É fato: somos todos originários. Até 1500, haviam mais de 6 milhões de indígenas divididos em 3,5 mil povos diferentes, cada um com sua língua e costumes distintos. Uma riqueza cultura imensurável. Desde que os europeus chegaram na América, desde que aqui se fixaram, mais de 5 milhões dos nossos parentes originários foram dizimados. Esta é uma mancha na história do país, e que se repete todos os dias quando vemos uma criança indígena pedindo comida num sinaleiro, ou uma mulher indígena grávida por estupro de um garimpeiro, ou uma ação de polícia dentro de um território sagrado, ou ainda quando um líder indígena é queimado vivo em uma grande cidade, como aconteceu com Galdino Pataxó, em Brasília. Hoje temos 1,7 milhão de indígenas no Brasil de acordo com o último censo. É fundamental para o país reconhecer os direitos dos indígenas, dizer um não definitivo à inconstitucionalidade do marco temporal, e garantir a liberdade dos indígenas viverem em seus territórios ancestrais de forma digna, em contato com a sua natureza. São os povos originários que mais contribuem para o meio ambiente, pois são preservacionistas em suas múltiplas culturas. A luta dos povos originários é também uma luta da CONAFER. Somos todos originários em nossa brasilidade 

Desde que aqui chegaram os colonizadores, desde que destruíram muitas nações originárias desta terra, desde então, somos todos herdeiros da luta em defesa dos territórios originários, da sua cultura e de uma vida plena com suas famílias em companhia da natureza. A CONAFER está junto, apoia e defende os povos indígenas. De acordo com a Lei da Agricultura Familiar número 11.326, de 2006, os povos indígenas são todos agricultores familiares e empreendedores rurais também. Está na Constituição e é um dever da sociedade garantir que ela se cumpra.

A CONAFER e o seu compromisso com os povos indígenas

A Confederação tem diretorias e secretaria dedicadas diariamente às questões e tradições indígenas, amparados na Lei 11.326 de 2006, que os inclui como agricultores familiares, portanto, fazendo parte do segmento mais importante do campo, pois integram a força econômica que alimenta mais de 70% das famílias brasileiras todos os dias e garante a nossa segurança alimentar.

As diretorias e secretarias levam os projetos da Confederação até os territórios indígenas, fomentando o desenvolvimento socioeconômico nas aldeias por meio de capacitação técnica para aumento da produção agrícola, estímulo ao empreendedorismo rural, ao mesmo tempo, com parcerias e ações de resgate das culturas ancestrais, atuando estrategicamente dentro das comunidades, mantendo uma política de fortalecimento das etnias, formando uma rede forte e autônoma dos povos originários.

Assim, a CONAFER atende as demandas das comunidades indígenas, desde o cultivo de diversas culturas até o resgate das expressões linguísticas e formas de arte, na releitura de suas histórias e ancestralidades, promovendo a riqueza da sua culinária sustentável e a medicina curadora da floresta, trabalhando pela existência de povo nativo, de quem chegou primeiro, de quem sempre cuidou deste planeta.

A Confederação tem criado e desenvolvido muitos programas e ações em favor dos povos indígenas. Foram viabilizados os investimentos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em diversas aldeias. O Programa Mais Parente nas Aldeias, uma gerência executiva da Diretoria de Projetos e Ações Integradas para os Povos da CONAFER, acompanhou a entrega de produtos da agricultura familiar via PAA, o Programa de Aquisição de Alimentos, realizado pela Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (AMIARN), de São Gabriel da Cachoeira-AM. Os produtos: banana, cupuaçu, açaí, farinha de mandioca, farinha de tapioca, cebolinha, maxixe, abóbora, limão e peixe tucunaré, foram entregues para a associação ACIARN II. Esta atividade aconteceu na comunidade de São Gabriel Mirim, no Alto Rio Negro, na Terra Indígena Cue-Cué Marabitanas, noroeste do Amazonas. 

