da Redação

Projeto CONAFER NAS ALDEIAS reúne ações da Secretaria de Agricultura e Empreendedorismo Rural e duas secretarias dos Povos Originários: Tradições e Culturas e a de Políticas, Estratégias e Línguas 

O compromisso da CONAFER com os agricultores familiares envolve todos os atores da produção familiar no campo e nas zonas rurais mais longínquas: os quilombolas espalhados por todas as regiões do país, as comunidades tradicionais, os ribeirinhos dos milhares de quilômetros de rios, os pequenos produtores do cerrado, pescadores do nosso imenso litoral, piscicultores espalhados em diversas regiões, e os povos originários, reconhecidos também como agricultores familiares conforme a Lei 11.326 de 2006.

A Confederação entende que a cultura indígena é a origem de tudo. Nosso país deve aos povos indígenas a proteção das florestas e matas, dos territórios amazônicos, dos rios e praias, da biodiversidade da Mata Atlântica, a relação com a natureza, a herança da ancestralidade de milhares de etnias, as línguas nativas que compõem boa parte do idioma brasileiro, a culinária raiz, o rico artesanato, o hábito de tomar banho todos os dias, as pinturas em seus corpos que retratam as cores da nossa natureza, a agricultura sustentável, as ervas que curam, os rituais e cerimônias que revelam as interação com o mundo espiritual, o amor pela terra e o respeito pela unidade familiar.

Nossa dívida com os povos originários é imensa. E a CONAFER não vai medir esforços no sentido de valorizar o povo indígena para ajudar a criar melhores condições de autonomia e independência das ações do Estado. Por isso, 3 secretarias da CONAFER se reuniram com as lideranças do Vale da Jurema, nas aldeias Milagrosa, Água Vermelha, Ourinho, Alegre e Paraíso, em Pau-Brasil, Sul da Bahia, com o objetivo de viabilizar projetos para o fortalecimento da produção, cultura e empreendedorismo nestes territórios indígenas. 

Foram ouvidos os líderes das aldeias e suas demandas, e também as reflexões dos anciãos, e assim acumulamos novos e importantes conhecimentos para implementar o projeto. Depois de um levantamento, verificou-se que 90% das áreas destas aldeias têm grande potencial de produção agroecológica e de agroflorestamento. 

Estações ERA são a base para iniciar o projeto CONAFER NAS ALDEIAS

O Projeto ERA, a Estação Empreendedora Rural Agroecológica, elaborado pela SAER, a Secretaria Nacional de Agricultura e Empreendedorismo Rural, nasceu da necessidade de cumprir inúmeras demandas da CONAFER: regularização fundiária, busca por escrituração e titularização de terras; fortalecimento do crédito para produção; garantia do comércio com valor agregado; modernização dos processos produtivos; valorização, fortalecimento e reconhecimento do agricultor como produtor agrícola. 

A implantação do programa faz parte de uma jornada de conquistas da CONAFER para dar uma resposta ao agricultor familiar, aos assentados, pescadores, indígenas, quilombolas e outros povos tradicionais. O projeto surgiu para organizar e tornar viável a produção desse setor econômico. O ERA oferece um leque de opções de culturas para o produtor escolher com qual delas ele mais se identifica para implantar o projeto em sua propriedade. A ideia é que o agricultor possa consorciar sua produção sempre com outra, animal ou vegetal, garantindo uma renda nos 12 meses do ano. O ERA trabalha com a capacitação da família produtora em três setores: produção agrícola e animal; mercado e empreendedorismo; e gestão de crédito. Todo esse suporte agora é oferecido pela CONAFER nos territórios indígenas, além das ações de cultura e de fortalecimento das tradições.

Conheça os módulos de produção que serão desenvolvidos nas aldeias

Módulo Agroflorestal

No módulo Agroflorestal iremos trabalhar com o SAF – Sistema Agroflorestal, Culturas Anuais e Sistema Silvipastoril, trazendo diversas espécies de culturas e trabalhando com espécies nativas do local, como o cacau. Mantendo assim a linha tênue da preservação do meio ambiente, protegendo os leitos de água, a conservação do solo e o sequestro de carbono.

