Uma nova e ousada iniciativa está marcando um importante passo na luta contra as mudanças climáticas no Brasil. O Projeto Carbono Socioecológico, pioneiro no país, foi desenvolvido e será lançado com o objetivo de incentivar a preservação ambiental, a adoção de práticas sustentáveis, como reflorestamento, e a diminuição do desmatamento. Ao focar em comunidades rurais e povos indígenas, essa proposta visa não apenas mitigar os impactos das emissões de gases de efeito estufa, mas também proporcionar melhorias sociais e econômicas para aqueles que desempenham um papel crucial na proteção dos recursos naturais

Com as mudanças climáticas emergindo como uma das maiores preocupações globais do século, o Brasil, com sua vasta biodiversidade e extensão territorial, está em posição crucial para liderar iniciativas de combate a esse desafio. Através do Projeto Carbono Socioecológico, a CONAFER busca unir esforços de diversas frentes para enfrentar essa questão complexa.

O projeto se concentra em dois grupos essenciais para a sustentabilidade do país: agricultores familiares e povos indígenas. Eles não apenas desempenham um papel vital na proteção dos recursos naturais, mas também possuem conhecimentos tradicionais valiosos sobre o manejo sustentável dos ecossistemas. Através da gestão da CONAFER, em colaboração com órgãos governamentais, o projeto busca vender créditos de carbono certificados para entidades internacionais, revertendo os valores em sua integralidade para essas comunidades e incentivando ações sustentáveis em seus territórios.

Importância dos agricultores familiares na preservação ambiental

Os agricultores familiares desempenham um papel fundamental na preservação ambiental do país, conforme evidenciado pelo Cadastro Ambiental Rural – CAR. Este registro público eletrônico nacional, obrigatório para todas as propriedades rurais, requer a preservação de pelo menos 20% da área rural (de acordo com região e vegetação nativa, os valores podem ser maiores), destacando a importância da contribuição desses agricultores na manutenção dos ecossistemas. O CAR não apenas integra informações ambientais das propriedades, mas também compõe uma base de dados essencial para o controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico, além do combate ao desmatamento. Nesse contexto, os agricultores familiares se estabelecem como guardiões da biodiversidade e aliados na promoção de um equilíbrio entre produção agrícola e conservação ambiental, assegurando um futuro sustentável para o país.

A CONAFER ajuda os agricultores na obtenção de seu certificado CAR através do programa Mais Floresta Brasil, realizado em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro, que vem justamente para regularizar os territórios e garantir que as áreas preservadas possam ser transformadas em ativos verdes para geração de recursos. Uma propriedade regularizada ganha o selo de Propriedade Amiga da Floresta e fica apta a participar do Projeto Carbono Socioecológico. 

Importância dos indígenas na preservação ambiental

Os povos indígenas emergem como verdadeiros guardiões da natureza, impulsionados por uma compreensão única que considera a natureza como um ser vivo com o qual mantêm uma relação recíproca. Essa perspectiva intrínseca os motiva a adotar práticas que priorizam a preservação e restauração do ambiente natural. Ao trabalhar em harmonia com a natureza, os povos indígenas têm se mostrado exemplos notáveis de como é possível conservar a biodiversidade, preservar os serviços ecossistêmicos essenciais e mitigar os impactos das mudanças climáticas. Suas contribuições se estendem além das fronteiras nacionais e desempenham um papel fundamental na manutenção dos ecossistemas brasileiros, além de contribuir para a luta global contra a degradação ambiental.

Um novo estudo do Instituto Socioambiental (ISA) reforça o valor inestimável dos povos indígenas e comunidades tradicionais como protetores das florestas no Brasil. Além de empregarem práticas tradicionais de manejo florestal altamente eficazes, sua presença também fortalece a governança sobre os territórios e desencadeia contribuições socioambientais cruciais para a recuperação de áreas degradadas. O estudo revela que, atualmente, cerca de 40,5% das florestas brasileiras estão protegidas por meio do sistema nacional de áreas protegidas, englobando Terras Indígenas, Territórios Quilombolas e Unidades de Conservação. No entanto, são as áreas protegidas que têm a presença ativa de Povos Indígenas e comunidades tradicionais que salvaguardam um terço dessas florestas, cerca de 30,5% do total, demonstrando a importância incontestável dessas comunidades na preservação do patrimônio natural do país.

“Um esforço conjunto para enfrentar desafios”

Rafael De Brito, gerente de projetos da CONAFER e idealizador por trás do projeto, enfatiza que o Carbono Socioecológico não é apenas uma iniciativa ambiental, mas sim um esforço conjunto para enfrentar os desafios ambientais e sociais, abraçado por agricultores familiares, indígenas e todos os cidadãos brasileiros. Ele acredita que a iniciativa pode servir de modelo para outros países e contribuir para uma economia global mais verde e resiliente. Com o Brasil detendo um considerável potencial em créditos de carbono certificados, atraímos investidores estrangeiros interessados em apoiar projetos sustentáveis, promovendo o desenvolvimento econômico das comunidades envolvidas e projetando a imagem internacional do Brasil como um defensor sério da sustentabilidade e ações concretas contra as mudanças climáticas.

O Projeto Carbono Socioecológico busca estimular a proteção e restauração de ecossistemas naturais, desenvolver práticas agrícolas de baixo carbono e, ao mesmo tempo, gerar renda direta para as comunidades por meio de créditos de carbono. A parceria com a Associação Brasileira de Crédito de Carbono e Metano (ABCARBON) reforça o compromisso da CONAFER em alinhar seus esforços com as melhores práticas do setor. A assinatura do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre as duas entidades está marcada para o dia do lançamento do projeto. 

Mas afinal, o que são Créditos de Carbono?

Os créditos de carbono são como “certificados de ações ambientais positivas”. Quando alguém ou uma empresa realiza ações que reduzem as emissões de gases de efeito estufa, eles ganham créditos de carbono, que são equivalentes a pontos positivos para o meio ambiente. Esses créditos podem ser comprados por empresas que desejam compensar suas próprias emissões de CO2, promovendo um equilíbrio entre as atividades humanas e a saúde do planeta.

A conservação florestal é uma maneira fundamental de ganhar créditos de carbono, já que as florestas têm a capacidade de absorver grandes quantidades de dióxido de carbono. O Projeto Carbono Socioecológico reconhece e recompensa os esforços de comunidades que protegem florestas em vez de desmatá-las, tornando-se uma fonte de renda adicional para agricultores familiares e povos indígenas.

Ao oferecer uma solução que une conservação florestal e interesses econômicos locais, o Projeto Carbono Socioecológico se destaca como uma abordagem inovadora para combater as mudanças climáticas enquanto impulsiona o desenvolvimento sustentável entre as comunidades envolvidas. Com o avanço dessa iniciativa, o Brasil solidifica seu papel na luta global contra as mudanças climáticas e na promoção de um futuro mais sustentável para todos.

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