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ALERTA AMBIENTAL: ataques de onça-pintada no Pantanal revelam urgência na conservação dos territórios indígenas

Foto: Grupocataratas

Na madrugada desta quinta-feira, dia 24 de abril, equipes da Polícia Militar Ambiental, PMA, capturaram uma onça-pintada macho, na região do pesqueiro onde o caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, foi atacado e morto por uma onça no Pantanal de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, nesta última segunda-feira, 21 de abril. O governo de Mato Grosso do Sul determinou a captura do animal, que foi transferido para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, Cras, de Campo Grande. Lá, serão realizados exames para determinar se o animal detido é o mesmo que matou o caseiro. As onças-pintadas raramente machucam seres humanos, pois são animais naturalmente reclusos e preferem evitar contato com pessoas. Por isso este ataque incomum da onça-pintada no Pantanal revela a escassez de alimentos para os animais e um desequilíbrio ambiental, causado por incêndios e desmatamento no habitat natural das onças. Com fome, esses felinos  acabam se aproximando de áreas habitadas. A solução é respeitar o lar desses animais, combatendo o desmatamento por meio da demarcação das terras indígenas, reservas naturais de conservação do meio ambiente

Considerada o maior felino do continente americano e terceiro maior felino do mundo, a onça-pintada vive principalmente em países da América do Sul e Central, sendo que o Brasil abriga cerca de 50% da população global da espécie, segundo o Instituto Onça-Pintada, IOP. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBio, ela pode ser encontrada em vários biomas, como as florestas úmidas da Amazônia e da Mata Atlântica, as savanas do Cerrado e da Caatinga e as áreas alagadas do Pantanal, que, junto com a Amazônia, concentram a maior parte destes animais. É no Pantanal, inclusive, que vivem as maiores onças: os machos podem pesar até 140 quilos e as fêmeas, até 90.

A onça-pintada foi extinta em 54% da sua área de ocorrência original no continente americano. Este felino está classificado como “quase ameaçado” pela IUCN, com a diminuição de sua população devido à perda de habitat e a caça ilegal – Foto: @thewildlifejunkie

As onças-pintadas conseguem viver em vários tipos de ambiente, mas estão perdendo cada vez mais espaço na natureza por causa do desmatamento. Quando as florestas são destruídas, elas perdem não só o lugar onde vivem, mas também a comida, já que há menos presas disponíveis. Por isso, está se tornando mais comum encontrar esses animais perto de áreas urbanas, principalmente nas regiões onde o avanço das cidades invade o habitat natural delas. Segundo o Instituto, esse contato mais próximo com os seres humanos pode ser perigoso tanto para as pessoas quanto para as onças, que muitas vezes acabam sendo mortas por medo.

Onça-pintada capturada na madrugada desta quinta-feira (24) por equipes da Polícia Militar Ambiental, PMA – Foto: Saul Schramm/Secom

Segundo o relatório Desmatamento em Terras Indígenas na Amazônia e Cerrado – Prodes 2024, do Instituto Socioambiental, ISA, as terras indígenas continuam sendo as maiores barreiras contra o desmatamento nos biomas da Amazônia e Cerrado. Na Amazônia, as aldeias ajudam a preservar mais de 97,4 milhões de hectares, o que equivale a cerca de 137,2 milhões de campos de futebol. No Cerrado, as T.Is protegem aproximadamente 8,3 milhões de hectares, ou 11,7 milhões de campos de futebol. Somadas, as terras indígenas da Amazônia e do Cerrado são responsáveis por conservar uma área equivalente a 12,4% de todo o território brasileiro. Esses dados comprovam que a melhor alternativa para combater o desmatamento e as queimadas nas florestas, preservando o habitat natural das onças-pintadas e evitando ataques aos seres humanos, é a demarcação dos territórios indígenas.

Foto: Daniela Huberty/COMIN

Logo, a demarcação dos territórios indígenas é uma medida urgente e muito importante. Ela ajuda a diminuir os efeitos das mudanças climáticas, porque os povos indígenas cuidam da floresta e da natureza. Além disso, a demarcação evita conflitos e atos de violência causados pela disputa de terras, como invasões de pistoleiros e desmatamento. Quando os indígenas têm suas terras garantidas, eles podem viver com mais segurança, manter suas tradições e continuar plantando, pescando e passando seus conhecimentos para as próximas gerações. Por isso, demarcar as terras indígenas é uma forma de cuidar não só das onças-pintadas, como também das pessoas, da cultura e de toda natureza ao mesmo tempo.

Foto: Reprodução

A crise climática não afeta apenas as onças e outros animais, mas também a vida, a saúde e o bem-estar dos povos indígenas. Os impactos das mudanças no clima têm destruído a natureza, ameaçado o modo de vida tradicional e causado sofrimento emocional nas aldeias. Por isso, é muito importante que o STF decida pela inconstitucionalidade do marco temporal, reconhecendo o direito dos povos indígenas às suas terras tradicionais, independentemente da data em que foram ocupadas. Garantir esse direito é essencial para proteger os territórios e salvar vidas.

Queimada no território Hunikuin, em Rio Branco (AC) – Foto: Denisa Starbova

Por isso, a CONAFER por meio da Secretaria Nacional de Povos, Comunidades Tradicionais e Política Social, a SEPOCS, apoia de forma permanente o marco ancestral contra a inconstitucionalidade do marco temporal. Além disso, a SEPOCS segue apoiando práticas sustentáveis, como a agricultura familiar nas aldeias e a plantação de árvores. A Confederação acredita que as terras indígenas são reservas naturais de conservação do meio ambiente e, diante da atual crise climática e do desequilíbrio ambiental, a demarcação de terras indígenas é o melhor caminho para os povos originários e para animais silvestres, como as onças pintadas.

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