Módulo Piscicultura

O rio corta a aldeia e as famílias se utilizam dessa água, porém, no período de seca há escassez severa de água. Para resolver essa situação, a proposta é construir uma barragem, para que a água fique represada e possa atender às famílias, e com o aumento do leito, fazer dois reservatórios para que a água possa ser usada para irrigação das áreas de produção. 

Módulo Leite Orgânico com criação de bovinos e ovinos 

Com assistência técnica contínua e a implantação de 2 hectares de Sistema Silvipastoril, a ideia é garantir a qualidade do rebanho e do manejo, bem como, a possibilidade de Certificação Orgânica, para que os indígenas aumentem sua receita com o leite.

Módulo Apicultura

As abelhas possuem um papel crucial na polinização das plantas, o manejo das colmeias respeitará a natureza das abelhas, seus ciclos biológicos e sua capacidade de produzir alimentos naturais e saudáveis, fonte de saúde para os consumidores. Apenas 30% da produção do apiário será destinado à comercialização, 70% fica na colmeia para sustento das abelhas. O objetivo é produzir mel puro, orgânico e em total harmonia com a natureza.

Módulo Centro de Capacitação 

Capacitação para o desenvolvimento rural, nos aspectos ambientais, sociais, econômicos, antropológicos e agrícolas. Contando com uma sala com tecnologia em informática e apresentando 3 cursos inicialmente: Compostagem e Matéria Orgânica,  Cooperativismo, Associativismo e Agroecologia, além de Manejo e Cultivo do Cacau.

Módulo Culturas Vegetais e Estufa 

Para trabalhar no cultivo das ervas medicinais e a coleta de material genético da Mata Atlântica, e realizar a cura e secagem das ervas e a produção de fármacos, será construída uma estufa para estes processos. 

Ações de valorização das tradições, cultura e esportes a serem implantadas nos territórios

Tradição e Cultura

Sempre trabalhando com a mãe natureza como inspiração, serão desenvolvidas ações para o fortalecimento dos rituais, danças, cantos e rodas de conhecimento. Ações para conservação da Caatinga e da Mata Atlântica também estão previstas. 

Resgate do Esporte

Através de seus jogos os indígenas fortalecem o ânimo e seu estado de espírito. Além de resgatar os esportes tradicionais indígenas, teremos após o fim da pandemia, a realização de uma competição de futebol com 14 equipes da região.

Artesanato

O desenvolvimento da arte indígena brasileira acontece de várias formas, pois cada etnia é detentora de comportamentos diferentes e costumes próprios, o que leva cada tribo a desenvolver a sua arte de forma única e inédita. Os indígenas produzem a sua arte, não para ser admirada e comparada com outras artes em galerias, mas sim para refletir suas crenças, seus hábitos, suas regras, suas concepções de vida e de mundo, perpetuando as suas tradições.

Danças

As danças são encontradas em diferentes povos, mas quando se fala na dança em comunidades indígenas, elas se diferem totalmente em relação às danças típicas e comuns de outras culturas. Isso se dá porque a dança indígena acontece como forma de ritual e fortalecimento dos costumes, como homenagem aos antepassados, cura de doenças, agradecimento pela colheita, pesca e caça, na mudança do jovem para a idade adulta e na preparação para a guerra.

Línguas Indígenas

Será construído uma escola de línguas indígenas, com o intuito de resgatar as diversas línguas do Brasil original. Em 2019 foi o Ano Internacional das Línguas Indígenas. O tema foi escolhido pela ONU para valorizar a preservação das línguas dos indígenas do mundo todo.

Para mais informações e desenvolvimento do projeto CONAFER NAS ALDEIAS, entre em contato por meio do portal conafer.org.br 

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