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CONAFER PASSANDO A LIMPO — Projeto ERA: da Estação Rural Agroecológica à Assistência Técnica Rural

Quando a CONAFER desenhou o Projeto ERA (Estação Empreendedora Rural Agroecológica) a ambição cabia numa frase simples: garantir renda contínua ao produtor familiar pela diversificação inteligente da produção, combinando colheitas de ciclo curto com colheitas de médio e longo prazo, como árvores frutíferas, e unidades de beneficiamento e agregação de valor. O projeto traz a lógica de módulos consorciados, produção agroecológica, certificação, rastreabilidade, e geração de renda o ano inteiro.

O ERA foi concebido pela SAER (Secretaria Nacional de Agricultura e Empreendedorismo Rural) dentro da estrutura técnica da CONAFER, com objetivos claros de fortalecer crédito, modernizar processos, valorizar o produtor como empreendedor e criar estações de produção agroecológica replicáveis. A ideia central foi afastar o produtor da monocultura e garantir, por meio da combinação de módulos que vão do plantio de ciclo curto a micro indústrias, um fluxo de receitas mensais e segurança alimentar.

O projeto previa também medidas de sustentabilidade (captação de água, painéis solares, biodigestores) e certificação dos produtos por selos reconhecidos (IBD, Ecocert, selo orgânico nacional etc.), para agregar preço e abrir mercado.

O ERA foi desenhado em módulos intercambiáveis, cada qual com estimativas técnicas e financeiras específicas. Entre os módulos previstos estão: produção de leite (manejo de pastejo rotacionado), produção de frango e ovos orgânicos, produção de pescado (tilápia), cogumelos, estufas para hortaliças, agroflorestais (SAF), apicultura, cadeia de ovinos (lã e abate), processamento (moinho, beneficiamento de óleo/ pimenta), centro de capacitação e infraestrutura comunitária (casas, centro comunitário, câmara fria). Um levantamento de custo resumido indica que um ERA local poderia ser implantado com investimentos variáveis por estação, dependendo dos módulos escolhidos; a estimativa consolidada para um projeto de maior porte requer um grande investimento, mas também traz mais retorno.

A estratégia econômica é: vatios de retorno rápido (milheto, pimenta — ciclos de 30–60 dias) alimentam a cadeia até que culturas de retorno lento (árvores frutíferas) amadureçam; paralelamente, micro industrias (moinho, unidade de óleos, abatedouro de aves/lã) agregam valor e abrem canais de comercialização.

Aconteceram experiências-piloto e implantações em várias unidades da federação: Teodoro Sampaio (SP), região Café sem Troco (GO + DF), Pau Brasil (BA), Tangará da Serra (MT), Itupiranga (PA) e José de Freitas (PI) — além de Colombo (PR). Estas estações aparecem como casos em que a combinação entre produção, capacitação técnica e iniciativas de comercialização criou cadeias locais mais resilientes e com produtos de maior valor agregado.

Documentos internos destacam ganhos práticos: integração entre apicultura e SAFs, utilização de biodigestores para fertilizante e energia, sistemas fotovoltaicos que reduziram custos operacionais e a criação de unidades de beneficiamento que mantiveram valor agregado no território. Esses componentes transformaram algumas unidades piloto em referência local para sócios de mercado e pequenos compradores.

A aposta internacional: Brasil — Nigéria

Encerrada a fase de prototipagem e com casos-base no Brasil, a CONAFER formalizou uma proposta ambiciosa para replicar o ERA na Nigéria. O dossiê para o país africano é detalhado, com um completo diagnóstico agrícola nigeriano, escolha de culturas adaptadas (milheto, sorgo, amendoim, mandioca, inhame, pimenta), módulos de produção e micro indústrias, estimativas de área (o projeto modelo ocupava 18 hectares) e orçamento global estimado em US$ 5 milhões para execução completa, com prazo previsto de um ano após aprovação técnica. O projeto nigeriano incluía também infraestrutura comunitária com 18 casas, centro comunitário, silo, câmara fria e uso intensivo de energia solar e biodigestores para reduzir custos e aumentar a sustentabilidade.

No papel, a articulação era promissora, a Nigéria tem uma economia onde a agricultura emprega grande parte da força de trabalho e onde sistemas agroecológicos diversificados têm apelo técnico e social. 

Transição institucional: Projeto ERA → Diretoria ERA

O Projeto ERA existiu como programa operacional por alguns anos; depois a CONAFER reorganizou a estrutura e instituiu a Diretoria ERA, com foco em assistência técnica rural e descentralização das ações, uma mudança de formato que transformou o ERA de um conjunto de estações-piloto num vetor institucional mais amplo, com capacidade de prestar assistência técnica, monitorar e multiplicar métodos em escala. Essa mudança faz sentido: operacionalizar estações demanda coordenação e orçamento; transformar a experiência em diretoria permite levar a metodologia (módulos, capacitação, certificação) para outras frentes sem depender exclusivamente de grandes obras locais. (Essa observação baseia-se em seu apontamento e na lógica programática presente nos relatórios.)

Resultado e lições — o que o Projeto ERA deixou

  1. Prova de conceito: a combinação de ciclo curto + processamento e selo agrega valor e reduz risco para o produtor familiar.
  2. Capacidade técnica robusta: o projeto reuniu conhecimento sobre manejo agroecológico, SAFs, tecnologias de energia e processamento, demonstrando que é possível desenhar estações completas com viabilidade técnica.
  3. Escalabilidade via institucionalização: a transição para uma diretoria permite maior capilaridade técnica, reduzindo a necessidade de investimentos imediatos em infraestrutura por estação. 

O Projeto ERA foi e continua sendo uma ideia estratégica, colocando no centro o produtor familiar como empreendedor, com renda contínua e agregação de valor. As estações brasileiras provaram que o conceito funciona em contextos distintos; a tentativa nigeriana mostra ambição e capacidade de formulação, mas também que a internacionalização exige maturidade política e operacional. Transformar a experiência em uma Diretoria ERA foi uma resposta institucional inteligente que preserva o conhecimento técnico, amplia o alcance e reduz a exposição financeira de cada unidade.

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