Um novo foco de praga pode causar sérios danos à produção dos cacaueiros na região amazônica da tríplice fronteira entre o Brasil, Colômbia e Peru. Um novo foco da praga Moniliophthora roreri, causadora da doença conhecida como Monilíase do Cacaueiro, foi detectado no município de Tabatinga-AM. O caso foi descoberto em comunidades rurais ribeirinhas. A suspeita de ocorrência da praga foi verificada durante ações de monitoramento realizadas por equipe de técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com o apoio da Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf), e confirmada por meio de análise laboratorial realizada pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiânia (LFDA/GO)

Em 2021, em matéria reproduzida do Mapa, foi revelada a existência da Monilíase do Cacaueiro em área urbana do município de Cruzeiro do Sul, 600 km da capital Rio Branco, no Acre. Inclusive foi publicada na época uma medida no Diário Oficial da União por meio da Portaria nº 372 de ação cautelar para promover um maior suporte às ações de fiscalização do trânsito de vegetais, executadas pelas Agências Estaduais de Defesa Agropecuária. Agora, esta doença devastadora que afeta plantas do gênero Theobroma, como o cacau (Theobroma cacao L.) e o cupuaçu (Theobroma grandiflorum), volta a atacar, e que se não for combatida em tempo, pode causar perdas na produção e uma elevação nos custos devido à necessidade de medidas adicionais de manejo e aplicação de fungicidas para o controle da praga.

Na América do Sul, a praga já se encontra presente no Equador, Colômbia, Venezuela, Bolívia e Peru. “Devido às suas características peculiares (fronteira com países onde a praga já ocorre e condições geoclimáticas favoráveis à sua dispersão, entre outras) a região da Tríplice Fronteira Norte já era considerada como área de risco de introdução de Moniliophthora roreri no Brasil e vinha sendo monitorada rotineiramente ao longo dos últimos anos”, relata a coordenadora-geral de Proteção de Plantas, Graciane de Castro. 

Agora, a partir da confirmação do foco, o Mapa adotará as medidas cabíveis de contingência aplicadas à situação, em conjunto com as demais instituições oficiais de Sanidade Vegetal e de pesquisa envolvidas, visando evitar a disseminação da praga para as áreas de cultivo de cacau e cupuaçu em outras regiões. “Os levantamentos fitossanitários de detecção (monitoramentos) permitem a identificação precoce de uma eventual ocorrência de pragas exóticas no país e, consequentemente, a adoção imediata de medidas de contenção e controle com o objetivo de evitar sua dispersão para as demais áreas sem ocorrência da praga”, explica Castro.

A monilíase é uma doença devastadora que afeta, principalmente, plantas do gênero Theobroma, como o cacau (Theobroma cacao L.) e o cupuaçu (Theobroma grandiflorum), causando perdas na produção e uma elevação nos custos devido à necessidade de medidas adicionais de manejo e aplicação de fungicidas para o controle da praga

Monilíase do Cacaueiro no Brasil

O primeiro foco da praga no Brasil, identificado em julho do ano passado na área residencial urbana de Cruzeiro do Sul, interior do Acre, encontra-se sob ações permanentes de controle, com vistas à sua erradicação. Em agosto de 2022, o Mapa prorrogou, por um ano, o prazo de vigência da emergência fitossanitária relativa ao risco iminente de introdução da praga quarentenária ausente Moniliophthora roreri nos Estados do Acre, Amazonas e Rondônia. Devido ao seu potencial de danos às culturas que atinge, é de fundamental importância a notificação imediata de quaisquer suspeitas de ocorrência da praga às autoridades fitossanitárias locais. O objetivo do Ministério da Agricultura é conseguir erradicar a praga na maior brevidade possível, enquanto ainda se encontra em uma área restrita do país. A doença atinge somente as plantas hospedeiras do fungo, sem riscos de danos à saúde humana. 

O cacau cultivado

Com produção de cerca de 4 milhões de toneladas anuais e movimentação de US$ 12 bilhões, a indústria do cacau é responsável por empregar mais de 6 milhões de agricultores em todo o mundo. No Brasil, a produção de cacau é liderada pelo Pará e usa, principalmente, sistemas agroflorestais. A Bahia, que estava no topo desse pódio até 2017, também atua como protagonista no setor. Nos últimos cinco anos, calcula-se que a produção cacaueira teve crescimento de 25% no Brasil, totalizando cerca de 193 mil hectares plantados.

Com informações do Mapa.

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