da Redação
No ano em que completa 49 anos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, apresenta mais uma biotecnologia inovadora: o bioinsumo que fortalece as lavouras, deixando-as resistentes a altas temperaturas, amenizando os efeitos dos períodos de estiagem. É o CMAA 1363, desenvolvido em parceria com a empresa NOOA, Ciência e Tecnologia Agrícola Ltda. O novo produto foi apresentado ao público durante a realização da feira Agrishow, em Ribeirão Preto, na última semana de abril. O CMAA 1363 conta com um sistema radicular mais ativo, capaz de aumentar a resiliência das lavouras e a capacidade de tolerar longos períodos de seca e temperaturas elevadas. Ele é resultado do trabalho de mais de 12 anos de pesquisa pela Embrapa Meio Ambiente e a NOOA, na prospecção e caracterização da biodiversidade de microrganismos da Caatinga. Todo este acúmulo de pesquisas, deu origem a Coleção de Microrganismos de Importância Agrícola e Ambiental, que conta com quase 20 mil isolados de fungos, bactérias, leveduras, arqueias e actinobactérias. Com todo este conhecimento, novos e inovadores bioinsumos devem ser apresentados pela Embrapa no futuro
Foi estudando a Caatinga, bioma presente nos estados da Bahia, Ceará, Piauí, Paraíba e Rio Grande do Norte, que os pesquisadores identificaram a rizobactéria Bacillus aryabhattai, presente na raiz do mandacaru, que possui a capacidade de promover o crescimento de plantas de milho sob estresse hídrico, incrementando alguns parâmetros vegetais analisados e que serve de base na fabricação do CMAA 1363.
A Caatinga é um bioma brasileiro que conta com espécies altamente adaptadas para sobreviverem aos longos períodos de estiagem e às temperaturas que chegam a ultrapassar 30 graus, fator que impacta negativamente sobre a fotossíntese trazendo prejuízos em produtividade para as lavouras. Foi a partir da observação deste ecossistema que os pesquisadores chegaram até as bactérias associadas das cactáceas da Caatinga, analisando a estrutura das comunidades bacterianas do solo e da rizosfera do mandacaru (Cereus jamacaru) durante a alteração do período chuvoso para o de seca.
O estudo demonstrou que as bactérias do gênero Bacillus, foram capazes de se desenvolver com reduzida atividade de água utilizando alguns mecanismos de proteção contra a dessecação. Com isso, chegou-se à rizobactéria isolada da raiz do mandacaru, que é a única cepa de Bacillus aryabhattai validada pela Embrapa, e que serve de base para o produto.
O CMAA 1363 assegura às lavouras uma maximização no que diz respeito ao aproveitamento da água e sua absorção, possibilitando à planta um melhor controle da temperatura foliar e, consequentemente, uma diminuição no estresse térmico, viabilizando seu pleno desenvolvimento. Seu uso comprovou grande eficácia na redução do estresse hídrico do cultivo de milho, propiciando um melhor desenvolvimento radicular, aumentando a retenção de água na planta e a produção de substâncias que protegem e hidratam o sistema radicular.
O milho é uma das culturas de grande importância para a agricultura familiar e seu uso se estende da alimentação animal, que utiliza de 60 a 80% do total produzido, à produção agroindustrial, e apesar de não ter uma participação expressiva na alimentação humana, os seus derivados são frequentemente consumidos em regiões com baixa renda, a exemplo de sua transformação em fubá. De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cerca de 59,84% dos estabelecimentos que produzem milho consomem a produção na propriedade.
No setor agropecuário, a produção do milho no Brasil só perde para a pecuária no que diz respeito a geração de postos de trabalho, empregando 14,5% pessoas nas lavouras temporárias e 5,5% dos trabalhadores do setor agrícola. Por isso é tão importante buscar soluções para o enfrentamento dos efeitos gerados pela seca, como a que atingiu nos últimos 2 anos os estados do Paraná e do Mato Grosso, maiores regiões produtoras do cereal, causando prejuízos estimados em R$ 71,9 bilhões.
O bioinsumo apresentado pela Embrapa é excelente alternativa sustentável para os produtores rurais desse cultivo, que foi o mais afetado pela forte onda de calor e seca nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, prejudicando a produtividade das lavouras. A agricultura familiar é responsável por 49% do milho produzido no país, e como esta biotecnologia utiliza como modelo os próprios ecossistemas naturais, ela torna-se vetor de diminuição de impactos ambientais.
Com a tecnologia, os agricultores familiares que produzem milho em suas propriedades poderão contar com um aliado para reduzir os efeitos causados pelas estiagens prolongadas, capaz de minimizar os riscos econômicos dos investimentos em sua produção, maximizando o potencial produtivo das lavouras.
Com informações da Embrapa.