De 14 a 19 de março, na aldeia Kamuru, localizada no município de Santa Terezinha, no Recôncavo Sul Baiano, no distrito de Pedra Branca, foi realizado o curso “Apicultura, Teoria e Prática”, com duração de 40 horas, capacitando 15 novos indígenas para o trabalho com apicultura, em especial com as abelhas tipo africanizadas. Geremias Pataxó, apicultor da CONAFER, e sua equipe, apresentaram aos Kariri-Sapuyá, além dos princípios e das técnicas, uma oficina para trabalhar com as lâminas de cera, utilizadas no manejo correto das abelhas. Este é um trabalho que já vem sendo desenvolvido na Aldeia Meio da Mata, no Território Barra Velha, em Porto Seguro-BA. No ano passado, os apicultores da CONAFER foram até o Amazonas, em Barcelos, no Alto Rio Negro, em uma ação que durou 15 dias, quando foram produzidas 25 caixas e 250 quadros do Curso Básico de Apicultura da Oficina de Caixas para os parentes da etnia Baré
O objetivo do curso “Apicultura, Teoria e Prática” é habilitar novos apicultores indígenas, formando uma grande rede de produção de mel indígena. A CONAFER tem um programa, o +Melipona Brasil, voltado às abelhas sem ferrão. O +Melipona foi idealizado para a região Norte, inicialmente para atender 27 municípios e beneficiar 1,3 mil meliponicultores, para depois ampliar as suas ações para outras regiões do Brasil. Os resultados esperados incluem o fortalecimento da atividade em mais de 140 municípios distribuídos em todo o país e unidades da federação, fortalecendo, no primeiro ano, cerca de 7.050 meliponicultores.
O programa +Melipona Brasil tem na capacitação profissional um dos seus pilares, englobando atividades de campo, seminários temáticos e cursos técnicos e práticos para meliponicultores, abordando meliponicultura, empreendedorismo e educação socioambiental.
No Sul da Bahia, na Aldeia Meio Mata, no Território Barra Velha, em Porto Seguro, os apicultores da CONAFER, liderados por Geremias Pataxó, são produtores de mel a partir do cultivo de abelhas com ferrão, do tipo africanizada ou abelha do mel africanizado, uma híbrida de espécies ocidentais de abelha com abelhas africanas. São produzidas originalmente por cruzamento da abelha africana, com abelhas europeias, como a abelha italiana e a abelha ibérica. Os apicultores da CONAFER têm realizado ações em diversas aldeias indígenas, em territórios de diversos estados. Com novos espaços para a produção de mel, podemos fortalecer a apicultura, uma atividade genuinamente agrofamiliar. Com estes novos apicultores indígenas, amplia-se o número de produtores do alimento mais completo da natureza.
Geremias Pataxó, apicultor da CONAFER, orienta os indígenas Kariri-Sapuyá na oficina que tratou das lâminas de cera, utilizadas no manejo correto das abelhas
Geremias Pataxó, apicultor da CONAFER, afirmou que “formar novos apicultores é muito importante para valorizar e ampliar a atividade. Apresentamos primeiro a teoria aos 15 alunos Kariri-Sapuyá, e depois as aulas práticas, como por exemplo, a oficina trata da lâmina de cera das abelhas, como fazer todo o processo, como trocar e a época de trocar esta cera, o manejo para as operadoras prepararem o caminho para a rainha fazer a postura”.
Sobre o conteúdo do curso, Geremias explica que “a lâmina de cera é colocada nos quadros, a colmeia tem 10 quadros, esta cera é toda colada, as abelhas puxando este volume de cera para dar espaço para a rainha fazer a postura, e assim crescer a população da colmeia. Se a gente tem postura, a gente tem população populosa. Se a gente não tem postura, a colméia acaba enfraquecendo”.
“Ensinamos técnicas de colar a cera nos quadros, e depois dispor os quadros para as abelhas puxarem a cera, abrindo espaço para a postura com o manejo correto e a alimentação no período do inverno. Outro assunto importante abordado, foi a técnica para montar os apiários”, finalizou o apicultor Geremias Pataxó.
Os benefícios do mel para a nossa saúde
O baixo pH e a pouca quantidade de água no mel proporcionam um ambiente que inibe o crescimento de bactérias, por isso a “fama” de ser bom na prevenção de dor de garganta e problemas respiratórios. Sua composição também ajuda a melhorar a saúde gastrointestinal por nutrir as bactérias boas que vivem no intestino. Além disso, estimula a produção de serotonina, ajudando na sensação de prazer e bem-estar. Por ser rico em antioxidantes, o alimento contribui para a diminuição dos radicais livres e prevenção do envelhecimento precoce. Pesquisas sugerem que, ao ser passado na pele, também poder ter uma ação cicatrizante de feridas em casos de úlceras, queimaduras e abcessos.
O mel é um alimento natural e é altamente recomendável sua utilização como adoçante em substituição ao açúcar refinado. Além disso, ao consumir mel, estamos contribuindo para preservação do meio ambiente, visto que a criação de abelhas melíferas requer a conservação de matas e recursos hídricos, de modo a ser uma das poucas atividades de uso de recursos naturais consideradas sustentáveis.