O Rei da Cultura, Tradições e Religiões da África é o mensageiro de uma parceria que inaugura um novo relacionamento entre a Nigéria e o Brasil; CONAFER foi escolhida para esta missão
Nigéria, 190 milhões de habitantes, o país mais populoso da África, com uma produção de riquezas de 500 bilhões de dólares, 37% das terras agricultáveis em um território 8 vezes menor que o brasileiro.
A Nigéria fica no Golfo da Guiné, com reservas naturais de animais selvagens, como o Parque Nacional do Rio Cross e o Parque Nacional Yankari, com cachoeiras, densas florestas, savanas e habitats de primatas raros.
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O setor agrícola é em sua maior parte de subsistência, o que dificulta o abastecimento interno para acompanhar o crescimento da população. E a Nigéria, que já foi um grande exportador de alimentos, agora precisa importá-los.
Este país quer conversar sobre agricultura familiar com o Brasil, e escolheu a CONAFER para abrir este diálogo que ultrapassa as relações comerciais, pois é uma grande celebração da ancestralidade que une os povos afros e originários do Brasil.
O mensageiro desta boa notícia chama-se Kabiesi Sangokunle Adekunle Alayande Awurela, Rei da Cultura, Tradições e Religiões da África.
Kabiesi Sangokunle foi recebido pelo presidente da CONAFER, Carlos Lopes, em Brasília, para selar esta aliança África-Brasil. Depois da reunião, Kabiesi falou com a SECOM sobre as suas ideias e esta parceria com a CONAFER.
SECOM:
A Nigéria e o Brasil têm muitas semelhanças em termos econômicos e sociais, mas a principal delas é a da herança cultural, da exploração do colonizador e como estes países reagiram a esta dominação. E agora, como eles olham para o futuro?
Kabiese Sangokunle: “Acordando do sono profundo da colonização. É assim que vamos mudar esta história. Para chegar à Europa partindo do Brasil, levamos mais de 8 horas. Do Brasil para Lagos, a maior cidade e o grande centro financeiro da Nigéria, são apenas 4 horas. Por que não mudar este itinerário do colonizador?
Por que não ampliar a visão e se conectar, pois somos todos de uma mesma raiz, somos irmãos de sangue, estamos unidos também pelas nossas ancestralidades, nossas culturas, nossa música, nosso artesanato, nossos sonhos de liberdade.
Passamos pelas mesmas formas absurdas de agressão e violência, mas sobrevivemos e nos multiplicamos, e unidos somos muito mais fortes. Esta é a mensagem do meu povo para os brasileiros. Nós escolhemos a CONAFER como parceira nesta missão. Queremos juntos fazer esta aliança de trabalho e desenvolvimento entre os agricultores familiares brasileiros e africanos.”
SECOM:
O senhor representa 16 líderes africanos, conhece muitas culturas globais e o seu conhecimento do Brasil é maior que a maioria dos brasileiros. Como o seu povo enxerga esta aproximação e os projetos de parcerias com a CONAFER?
Kabiese Sangokunle: “Com muita alegria, como é característico dos nossos povos. Vemos a CONAFER como uma ponte segura para trocar nossas experiências e ampliar as relações. A CONAFER pode oferecer o seu conhecimento técnico, sua expertise no assunto agricultura familiar. Mas é a diversidade cultural da CONAFER que fortalece ainda mais esta relação, que nos aproxima e sedimenta um caminho futuro muito produtivo e de confiança em nossas relações.”
Após o encontro na CONAFER, Kabiese Sangokunle foi recebido no Território Indígena Recanto dos Encantados, em Sobradinho/DF
O Recanto dos Encantados viveu um dia inteiro de festa e muita magia ao som dos atabaques e dos maracás, para receber Sangó Kunlé, o nome do Rei Kabiesi Sangokunle em Iorubá.
O Encontro de Ancestralidades foi promovido pelas Secretarias de Assuntos Indígenas, Culturas e Tradições dos Povos Originários, Promoção e Resgate de Línguas Indígenas, juntamente com a Secretaria LGBT Casa Tibiras da CONAFER – Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais – e também contou com a honrosa presença da Família Ilê Axé Di Oyá, com muito ritual e alegria. Um sinal de que a visita do Rei Kabiesi Sangokunle foi coroada de êxito.