Considerado uma das maiores lideranças da construção da resistência dos povos originários do Brasil, o cacique Xicão Xukuru, patrono dos povos indígenas de Pernambuco, foi assassinado em 20 de maio de 1998, aos 46 anos, em Pesqueira. Em memória ao legado do cacique Xicão, na mesma cidade do agreste pernambucano, na Serra do Ororubá, a 240 km de Recife, as 24 aldeias da Terra Indígena Xukuru realizam anualmente a Assembleia Xukuru do Ororubá. Nesta 24ª Assembleia, que ocorreu entre 17 e 20 de maio, com o tema “Mandaru cultivando raízes, preparando as novas gerações e lutando contra a criminalização”, 12 mil pessoas celebraram a cultura tradicional, debatendo temas políticos, ambientais, de direitos humanos, da organização e gestão do território. A Assembleia foi mais uma vez, um de encontro e integração entre diversas etnias do Nordeste. E a CONAFER estava lá como parceira permanente do povo Xukuru

Os Xukuru sempre se dedicaram à agricultura familiar, em especial com atividades pecuárias e produção de alimentos. Hoje, as 24 aldeias Xukuru formam a Associação de Pesqueira, filiada à CONAFER. Portanto, existem muitas ações que a Confederação realiza em total parceria com o povo Xukuru do Ororubá, levando os seus projetos produtivos, projetos e programas, como o +Pecuária Brasil, o +Previdência Brasil, além de diversos serviços que são oferecidos aos seus filiados.

Sobre o tema da Assembleia, “Mandaru cultivando raízes, preparando as novas gerações e lutando contra a criminalização”, ele traz a importância de preparar a juventude para fazer uma reflexão profunda das suas raízes, tradições, da ancestralidade, e também sobre a questão da criminalização do povo indígena, porque está tudo relacionado na medida que a luta é aprofundada. Um coletivo de juventude dos Xukuru discute o seu próprio caminho, as suas ações, as atividades que desempenham, como eles podem se complementar junto com o projeto de vida do povo Xukuru. É um questionamento fundamental para a juventude, e decisivo para manter o povo Xukuru unido no futuro.

Considerado uma das maiores lideranças da construção da resistência dos povos originários do Brasil, Xicão Xukuru é o patrono dos povos indígenas de Pernambuco. Cacique Xicão foi assassinado a tiros em 20 de maio de 1998, aos 46 anos, em Pesqueira

Na Assembleia dos Xukuru deste ano, o tema “Mandaru cultivando raízes, preparando as novas gerações e lutando contra a criminalização” trouxe à tona discussões vitais para a comunidade indígena. A importância de preparar a juventude Xukuru para uma reflexão profunda sobre suas raízes, tradições e ancestralidade foi um dos principais focos do encontro. Além disso, a questão da criminalização do povo indígena também esteve em destaque, evidenciando a interconexão entre a preservação cultural e a luta pelos direitos dos povos originários.

A Assembleia abordou a necessidade de fortalecer a identidade cultural da juventude Xukuru. Para muitos jovens, compreender suas origens é essencial para enfrentar os desafios contemporâneos. As discussões incluíram relatos de experiências, histórias ancestrais e a importância dos rituais tradicionais na formação da identidade Xukuru.

A criminalização dos povos indígenas é uma questão que afeta diretamente a vida da comunidade Xukuru. Durante a Assembleia, foram debatidas estratégias de resistência e formas de combater a marginalização e a violência institucionalizada. A união e a mobilização coletiva foram apontadas como essenciais para enfrentar essas adversidades. Um ponto alto da Assembleia foi a apresentação das ações e atividades desenvolvidas pelo coletivo de juventude dos Xukuru. Este grupo tem desempenhado um papel crucial na promoção de projetos culturais, educacionais e sociais dentro da comunidade. 

Os jovens discutiram como podem alinhar suas ações com o projeto de vida do povo Xukuru, buscando complementaridade e coesão nas atividades. A ideia é que cada jovem se sinta parte integrante de um todo maior, contribuindo para o fortalecimento da comunidade. Os debates reforçaram a importância da união e do trabalho coletivo para garantir um futuro promissor para o povo Xukuru. 

Em um mundo onde as culturas indígenas frequentemente são ameaçadas em sua autonomia, os Xukuru demonstram que por meio da união e do respeito às suas tradições, é possível construir um futuro resiliente e próspero. A juventude Xukuru, com suas ações e reflexões, é a prova viva de que a luta pela identidade e contra a criminalização segue mais forte do que nunca.

A Assembleia também contou autoridades do governo federal, como a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, que assinou com a Associação do Povo Xukuru assinou um termo de cooperação técnica entre o seu ministério e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para elaboração e difusão de uma cartilha sobre a condenação do Estado brasileiro na Corte Interamericana de Direitos Humanos por violações de direitos aos indígenas Xukuru.

Momento de fala do cacique Marquinhos Xukuru, filho do cacique Xicão, líder o povo Xukuru do Ororubá, e que mais uma vez foi um grande anfitrião 

Em 2018, o povo Xukuru conquistou o direito a uma indenização por reparações históricas após condenação do governo brasileiro pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). A indenização de 1 milhão de dólares recebida pelo povo Xukuru foi aplicada para atender as famílias do território de 27,5 mil hectares com projetos e ações coletivas. Esta é mais uma razão para a CONAFER ter no povo Xukuru uma referência de luta por seus direitos e autonomia, e por isso apoiou a expressiva vitória do cacique Marquinhos Xukuru na disputa eleitoral à prefeitura de Pesqueira. E agora apoia mais uma Assembleia Xukuru. 20 de maio é uma data emblemática, pois em 1998, aos 46 anos, foi assassinado o símbolo da luta dos povos originários no estado de Pernambuco, o Cacique Xicão, pai do cacique Marquinhos, morto a tiros em Pesqueira, por defender o direito à terra, à soberania e autonomia dos povos indígenas, e principalmente, por liderar as retomadas de territórios Xukuru com luta e coragem.

Os Xucuru têm mais de 200 professores, que juntos com advogados, médicos, biólogos, agrônomos, participaram da Assembleia com estudantes de várias escolas municipais, a UFPB, a UFPE, a UEPE e o Instituto Federal. A Assembleia Xukuru do Ororubá é um evento acadêmico-cultural, que também contou com a presença da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, e do PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. 

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