A ideia da Casa do Produtor e do Indígena tem feito a diferença para os pequenos produtores de Mâncio Lima, município brasileiro localizado no interior do Acre. A cidade é conhecida por ser o município mais ocidental do Brasil, abrigando o ponto extremo oeste do território brasileiro na nascente do rio Moa, situada na fronteira com o Peru. A CONAFER e a União Nacional Indígena (UNI) apoiaram a criação da Casa e da Associação dos Povos Indígenas Agricultores Rurais do Acre, a APIAFA. Dos agrofamiliares de Mâncio Lima, a Casa do Produtor recebe melancia, banana, limão, farinha, abóbora, molho de pimenta, mel, sabão artesanal e artesanatos, tudo que é produzido na região. Segundo Erivan Benevides, coordenador da CONAFER no Acre, “o espaço é para nossos filiados, e também não filiados, para todas as pessoas que trabalham com a agricultura familiar em nossa região”

O coordenador da CONAFER no Acre, Erivan Benevides, lembrou do início da luta em solo acreano: “nós chegamos aqui em Mâncio Lima para fazer o trabalho na Feira, por isso a gente sentia uma necessidade muito grande de ter essa Casa do Produtor e do Indígena. Por quê? Porque só existe um mercado aqui e esse mercado só abre nas sextas-feiras, e para abastecer uma cidade inteira. E você não encontra um mercado de frutas de verdura. Enquanto em Cruzeiro do Sul, que é uma cidade próxima, a 40 minutos, você tem. Daí surge a ideia do espaço para nossos filiados, e até para quem não é filiado, mas para todas as pessoas que tem trabalho com a agricultura e artesanato, como nossos parentes indígenas do Moa, que vem dos rios. Então, aí a gente criou a Associação dos Povos Indígenas Agricultores Rurais do Acre. A CONAFER e a UNI abraçaram a ideia e a gente deu continuidade.”

À esquerda, o coordenador da CONAFER no Acre, Erivan Benevides

Erivan Benevides continuou: “dos ramais de Mâncio Lima, a gente recebe melancia, recebe banana, recebe limão, farinha, abóbora da região, a gente recebe os artesanatos, a gente recebe o que é feito aqui, aqui mesmo a gente recebe o mel, que é produzido nas pequenas propriedades, o molho de pimenta, o sabão, o sabão artesanal. Aí a gente compra as sementes, e já direciona para os agricultores. Trabalhamos também com carvão, com Oficina de Artesanato. Inclusive agora nós vamos fazer uma oficina, no final do mês.”

Sobre o intuito da Casa, Erivan afirma que o produtor traz o produto e pode ficar vendendo, ou deixar com os dois funcionários que trabalham no espaço. E assim, a Associação entra com a contrapartida dos dois funcionários diretamente para negociar o produto e ajudar os agricultores, pagando o valor que eles estipularam. Se ele quiser vender um pouco mais barato, que a gente possa passar para o consumidor mais em conta, a gente vende. 

A Casa do Produtor virou referência na cidade pelo fato de vender produtos baratos, além de terem uma boa aceitação. São feitos sacolões de frutas e verduras quando já estão maduras, além de doações para a comunidade. O projeto deve avançar para Rodrigues Alves, Cruzeiro do Sul e outras cidades. O coordenador do Acre, Erivan Benevides, também falou da sazonalidade dos produtos: “como é o mês do abacaxi, vende muito, mas tem aí a safra da melancia, a safra da banana, safra da banana que está em baixa, mas daí a gente consegue ir em outras comunidades trazer essa melancia, trazer essa banana. Então a gente consegue com isso fazer acontecer. O agricultor que nunca sonhou em vender aquela pequena quantidade de cebola, couve, pimenta de cheiro, o coco seco, o coco gelado, a água de coco, o caldo de cana, a própria cana, o abacate. Então a gente consegue fazer o agricultor sonhar novamente numa pequena cidade onde ele tem o espaço para vender esse produto. Com essa ideia tem o sustento da família novamente, a sustentabilidade da casa e a verdadeira agricultura familiar”.

“Antigamente a gente não tinha espaço de artesanato aqui em Mâncio Lima, só em Cruzeiro do Sul. E hoje a gente consegue vender o artesanato do parente, consegue vender o cesto. É nesse intuito que a gente trabalha. Junto comigo, tem a dona Selma, que trabalha  no Administrativo, o dr. Pedro, advogado, tem o Marcelo, que é da Confederação, o Gustavo, que tem a base em Rodrigues Alves, que também manda para a gente e os outros dois funcionários são daqui da Casa do Agricultor. Somos uma equipe unida em favor dos agrofamiliares, para transformar a vida deles. E estamos transformando”, finalizou Erivan Benevides.

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