da Redação
Uma unidade produtiva que acrescenta um novo valor aos itens originados na produção agrícola, desde o processamento até sua industrialização, criando produtos originais e comercializáveis. Assim podemos definir a agroindústria. Uma atividade de grande importância para a economia do país. Por meio dela, é possível transformar matérias-primas, a exemplo das frutas, leite e carnes, em polpas, queijos e embutidos, aumentando a vida útil desses produtos e diversificando a produção de alimentos. A infraestrutura da agroindústria familiar está diretamente relacionada à capacidade e à disponibilidade da força de trabalho, capacitação técnica e empreendedorismo das famílias para desempenhar atividades específicas de beneficiamento e processamento dos produtos agrofamiliares. Na CONAFER, é cada vez maior o número de associados que se organizam em forma de cooperativas e associações para desenvolverem a agroindústria familiar e promover a comercialização de seus produtos. Um exemplo é a Cooperativa de Produção e Comercialização Agroindustrial Terra Boa (COOTERRA), com sede no assentamento Zumbi dos Palmares, município paraibano de Mari, a 50 km da capital João Pessoa, e que criou, em setembro do ano passado, uma agroindústria voltada para o beneficiamento e comercialização da mandioca, aumentando os lucros e melhorando a vida de 130 famílias de agricultores familiares. Outra filiada à CONAFER, a Associação de Mulheres Camponesas Filhas da Terra (Filhasdaterra), com sede em Parauapebas, a 720 km da capital paraense, fez da agroindústria a principal fonte de renda de 65 famílias, chefiadas pelas mulheres associadas
O processamento de produtos agropecuários é uma atividade que requer mais recursos da agricultura familiar, e podem ser feitos durante todo o ano pelos agricultores familiares em suas propriedades rurais, a exemplo da fabricação de queijos artesanais, enquanto outros ficam condicionados à disponibilidade da matéria-prima, como os doces, geleias e farinhas, que dependem das safras das frutas e leguminosas utilizadas em sua elaboração. Além de proporcionar mais postos de trabalho e renda para o meio rural, a agroindústria evita o descarte dos excessos agropecuários produzidos e mantém a tradição da cultura agrofamiliar de desenvolver alimentos livres de aditivos químicos de forma agroecológica.
Para implantar uma agroindústria, é necessário que o produtor agrofamiliar cumpra com todas as exigências necessárias à obtenção das licenças sanitárias, fiscais e previdenciárias, a fim de que seja garantida a procedência e a qualidade dos alimentos que chegam à mesa do consumidor.
No entanto, a criação de agroindústrias familiares no Brasil ainda enfrenta muitas dificuldades para sua implementação, como a falta de orientação e assistência técnica na administração profissional, gestão financeira e marketing, por exemplo, de modo que informações da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam para o fato de 70% das empresas rurais de porte menor não chegarem à segunda geração das famílias, e menos de 10% dos negócios familiares alcançarem à terceira geração.
Outros obstáculos como a burocracia excessiva para acesso ao crédito e para a obtenção de registros junto aos órgãos reguladores, as dificuldades de produzir em pequena escala, e a ausência de condições estruturais para contratação de assistência e consultoria técnica, também impedem o pleno desenvolvimento desse nicho, causando a morte prematura de negócios rurais empreendedores. Apesar desses desafios, agricultores familiares de todo o país vêm se organizando sob a forma de associações e cooperativas para criação de agroindústrias em suas pequenas propriedades, trazendo mais valorização aos seus produtos e ganhos econômicos para suas comunidades.
De acordo com informações da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa), a agroindústria tem participação de 5,9% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, por meio do beneficiamento, transformação dos produtos e no processamento de matérias-primas provenientes da agropecuária, promovendo dessa forma maior integração do meio rural com a economia de mercado. Com isso, é importante estimular a sua criação e assegurar a sustentabilidade e a permanência dessa atividade tão importante para o país, com potencial para impulsionar o desenvolvimento socioeconômico das comunidades de forma sustentável e reduzir as desigualdades regionais.
Agroindústrias da CONAFER
A instalação de uma agroindústria requer um planejamento preciso sobre quais produtos serão fabricados, a quantidade e o mercado para o qual se destinam. Um exemplo de como este negócio pode proporcionar bons resultados para os agricultores familiares é a mandioca produzida pela associada à CONAFER COOTERRA, que conta com uma produção anual de 4,2 mil toneladas de mandioca, comercializada em pacotes congelados e embalados a vácuo, e que tem a qualidade da tradição agrofamiliar em todas as etapas do processo produtivo, desde a lavoura, cuidando para que o solo não seja prejudicado durante o seu plantio impactando no seu rendimento, até o processamento em toletes cortados de forma manual pelos cooperados.
O cultivo da macaxeira vendida pela cooperativa e produzida no assentamento é viabilizado pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), operado pelo Banco do Nordeste, e grande parte da produção desenvolvida pelos cooperados é destinada ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A CONAFER, por meio de suas secretarias, tem apoiado seus associados e incentivado a criação de agroindústrias destinadas ao beneficiamento e processamentos de suas produções, auxiliando com assessoramento técnico e orientações para obtenção das licenças necessárias ao seu funcionamento.
Outra filiada à CONAFER, a Associação de Mulheres Camponesas Filhas da Terra (Filhasdaterra), com sede em Parauapebas, a 720 km da capital paraense, fez da agroindústria a principal fonte de renda de 65 famílias, chefiadas pelas mulheres associadas. Dentro da área de proteção ambiental em que se encontra instalada a associação, elas produzem alimentos da agricultura familiar utilizando o Sistema Agroflorestal (SAF), realizando o seu processamento para transformá-los em doces, bolos, geleias, sorvetes, pão, licores e banana chips.
Desde que iniciaram suas atividades no ano de 2016, e por estarem situadas em uma área de proteção ambiental, os agricultores familiares de Parauapebas utilizam da agroecologia para produzir de forma artesanal, 100% sustentável e orgânico. “Passamos por muitas dificuldades e ainda temos alguns desafios a serem superados, como a falta de transporte para escoar nossa produção, mas conseguimos avançar e trazer mais renda para nossas associadas”, relatou a presidente de Filhasdaterra, Nubia Gurgueia.
Mais informações sobre agroindústria familiar podem ser obtidas na Secretaria de Agricultura e Empreendedorismo Rural (SAER) da CONAFER pelo telefone e WhatsApp: (61)3548-4360.