FONTE: Diário do Comércio
Os impactos negativos provocados pela pandemia do novo coronavírus estão prejudicando a agricultura familiar de Minas Gerais. De acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), as famílias estão enfrentando problemas com a comercialização dos itens, falta de equipamento de segurança e também com a prestação de serviços, já que, no período de entressafra, muitos desses agricultores familiares trabalham na colheita do café em outras cidades. Com restrições impostas por municípios, os trabalhadores estão sem esta opção de renda.
O presidente da Fetaemg e deputado federal, Vilson Luiz da Silva, solicitou auxílio junto ao governo de Minas Gerais. Em reunião com a secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Maria Valentini, foram apresentadas demandas do setor.
“No caso da agricultura familiar, que é responsável por mais de 70% da produção de alimentos, é preciso que o produtor se organize para cuidar da produção, que é continua. É preciso tirar o leite, cuidar da horta e dos animais. Nossa diversidade é muito grande. Estamos adotando cuidados, mas enfrentamos dificuldades. Já fizemos várias reuniões para discutir as formas de vender a produção e dos insumos chegarem ao campo, o que é fundamental para manter o abastecimento”, explicou.
Dentre as solicitações está a necessidade de fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs) e álcool em gel para que os agricultores produzam e comercializem os itens com segurança. De acordo com Silva, em muitos municípios, a oferta dos EPIs não existe e é necessária a intervenção do governo. Também foi solicitado o fornecimento de sementes de milho e hortaliças.
“É importante que o produtor tenha acesso a estes equipamentos e materiais de higiene para proteger contra o coronavírus e manter a atividade em andamento. Solicitamos que o governo contribua com esse abastecimento, que é importante para muitas famílias.
Tem regiões do Estado que as pessoas não tem acesso à água e é preciso olhar isso”, destacou.
Cesta básica – Outra demanda é o fornecimento de cesta básica para os agricultores cujas produções estão em período de entressafra. Silva explica que muitas famílias, neste período, vão para outras cidades fazer a colheita do café, mas, devido à pandemia estão encontrando dificuldades de participar do processo. Com isso, muitas famílias estão sem renda. A colheita do café já foi iniciada e, segundo Silva, tem pico em maio.
“Com a pandemia, muitos prefeitos estão com posturas mais radicais e estes trabalhadores não conseguem prestar o serviço na colheita do café e ficaram sem renda. Como deputado federal, participei da aprovação do auxílio emergencial e nossa cobrança é que o governo federal leve esse auxílio aos agricultores que estão enfrentando dificuldades. Ao governo de Minas, pedimos a avaliação para que sejam doadas cestas básicas para estes produtores. Mandamos um requerimento ao Ministério Público do Trabalho para que haja diálogo com os prefeitos e que sejam adotadas medidas que preservem a saúde dos trabalhadores, principalmente, no transporte”, contou.
Também foi solicitado auxílio para as Escolas Família Agrícola (EFA), que fazem treinamento teórico e prático dos alunos. Os alunos se formam em técnicos agrícolas.
Neste momento de suspensão de recursos, as escolas estão enfrentando dificuldades. Segundo Silva, em Minas Gerais, são 2,4 mil alunos.
“Precisamos que sejam disponibilizadas verbas para a manutenção destas escolas, que têm animais e plantações e não podem ser abandonadas”.
Soluções – Ainda conforme Silva, mesmo com as dificuldades impostas pela pandemia, a agricultura familiar de Minas Gerais segue produzindo com cuidado e qualidade para garantir o abastecimento da população. Associações mais organizadas têm investido nas vendas on-line. O setor também tem negociado com supermercados para que adquiram os produtos dos agricultores familiares.
“Hoje, a Fetaemg representa mais de 437 mil pequenos estabelecimentos de agricultura familiar. Mesmo em tempos de pandemia e com a determinação de isolamento social feita pelos órgãos de saúde para evitar a disseminação do coronavírus e não saturar os hospitais, a agricultura familiar continua produzindo. Estamos reaprendendo a viver com tudo isso. As associações mais organizadas já estão modificando as entregas, efetuando as vendas pela internet, Whatsapp e redes sociais. Também estamos dialogando com os supermercados para escoar a produção”, completou.

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