A CONAFER e o Instituto Terra e Trabalho (ITT) criaram o +Melipona Brasil. O programa nasceu para atender a região Norte, em 27 municípios, mas já chegou no Centro-Oeste. Na última segunda-feira (06), o +Mais Melipona começou suas atividades no Distrito Federal com uma visita ao Meliponário Park Way, iniciando a coleta de dados de produção e logística diretamente com meliponicultores da região, estabelecendo parcerias com os produtores para fortalecer a produção de mel sustentável no país. A meliponicultura consiste na criação racional de abelhas nativas sem ferrão, e por isso, além de preservar as espécies, promove a produção sustentável de mel nativo e seus derivados. No Park Way, uma colmeia da abelha nativa Jataí foi a primeira aquisição do Meliponário que está sendo montado no ITT. Esta colmeia será um dos embriões para a reprodução e multiplicação de colônias que servirão na implementação do programa +Melipona em todo o Brasil

O Meliponário no ITT, além de iniciar a sua produção de colônias, servirá de espaço para exposição e educação socioambiental de todo público interessado nos programas da CONAFER. O +Melipona Brasil tem dois eixos temáticos: Meliponicultura Sustentável, com ações para desenvolvimento da atividade; e Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, abrangendo educação socioambiental, cidadania, soberania alimentar e nutritiva para os produtores e programas de inserção do mel na alimentação escolar. 

Os biólogos e pesquisadores do +Melipona Brasil, Caio Felipe Santos da Silva e Ingrid Kowalczuk Mutinelli, em visita ao Meliponário Park Way, iniciando a coleta de dados de produção e logística diretamente com meliponicultores da região

O +Melipona foi idealizado para a região Norte, inicialmente para atender 27 municípios e beneficiar 1,3 mil meliponicultores, para depois ampliar as suas ações para outras regiões do Brasil. Os resultados esperados incluem o fortalecimento da atividade em mais de 140 municípios distribuídos em todo o país e unidades da federação, fortalecendo, no primeiro ano, cerca de 7.050 meliponicultores. O programa tem na capacitação profissional um dos seus pilares, englobando atividades de campo, seminários temáticos e cursos técnicos e práticos para meliponicultores, abordando meliponicultura, empreendedorismo e educação socioambiental. Os outros dois pilares são a Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico para identificar abelhas nativas, estudar sua polinização e subprodutos, em parceria com instituições acadêmicas; e a Extensão e Difusão de Tecnologias para promover a assessoria técnica, campanhas de cidadania e programas de certificação ambiental.

O +Melipona Brasil tem na capacitação profissional um dos seus pilares, englobando atividades de campo, seminários temáticos e cursos técnicos e práticos para meliponicultores

Qual a diferença entre apicultura e meliponicultura?

A produção do mel é uma atividade econômica que tem crescido no Brasil e no mundo, e se dá por duas principais vias, a apicultura e a meliponicultura. A apicultura trabalha com o cultivo da abelha Apis mellifera L., que é uma espécie híbrida entre várias subespécies africanas, europeias e asiáticas, sendo trazida na época da colonização para o país, mas que apresentou maior desenvolvimento a partir dos anos de 1970. Em relação à apicultura, as principais regiões produtoras de mel, atualmente, são as regiões Sul e Nordeste, que correspondem à 39% e 36%, respectivamente, da produção nacional que foi de 55.828 toneladas em 2022, segundo dados do IBGE (2023); enquanto que a região Norte corresponde a apenas 2% (1.142 toneladas).

O +Mais Melipona iniciou suas atividades no Distrito Federal com uma visita ao Meliponário Park Way

Diferente da apicultura, a meliponicultura tem nas abelhas nativas os principais agentes polinizadores das plantas, exercendo papel fundamental na manutenção da biodiversidade nativa e cultivada, e na base da cadeia alimentar, como por exemplo o açaí, em que 95% do processo de polinização é realizado por abelhas nativas sem ferrão. Este é só um exemplo da contribuição dos polinizadores na alimentação humana, e representam cerca de 9,5% da produção agrícola mundial.

No Brasil, estima-se que a fauna de abelhas nativas seja de 3.000 espécies, dessas, cerca de 300 são abelhas sem ferrão, também conhecidas como meliponíneos. O declínio das populações de abelhas é, atualmente, uma das maiores preocupações mundiais e as principais causas são a exploração predatória das florestas, o desmatamento e o uso excessivo de pesticidas. 

O mel de abelhas nativas sem ferrão é considerado um produto raro e praticamente exclusivo, pois apresenta alto valor nutritivo, potencial medicinal e sabor característico, podendo alcançar uma valorização considerável no mercado. Além de ser o adoçante natural e fonte de energia, o mel apresenta propriedades imunológicas, antibacterianas, antiinflamatórias, analgésica, sedativa e expectorante. Os subprodutos da meliponicultura têm sido utilizados pelos índios há anos no combate às doenças pulmonares, inapetência, infecção dos olhos fortificantes e agentes bactericidas.

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