O Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação, celebrado no última semana, dia 17 de junho, convoca-nos a refletir sobre o impacto de nossas ações no meio ambiente e a necessidade urgente de adotar práticas sustentáveis. Reforçamos que a história da ocupação e uso dos recursos naturais está repleta de exemplos de degradação ambiental, como a impermeabilização do solo, a erosão, a poluição hídrica e o desmatamento. Frequentemente, essas ações são resultantes de um manejo inadequado do solo, e que têm gerado consequências desastrosas para a biodiversidade e para as comunidades humanas

A degradação do solo é um problema especialmente grave em regiões semiáridas, onde as condições climáticas adversas agravam os efeitos da ação humana. No semiárido nordestino do Brasil, por exemplo, a substituição da vegetação nativa da caatinga por atividades agrícolas e pecuárias tem acelerado a desertificação. Essa substituição compromete não apenas o meio ambiente, mas também a subsistência das populações locais, que dependem dos elementos naturais para sobreviver.

O planejamento territorial eficaz depende do conhecimento detalhado sobre o uso e ocupação da terra. Ferramentas de sensoriamento remoto (SR) tais como a Plataforma Hãmugãy¹ são essenciais para monitorar as mudanças na cobertura do solo ao longo do tempo. São ferramentas que permitem a obtenção de dados precisos e de baixo custo sobre grandes áreas, utilizando satélites, aeronaves e drones que captam a radiação eletromagnética refletida pela superfície terrestre, revelando uma visão clara das transformações ambientais, possibilitando a implementação de políticas de desenvolvimento sustentável.

No Brasil, quatro áreas foram classificadas como de alto risco de desertificação: os núcleos de Gilbués (PI), Irauçuba (CE), Seridó (RN) e Cabrobó (PE). O núcleo de Cabrobó, que abrange uma área de 8573 km², é um exemplo alarmante de como a intervenção humana pode intensificar a degradação ambiental. A substituição da vegetação nativa por atividades agrícolas e pecuárias, além da extração de madeira, tem sido o maior fator determinante para os intensos processos de degradação na região.

Para enfrentar esses desafios, é vital promover práticas de manejo sustentável dos recursos naturais, que respeitem as limitações e potencialidades do meio físico. Além do monitoramento contínuo e o uso de tecnologias avançadas,aliados indispensáveis na luta contra a desertificação, precisamos de políticas públicas eficazes, que incentivem a conservação ambiental e a recuperação das áreas degradadas.

Neste Dia Mundial de Combate à Seca e à Desertificação, reafirmamos nosso compromisso com a proteção do meio ambiente e a promoção de um futuro sustentável. A conscientização e a ação coletiva são fundamentais para reverter os danos causados e garantir a saúde do planeta para as futuras gerações. Reconecte-se com a natureza e participe de mais uma causa vital para a sustentabilidade do planeta.

Referência

DE SOUZA, Deivid Damião Roque, et al. Análise espaço-temporal do uso da terra em municípios do núcleo de desertificação de Cabrobó, Pernambuco. 2024.

¹ Plataforma Hamugãy, cujo nome vem do Macro-Jê e significa o poder espiritual da onça, é um aplicativo de monitoramento ambiental voltado para áreas indígenas que permite registros rápidos de ocorrências ambientais e ameaças, incluindo fotos e coordenadas GPS, que são enviados ao Centro de Monitoramento da CONAFER. Esses dados são exibidos em um mapa interativo, facilitando a resolução rápida de problemas. A escolha do nome “Hãmugãy” celebra o conhecimento tradicional indígena e reforça o compromisso com a preservação da biodiversidade e a autonomia dos povos indígenas.

Compartilhe via: