FONTE: G1

Dados são da Ceasa de outubro de 2017 a outubro de 2018. Apesar da produção, empresário diz que 90% dos produtos vendidos nos supermercados do estado são de fora.

Em um ano, a agricultura familiar movimentou mais de R$ 24,3 milhões no Acre, segundo dados da Central de Comercialização e Abastecimento da Capital (Ceasa). Os produtos que foram mais vendidos foram as flores e mudas que geraram um acúmulo de R$ 20,1 milhões.

Os dados são do dia 31 de outubro de 2017 até 31 de outubro de 2018. Ao todo, foram vendidos 9,6 milhões de produtos no período. A venda de frutas foi a segunda categoria que mais rendeu, chegando a R$ 10,6 milhões.

Com pescado, a agricultura familiar vendeu mais de R$ 500 mil, com hortaliças (folha, frutos e raízes) chegou a mais de R$ 9 milhões, com a venda de aves e ovos rendeu quase R$ 340 mil.

Teve ainda a venda de cereais que gerou um montante de R$ 230 mil e produtos diversos como bacalhau, farinha, queimo, tucupi e outros que chegou a R$ 3,3 milhões.

Mais de 40 mil produtores rurais

Em todo o estado , existem cerca de 42 mil agricultores familiares, segundo a Secretaria de Agricultura e Produção Familiar (Seaprof). O diretor da secretaria, Brana de Muniz informou que o órgão acompanha em torno de 16 mil famílias tanto na parte de fomento, como armazenamento e assistência técnica e extensão rural.

“A Seaprof também tem contratado algumas empresas para prestar assistência técnica em alguns serviços. As cinco cadeias produtivas prioritárias do estado são a da seringa, castanha, fruticultura, suinocultura e pecuária leiteira. No entanto, trabalhamos também com a farinha, horticultura, piscicultura, e continuamos fazendo investimentos. Tudo isso da agricultura familiar, que é nosso público principal”, disse Muniz.

O secretário afirmou ainda que mais de 70% da produção que abastece a Ceasa, os mercados e feiras de bairros vem da produção familiar.

“Quando vamos no supermercado, a maioria dos produtos vem da agricultura familiar, com exceções vem de grandes produtores. Só do governo do estado de investimento agricultura familiar, de 2011 para cá, já foram investidos mais de R$ 500 milhões”, informou o secretário.

Porém, o empresário e vice-presidente da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agrícola do Acre (Acisa), Aden Araújo, diz que não é bem assim. Segundo ele, cerca de 90% do que é vendido nos supermercados do estado são produtos que vêm de outros estados.

“Não tenho esse número preciso, mas é aproximadamente 90%. Daqui, a gente comercializa hortaliças, banana cumprida, o resto vem de fora, porque não tem, não é suficiente. A maioria dos produtos que nós podemos comprar por aqui são de produtores sazonais, produzem uma época do ano e outra não. Aí não tem como”, disse Araújo.

Para os agricultores, a maior dificuldade para a produção familiar é a questão da falta de acesso das propriedades rurais até a cidade — Foto: Tácita Muniz/G1Para os agricultores, a maior dificuldade para a produção familiar é a questão da falta de acesso das propriedades rurais até a cidade — Foto: Tácita Muniz/G1

Para os agricultores, a maior dificuldade para a produção familiar é a questão da falta de acesso das propriedades rurais até a cidade — Foto: Tácita Muniz/G1

Dificuldade de escoamento

Para os agricultores, a maior dificuldade para a produção familiar é a questão da falta de acesso das propriedades rurais até a cidade, ou seja, o escoamento da produção.

Desde os 9 anos, o produtor rural João Martins, de 64 anos, trabalha na agricultura. Ele vive em uma comunidade rural a cerca de 70 quilômetros de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre. Ele conta que precisa andar por três horas para conseguir chegar no asfalto na época do inverno.

“A principal dificuldade do homem do campo que vive da agricultura é o transporte e o preço do produto. O acesso é muito difícil, até nessa época, a gente tem que pagar moto para sair de lá. Para tirar o produto é difícil, tem que ser na carroça do boi”, disse o produtor.

Apesar das dificuldades, Martins afirma que gosta de trabalhar e produzir. Ele pede mais atenção por parte das autoridades.

“Gosto de trabalhar e produzir. Mas, a gente espera que os governantes trabalhem, porque nós é que sustentamos o povo da cidade, da goma ao biju, e não dão valor. Lá eu tenho muita fruta, mas não posso trazer, porque não tem como. Então, só vendo a farinha mesmo”, afirmou Martins.

Para o agricultor Gercílio da Costa, de 54 anos, a dificuldade é a mesma. Ele produz farinha, melancia, milho e trabalha na roça. Para chegar na cidade de Cruzeiro do Sul, Costa precisa usar um barco, já que a comunidade Santa Rita, onde vive, fica a uma hora da ponte.

“É muito difícil, lá a gente precisa de barco. Os produtores têm muita dificuldade de transportar seus produtos para chegar até a ponte. Trouxe melancia e o dono do carro me cobrou R$ 1 por cada uma. A gente produz, e quer achar uma pessoa que olhe para nosso trabalho”, disse Costa.

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