Em Porto Seguro por meio da Associação Comunitária Indígena Pataxó da Aldeia Meio da Mata (Acipamm), sendo recebedora a Associação de Mulheres Indígenas da Aldeia Boca da Mata, foi a vez de Santa Cruz Cabrália, através da Associação dos Agricultores Indígenas Pataxó de Coroa Vermelha, que realizou mais uma compra de produtos da agricultura familiar indígena através do programa PAA, cujos produtos são destinados a segurança alimentar e nutricional dos alunos da Escola Indígena Estadual da aldeia Coroa Vermelha, além de parte  que será destinada ao atendimento da própria comunidade. 

Na educação, uma revolução no ensino indígena. Promovido pela CONAFER, o evento Mais Educação Livre (MEL) é um encontro único, sem similar na história da educação dos povos originários. O local do primeiro MEL foi a Reserva da Jaqueira, em Porto Seguro-BA, a aldeia anfitriã dos mestres educadores de 50 etnias participantes do MEL. Durante uma semana, foram apresentadas as experiências didáticas, oficinas com práticas de ensino, produções literárias e propostas pedagógicas para uma renovação no ensino indígena brasileiro, única forma de educar as novas gerações nos valores originários, promover a autonomia dos povos, alfabetizar na língua indígena e de contar a história verdadeira que os livros oficiais não revelam.

O Campeonato Nacional de Futebol Índígena, maior competição da história do futebol indígena brasileiro, que reúne 92 equipes de dezenas de territórios e etnias em todo o país, é mais uma ação da CONAFER voltada aos esportes indígenas. 

Na aldeia Kamuru, localizada no município de Santa Terezinha, no Recôncavo Sul Baiano, no distrito de Pedra Branca, foi realizado o curso “Apicultura, Teoria e Prática”, capacitando indígenas para o trabalho com apicultura. 

Este é um trabalho que já vem sendo desenvolvido na Aldeia Meio da Mata, no Território Barra Velha, em Porto Seguro-BA. Estes mesmos apicultores da CONAFER foram até o Amazonas, em Barcelos, no Alto Rio Negro, em uma ação que durou 15 dias, quando foram produzidas 25 caixas e 250 quadros do Curso Básico de Apicultura da Oficina de Caixas para os parentes da etnia Baré.

A Secretaria Nacional de Políticas para Monitoramento e Segurança no Campo, da CONAFER, forma Brigadas Comunitárias de combate a incêndios florestais, com a ideia de capacitar os indígenas para monitorar e combater os incêndios florestais. Os indígenas são capacitados para combate, manejo no território e monitoramento das áreas a serem reflorestadas, por meio das formações continuadas ao longo do ano. As brigadas comunitárias de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, são compostas por pessoas das comunidades tradicionais (rurais, quilombolas, indígenas) que se organizam nas ações de prevenção, monitoramento e combate aos incêndios em seus territórios. São pessoas locais que possuem treinamento básico em combate a incêndios florestais, além de conhecimento sobre as características das áreas naturais e os riscos associados a esses incidentes. 

Equipes da CONAFER têm visitado aldeias em todo o país, levando auxílio, alimentos e presentes às mulheres das mais diversas etnias. Este é um trabalho permanente da Confederação, e torna-se ainda mais importante pelas necessidades de muitas comunidades indígenas carentes. Tanto a Diretoria de Ação Social e Inclusão, como também a Secretaria Nacional Indígena, possuem um calendário de ações, incentivando a agricultura agroecológica, o empreendedorismo, a arte, a cultura, a bioconstrução, levando sempre a solidariedade com a entrega de alimentos, roupas, móveis, eletrodomésticos, ovos de Páscoa e brinquedos para as crianças.

Para suprir a ausência do poder público e ajudar os povos originários, a CONAFER leva solidariedade, apoio e assistência aos povos indígenas por todo o país. Estamos juntos, e nos aliamos à defesa das causas indígenas, principalmente o direito à proteção dos seus territórios, à autodemarcação e à liberdade de expressão. A Confederação atua diretamente nos territórios, incentivando a produção agroecológica, estimulando a riqueza cultural e as tradições ancestrais dos verdadeiros donos desta terra chamada Brasil.

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