da Redação

Brasil é o terceiro maior produtor mundial e 70% da produção está nas pequenas propriedades rurais

O feijão tem posição de destaque na alimentação dos brasileiros. Também se constitui em um dos produtos agrícolas de maior relevância econômica e social do país, tendo em vista o grande número de pessoas envolvidas nesta cultura. Mas é nas propriedades dos pequenos agricultores que a maior parte do feijão brasileiro é produzido.

Somente em Minas Gerais, estima-se que 295 mil produtores e 7 milhões de trabalhadores se dediquem ao cultivo a cada ano. Além de Minas, estão entre os maiores produtores nacionais os estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso e Paraná.

O relatório de avaliação sobre o crédito rural no âmbito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), publicado em janeiro de 2020 pela Controladoria Geral da União, a CGU, traz dados do Censo Agropecuário para demonstrar que 70% da produção de feijão no Brasil é oriundo da agricultura familiar.

O estudo mostra que 84,4% dos estabelecimentos agropecuários no Brasil pertencem a grupos familiares. Isso corresponde a 4,4 milhões de estabelecimentos, que constituem a base econômica de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. Esses empreendimentos também respondem a 40% da população economicamente ativa no país.

Os números demonstram a importância dos agricultores familiares para a segurança alimentar dos brasileiros e para a própria geração da riqueza econômica, recursos estes que resultam em investimentos em áreas como educação, saúde, saneamento e moradia. A respeito do feijão, os números também demonstram que o Brasil é o terceiro maior produtor mundial, com média anual de 2,8 milhões de toneladas – conforme levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa.

Base da alimentação nacional junto ao arroz, milho e mandioca, o feijão é cultivado por produtores familiares em todas as regiões do país e está ligado à própria história da humanidade. No dia a dia do brasileiro, ele está presente na maior parte dos pratos servidos no horário do almoço.


Os povos indígenas e o feijão

Comunidade Indígena no Uiramutã produz 14 tipos de feijão

Quando os portugueses aportaram no Brasil, os povos originários já utilizavam o feijão na sua alimentação. Os indígenas chamavam a semente de “comanda” e a comiam misturada à farinha de mandioca.

No período da colônia, o feijão ganhou a senzala, misturado a sobras de cortes de carnes não aproveitadas pelos senhores dos engenhos e fazendas, como orelha, focinho e rabo do porco e do boi. Era o início da popularização da feijoada no Brasil.

Há algumas hipóteses arqueológicas para o início do cultivo do feijão no mundo. As principais são de que ele tenha sido plantado por volta de 10 mil a.C. na América do Sul, no atual Peru, e dali tenha sido levado para o restante das Américas. No México, foram encontrados plantios datados de 7 mil a.C..

Na verdade, os vários tipos de feijões estão entre os alimentos mais antigos do mundo. Há registros de seu cultivo também no Egito Antigo, na Grécia e no Oriente Médio, cerca de 1.000 a.C.. No Império Romano, eram usados em festas gastronômicas e como dinheiro.

Nas ruínas de Tróia, foram encontradas evidências de que os feijões eram o prato principal entre os militares. O que contribui para a teoria de que a disseminação do feijão pelo mundo ocorreu devido às guerras, já que a semente era a base da dieta dos exércitos em marcha.


Sabores para todos os gostos

No Brasil, cada região tem preferência por um tipo de feijão, conforme a história e a cultura de cada localidade. Há grande diversidade de cores, tamanhos e sabores, que incluem tipos como o feijão preto, o branco, mulatinho, vermelho, roxinho, carioquinha, fradinho, manteiguinha e feijão de corda, entre vários outros.

Em Minas, por exemplo, costuma-se misturar o feijão preto com farinha de mandioca (assim como faziam os indígenas) e com pedaços de linguiça frita e toucinho – costume herdado, provavelmente, do período do tropeirismo. Mas o jalo, de grãos grandes e amarelados, também tem público cativo, sendo usado no preparo do tutu à mineira e revirados. No Pará, os tipos mais apreciados são o fradão e o manteiguinha.

No Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, a preferência é pelo feijão preto, consumido com farinha, arroz e abóbora-moranga. Em solo gaúcho, comunidades quilombolas da região litorânea também têm buscado recuperar o consumo de uma semente antiga, o feijão sopinha, ligado à cultura dos antepassados. Já o feijão branco é muito utilizado no mocotó, que, assim como a feijoada, leva sobras de cortes de carnes em seu preparo.

Em Santa Catarina, prefere-se o feijão branco no dia a dia. Em quase todo o Nordeste, fazem sucesso o feijão de corda, consumido sem caldo no baião de dois, e o mulatinho, preparado com abóbora e/ou mandioca. Na Bahia, o feijão de corda, também chamado de fradinho, é o principal ingrediente do acarajé e do abará. No Centro-Oeste, ganha destaque o rosinha. Mas, em todo o país, é bastante consumido também o feijão carioquinha, de grãos médios e cozido rápido.

Algumas curiosidades sobre o feijão:

☑️ O feijão possui vitaminas B e C e é excelente fonte de proteína, carboidratos e minerais, em especial o ferro.
☑️ O feijão carioquinha tem esse nome por causa das listras, que lembram o calçadão de Copacabana. Ele é fruto do cruzamento de outros tipos de feijões, 40 anos atrás.
☑️ Nos Estados Unidos, costuma-se comer feijão com bacon e melado. Na França, os preferidos são os feijões graúdos, brancos ou vermelhos, e sem caldo. 
☑️ No México, a preferência é comê-lo frito, sem o caldo e com chili, uma pimenta picante.

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