Na noite de ontem, 23 de fevereiro, mais um crime para uma triste estatística. O relatório da Violência contra os Povos Indígenas no Brasil revela que entre 2003 e 2021, 50 indígenas guajajara foram assassinados no Maranhão, sendo 21 no Território Indígena Arariboia, onde também vivem os Awá Guajá e os Awá em isolamento voluntário. A sequência de mortes envergonha o país inteiro, que depois de 523 anos segue assassinando os povos originários do Brasil. Infelizmente, nada acontece e os crimes seguem ocorrendo sem punição alguma pelo país em diversos territórios indígenas. O Estado brasileiro não intervém, as autoridades locais se calam e a violência contra os indígenas segue um roteiro de morte 

Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023, 19h00, e um novo crime ocorreu no TI Arariboia, mais especificamente no município de Arame, local violento e que concentra pistoleiros pagos para matar os indígenas. Como já aconteceu inúmeras vezes neste longo ciclo de violência, dois elementos em uma moto entraram na aldeia Toarizinho, atirando em Jona Canaré Guajajara, filho do cacique da aldeia. Jona Guajajara está internado com perfurações de tiros pelo corpo. Por isso, mais uma vez o povo guajajara pede aos órgãos de Justiça do país, do Estado do Maranhão e da cidade de Arame, à Polícia Federal e ao Ministério Público as providências necessárias para proteger os indígenas guajajara e punir os envolvidos nestes crimes.

Contra as invasões constantes, indígenas da TI Arariboia organizam a própria proteção por meio do grupo Guardiões da Floresta – Ronilson Guajajara / Mídia India

Em 9 de janeiro, os jovens indígenas Benedito Gregório Soares Guajajara e Juninho Guajajara, foram vítimas de tentativa de assassinato, quando caminhavam perto de suas casas, próximo de Arame. Nos últimos 6 meses, três outros indígenas guajajara foram covardemente assassinados na mesma região. Em 3 de setembro de 2022, Janildo Oliveira Guajajara foi morto a tiros, em um ataque que também feriu um adolescente de 14 anos. No mesmo dia, Jael Carlos Miranda Guajajara foi assassinado em um atropelamento. Uma semana depois, no dia 11 de setembro, na estrada que leva ao povoado Jiboia e que fica perto dos limites da TI Arariboia, Antônio Cafeteiro Sousa Silva Guajajara foi morto com seis tiros. É uma sequência de mortes que exige a intervenção das autoridades e ajuda dos responsáveis pela justiça brasileira, um direito dos povos originários, os primeiros cidadãos deste país.

Na aldeia Toarizinho, na noite de ontem, dois pistoleiros alvejaram com tiros Jona Canaré Guajajara, filho do cacique da aldeia

CONAFER presta solidariedade e encaminha pedido de ajuda às autoridades brasileiras 

A Confederação está encaminhando pedido de providências ao Ministério dos Direitos Humanos, Ministério dos Povos Indígenas, Governo do Maranhão, Diretoria da Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Maranhão, além dos órgãos locais de polícia e segurança pública. Estaremos vigilantes e aguardamos respostas urgentes para coibir esta escalada de crimes e violência contra o povo guajajara.

Compartilhe via: