O próximo El Niño pode resultar em perdas econômicas sem precedentes, estimadas em R$16,8 trilhões, de acordo com um estudo da Universidade de Dartmouth. O fenômeno não apenas afeta as sociedades e economias a curto prazo, mas também tem efeitos persistentes, retardando o crescimento econômico por pelo menos cinco anos em regiões tropicais afetadas. Com o aumento das mudanças climáticas, espera-se que os futuros El Niños sejam mais intensos. Os impactos na agricultura brasileira são imprevisíveis, embora o El Niño geralmente seja favorável para cultivos de verão, como soja e milho
Previsto para ocorrer em torno de junho deste ano, o próximo El Niño pode resultar em uma perda econômica sem precedentes, de acordo com um estudo realizado por Cristopher Callahan e Justing Mankin, da Universidade de Dartmouth. Publicado na revista “Science”, o estudo analisou os custos gerados pelo El Niño ao longo do tempo e concluiu que as perdas econômicas podem chegar a aproximadamente R$16,8 trilhões. Essa estimativa é cerca de 100 vezes mais elevada do que o imaginado anteriormente.
O El Niño é caracterizado pelo aquecimento de uma faixa de água do oceano que percorre a América do Sul até a Ásia, ocorrendo a cada três anos. Segundo Callahan, o fenômeno não afeta apenas as sociedades e economias a curto prazo, mas também deixa uma assinatura persistente, retardando o crescimento econômico por pelo menos cinco anos em regiões tropicais e afetadas pelo El Niño.
Os pesquisadores examinaram o desempenho da atividade econômica global após os fenômenos de 1982-1983 e 1997-1998, constatando uma desaceleração no crescimento econômico por mais de cinco anos após o El Niño. Se após o primeiro evento ocorreu uma perda de aproximadamente R$20,3 trilhões cinco anos depois, na segunda versão do fenômeno, foram perdidos R$28,2 trilhões. Com base nessas análises, os autores do estudo estimam que as perdas econômicas do século XXI podem chegar a cerca de R$415,8 trilhões.
Com o aumento da frequência das mudanças climáticas devido ao aquecimento global e os impactos adicionais dos gases do efeito estufa, espera-se que os futuros El Niños sejam mais intensos. No entanto, Callahan destaca que os modelos climáticos atuais possuem limitações na previsão do comportamento do El Niño diante do aquecimento global, e mais pesquisas são necessárias para entender completamente as mudanças que podem ocorrer. Ele conclui que os impactos socioeconômicos desses eventos não devem ser subestimados.
Impactos do El Niño na agricultura brasileira
Após três anos seguidos sob os efeitos do fenômeno climático La Niña, a agricultura brasileira se prepara agora para enfrentar o El Niño. A MetSul Meteorologia alerta que o fenômeno pode se tornar ativo já na segunda metade de junho ou na primeira quinzena de julho. Uma das consequências esperadas é um aumento significativo das chuvas na região Sul do Brasil, com extremos que podem ocorrer entre agosto e setembro.
Gilberto Cunha, agrometeorologista da Embrapa Trigo, destaca que, embora o evento climático siga um padrão, suas consequências são imprevisíveis. O El Niño costuma ser favorável para os cultivos de verão, como soja e milho
Gestão de riscos
Diante das preocupações sobre o próximo El Niño e sua potencial magnitude de perdas econômicas sem precedentes, fica evidente a necessidade urgente de uma gestão de risco eficiente.
A gestão envolve medidas preventivas, como o desenvolvimento de estratégias adaptativas e aprimoramento dos modelos climáticos, a fim de melhor prever e mitigar os efeitos do El Niño. Além disso, é essencial investir em pesquisas contínuas para aprofundar nosso conhecimento sobre as mudanças que podem ocorrer e como podemos nos preparar para elas.
Os setores afetados, como a agricultura, precisam adotar medidas que considerem as características imprevisíveis desse fenômeno climático. A necessidade de diversificação de culturas e investimentos em tecnologias que aumentem a resiliência dos sistemas agrícolas se torna ainda mais evidente.
Veja o que acontece nas regiões brasileiras com o fenômeno El Niño, de acordo com o CPTEC/INPE:
Em suma, diante da possibilidade de um próximo El Niño com perdas econômicas sem precedentes, é fundamental reconhecer a importância da gestão de risco como uma estratégia vital para enfrentar os desafios decorrentes desses eventos climáticos extremos. Somente por meio de uma abordagem proativa e colaborativa, com base em conhecimentos
atualizados, poderemos reduzir os impactos negativos e construir uma sociedade mais resiliente diante dessas ameaças.
Com informações de BBC e CNN