da Redação
Um dos biomas mais ricos do planeta e o mais ameaçado do país, é formado por planaltos e serras, e sua área corresponde a 15% do território brasileiro
Cerca de 70% da população brasileira vive em áreas de Mata Atlântica. Também por isso o bioma é muito importante tanto em termos econômicos quanto ecológicos. As formações florestais encontradas na Mata Atlântica ajudam, por exemplo, na regulação do clima e na proteção do solo.
O bioma abriga sete das nove maiores bacias hidrográficas brasileiras e diversos ecossistemas associados, como manguezais, restingas, campos de altitude e brejos interioranos. Essa variedade é resultado das variações climáticas e de relevo verificadas ao longo do extenso litoral.
A Mata Atlântica está localizada ao longo de toda a costa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, abrangendo todo o território dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e de Santa Catarina, além de parte do território de Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.
Porém, esse é também o bioma mais devastado do nosso país e, por isso, atualmente sua vegetação corresponde a apenas 12,4% da mata original, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica – sendo que cerca de 80% da área preservada está localizada em propriedades privadas.
Com diferentes formações vegetais e ecossistemas associados, que se destacam por sua grande biodiversidade, o bioma inclui várias espécies que só são vistas ali, como o mico-leão-dourado. Contudo, essa biodiversidade corre extremo risco, pois a maior parte dos animais ameaçados de extinção vive na Mata Atlântica.
Agroecologia familiar atua pela sobrevivência do bioma
Existem diversas iniciativas em andamento para recuperação da Mata Atlântica. Um exemplo é o da criação de Áreas de Preservação Ambiental (APAs) dentro de pequenas propriedades de agricultores familiares. Essas áreas são apoiadas por uma legislação rígida e fiscalização intensiva dos cidadãos. Desta forma, a agricultura familiar se apresenta como fator fundamental para promoção da segurança alimentar e nutricional e, ao mesmo tempo, da gestão dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.
A Constituição Federal de 1988 estabelece a Mata Atlântica como patrimônio nacional, em conjunto com a Floresta Amazônica brasileira, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a zona costeira. A derrubada da mata primária é proibida.
Outro modelo que tem contribuído para a recuperação do bioma é o dos sistemas agroflorestais (SAF), que associam culturas agrícolas com espécies arbóreas e de diferentes extratos para arranjos produtivos mais compatíveis com a conservação do ambiente natural. Sistemas agroflorestais possibilitam produzir alimentos e, ao mesmo tempo, melhorar as condições do solo, reduzir as perdas de água no processo produtivo, contribuir para o controle de pragas e doenças, promover paisagens mais heterogêneas e processos produtivos mais sustentáveis
Um estudo sobre a percepção das comunidades rurais quanto ao uso econômico de espécies da Mata Atlântica mostrou que mesmo as espécies mais amplamente conhecidas não são vistas como fontes de renda. No entanto, uma análise da CEDAGRO – Centro de Desenvolvimento do Agronegócio, de 2018 sobre o potencial para comercialização das espécies frutíferas da Mata Atlântica evidenciou demanda de consumo estimada em 5.525.981 kg de frutos in natura por ano.
Apesar do amplo potencial de uso das espécies nas indústrias alimentícia, farmacêutica e de cosméticos, poucas têm sido utilizadas na agricultura. Isso pode estar relacionado com a falta de conhecimento técnico de manejo e do mercado de espécies nativas. Por outro lado, a inclusão de espécies nativas em SAF está diretamente relacionada com a sua viabilidade financeira.
Outros usos econômicos da Mata Atlântica estão no turismo ecológico e nas plantas medicinais como espinheira-santa e caixeta. Além da exploração de árvores e frutas nativas do bioma, como: jabuticabeira, goiaba, araçá, pitanga, caju, cambuci, erva-mate, pau-brasil, juçara, bromélias, orquídeas, pinheiro-do-paraná, jatobá, gabiroba e palmiteiro.
A preservação do bioma está diretamente relacionada com o resgate e preservação da cultura das comunidades tradicionais e dos povos indígenas, entre os quais estão: Wassu, Pataxó, Tupiniquim, Gerén, Guarani, Krenak, Kaiowa, Nandeva, Terena, Kadiweu, Potiguara, Kaingang, guarani M’Bya e Tangang.