com a Secretaria de Turismo do DF, Secretaria da Mulher, Secretaria de Economia Solidária, CAESB e Administração de Brazlândia. Depois de conheceram os detalhes da idealização e momentos históricos da construção de Brasília no Museu Vivo da Memória Candanga, as 30 agricultoras que inauguraram o +Turismo para as Mulheres da Terra, seguiram por um trajeto inédito para a maioria delas. São mulheres que trabalham de sol a sol em assentamentos, convivendo com as dificuldades da profissão, além dos limites econômicos e sociais impostos pelo mundo moderno. Por isso, todas estavam animadas com o passeio, uma empolgação que foi do início ao fim, principalmente pela riqueza de informações que a guia turística passava.
O passeio teve início com os momentos históricos da construção de Brasília no Museu Vivo da Memória Candanga
Do Museu Vivo da História Candanga, o passeio seguiu para a Asa Sul do Plano Piloto, quando as nossas agricultoras tiveram contato com uma superquadra modelo, a 308 Sul, onde fizeram uma caminhada por logradouros, como a Praça das Carpas, projetada por Burle Marx. A próxima parada foi a Catedral Metropolitana e o cenário urbano de Brasília, com seus prédios históricos e grandes avenidas, como o Eixo Monumental. Em cada olhar, a vibração de todas em ver a memória viva da cidade que é patrimônio da Unesco.
Viviane Moreira, produtora rural assentada da reforma agrária, vive com seu marido e filhos na comunidade Gabriela Monteiro, junto com 22 famílias, na regional Brazlândia. Segundo Viviane, “a limitação de investimentos na produção gera carências, impedindo uma maior produção, precarizando a agricultura no sentido de não ter acesso às tecnologias. Produzimos morango, tomate, hortifrutis, pomares, criação de pequeno porte na bacia do Descoberto. Algumas famílias têm poços artesianos. Mas faltam projetos e investimentos. Por isso, estar aqui é fora da nossa realidade, eu nunca tinha feito um passeio como este, este momento aqui chama-se oportunidade.”
Viviane Moreira, produtora rural assentada da reforma agrária, vive com seu marido e filhos na comunidade Gabriela Monteiro
Da Catedral, o passeio seguiu para o endereço do conhecimento, a UNB, Universidade de Brasília. Na UNB o grupo almoçou no Restaurante Universitário, com direito a um breve descanso antes do novo ponto do trajeto, a Ermida Dom Bosco. Este foi com certeza um dos pontos altos da estreia do +Turismo. O local da Ermida, sua história e o belo cenário do lago Paranoá iluminado pelo sol forte proporcionaram uma tarde muito especial para as nossas agricultoras.
Maria Rodrigues, 48, veio de São Luís do Maranhão, e mora há 20 anos no DF, migrando de área da Educação para a agricultura familiar
Outra agricultura que estava ficou muito satisfeita com o +Turismo, foi Maria Rodrigues, que da área educacional acabou migrando para a vida agrofamiliar. Ela e sua família trabalham produzindo banana, abóbora, maracujá, morango e outras culturas com a Associação 7 Mulheres Al Shadai, onde ela também é secretária. Para Maria, “as mulheres rurais precisam de passeios como este, deste afago, elas precisam se sentir seguras e valorizadas”.
A artesã Soraya Vitor de Andrade 54 anos, foi premiada com uma cesta entrega pela secretária de Turismo da CONAFER, Renata Frota
Soraya Andrade, casada, 2 filhos, é artesã, nascida em Brasília, e faz diferentes tipos de artesanato, como vasos, esculturas, crochê, pintura em tecido, pano de prato, cama, mesa e banho, tapete e artefatos para cozinha, banheiro e sala, incluindo reciclagem de diversos materiais. Ela já expôs as suas obras na Câmara Legislativa, Praça do Relógio em Taguatinga, próximo ao Mercado Norte e diversas feiras em que é convidada.
Um dos tipos de artesanato de Soraya Andrade
No final do dia, o grupo partiu para a última parada: a Praça dos 3 Poderes. Após conhecerem alguns ícones da Praça, todas as mulheres foram recebidas na Casa de Chá, um espaço histórico de debate político, e que hoje serve como Centro de Atendimento ao Turista. Na Casa de Chá, foram distribuídos brindes e presentes depois de uma dinâmica feita pelas organizadoras do +Turismo. Foi muito recompensador ver a felicidade destas mulheres em cada ponto turístico, sempre receptivas e participativas em todos os momentos. Um dia inesquecível e que ficará em suas memórias como uma inspiração para seguir nesta missão de produzir os alimentos que sustentam a população da capital federal.