A representante da CONAFER no FIDA (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola), durante a Oitava Reunião Global do Fórum de Agricultores, em Roma, na Itália, Anandha Almeida, propôs uma maior sincronia entre as políticas e ações locais já existentes em cada país com o restante do mundo. A ideia proposta pela bióloga e coordenadora de Projetos da Secretaria de Agricultura e Empreendedorismo Rural da Confederação, é mapear as ações de sucesso em cada nação para ter um direcionamento assertivo nas políticas globais, buscando soluções de longo prazo. As questões climáticas e socioeconômicas da sociedade global, exigem de todos um comprometimento de curto prazo, pois não há mais tempo para tratar de desenvolvimento rural e redução da pobreza no mundo sem uma integração entre as nações 

O Oitavo Fórum Global dos Agricultores Familiares do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA), da Organização das Nações Unidas (ONU), que aconteceu em Roma, na Itália, foi marcado por intensos debates sobre as perspectivas do Desenvolvimento Sustentável e potencialização dos agricultores campesinos do mundo.

No evento que ocorreu nos dias 12 e 13 deste mês, os delegados de todos os países participaram de mesas sob coordenação do FIDA. Foram apresentados os principais resultados obtidos a partir dos fóruns regionais, que acontecem a cada 4 anos (intercalando com os fóruns globais), incluindo os principais desafios e perspectivas de atuação com o FIDA. Ainda no primeiro dia, foram reunidos os delegados de cada região, e a CONAFER se integrou ao LAC (América Latina e Caribe). 

A bióloga e coordenadora de Projetos da Secretaria de Agricultura e Empreendedorismo Rural da CONAFER, Anandha Almeida, representando a entidade no Oitavo Fórum Global dos Agricultores Familiares, em Roma

Anandha Almeida falou da CONAFER mostrando soluções encontradas pela entidade para alguns dos problemas apresentados. No final do primeiro dia, foi formado o Grupo de Trabalho que faria a Síntese Final das Organizações de Agricultores (OA), trazendo em seu texto o resumo de todas as demandas, urgências e soluções que orientam para um avanço nas questões dos agricultores e os projetos do FIDA. A representante da CONAFER também foi incluída na relatoria, e deu a sua contribuição na formalização e redação final do documento, que é uma síntese objetiva, clara e completa sobre o que desejamos como organizações, para os nossos representados, filiados ou não, pois falamos em prol de todos os milhões de agricultores familiares brasileiros.

Anandha Almeida relata que no segundo dia do evento, “tivemos a honra de ser convidados a participar de uma reunião com a Presidenta do FIDA (LAC), Rossana Polastri. Esse momento foi marcante para todas as participantes, pois representou a intenção e sinalização do FIDA em se comprometer com as mulheres agricultoras do mundo, dando-lhes voz, força e oportunidade! A diretora Rossana apontou sua preocupação em que ainda hoje, as mulheres são silenciadas e não ocupam locais de liderança, ou quando o fazem, são invisibilizadas. O FIDA é comprometido com as mulheres e a juventude no campo, e irá intensificar suas ações em prol desses públicos nos próximos anos”. 

O FIDA tem um compromisso com as mulheres no campo, e irá intensificar suas ações em prol deste público nos próximos anos 

Anandha Almeida destaca que “um momento importante nesse encontro, foi o interesse da presidenta em saber mais sobre o funcionamento do mercado de carbono no Brasil, sua regulamentação e os instrumentos voltados para a agricultura familiar. Nos dias que se seguiram, foram debatidos temas específicos, como a apresentação dos resultados dos principais projetos FIDA no mundo. Incluindo resultados magníficos, como a retirada de mais de 250 mil famílias da zona da pobreza no Brasil, e mais de 180 milhões de euros movimentados e investidos nas organizações e nas famílias de agricultores. Também foram apresentados dados referentes às boas práticas de governança, que inclui a participação ativa das OA na implementação dos projetos, assim como os Estados, Municípios e Federações Nacionais”. 

É importante lembrar que o FIDA é uma instituição que representa a melhor, maior, e muitas vezes única oportunidade de avançar na segurança alimentar e nas questões sanitárias. O Fundo também trabalha com as universidades públicas em alguns projetos, o que já resulta em resultados impressionantes, como os do projeto Dom Elder Câmara II, implementado em parceria com diferentes professores universitários e universidades do Brasil. 

Durante as plenárias, Anandha Almeida apresentou de forma concisa os projetos exitosos da CONAFER em todo Brasil. Abaixo, os principais pontos colocados nas mesas redondas:

a. Devemos encontrar as sincronias entre as políticas, e ações locais já existentes;

b. Mapear as ações de sucesso, inclusive, para ter um direcionamento nas ações;

c. Considerar as individualidades de cada organização e produtor, para não propor ações que não consigam ser implementadas a longo prazo;

d. Identificar as diretrizes, metodologias e instrumentos locais, para propor ações dentro dos princípios dos países e das regiões em questão;

e. Partindo desse pressuposto, é importante que se considere os métodos e as ferramentas de diagnóstico socioambiental e econômico. Gerando dados que poderão ser analisados e utilizados para modelar melhores ações, utilizando análises estatísticas e aparatos como IA;

f. Estruturar as metas e indicadores juntamente com os governos e as comunidades;

g. Utilizar informações técnicas e científicas reconhecidas e funcionais;

h. A partir daí, conseguiremos melhorar o foco do FIDA, e alcançar os resultados desejados.

i. Educação Ambiental em sua totalidade, para todas as idades, gêneros e instrução; 

j. Promover a sinergia entre os ODS da ONU, e as demais instituições da própria ONU, em relação às ações voltadas para a mitigação das mudanças climáticas; como por exemplo, a Década da Restauração + a Década da Agricultura Familiar; poderíamos utilizar a implementação de sistemas agroflorestais restauradores, que promovem segurança alimentar e recuperação de ecossistemas e serviços ambientais;

k. Aproximar o FIDA das instituições de ensino dos países e das comunidades, importando e compartilhando conhecimento, tecnologia e material humano para aplicar os trabalhos; temos muitos profissionais especialistas em restauração e sistemas agroflorestais no Brasil, por exemplo, dentro das universidades, pesquisando e implementando restauração;

Anandha Almeida com a Diretora Regional da Divisão para a América Latina e Caribe (FIDA), Rossana Polastri

l. Identificar os instrumentos legais dos países para acesso aos recursos;

m. Promover treinamento das organizações para buscarem e escreverem projetos de editais públicos para acesso à recursos específicos;

n. Dialogar com os estados para incluir e alterar leis e instrumentos legais que facilitem o acesso;

o. Investir em projetos de capacitação de jovens e mulheres, adicionando conhecimento sobre beneficiamento de produtos e empreendedorismo, como marketing digital, uso de redes sociais e plataformas governamentais (como o Painel da agricultura familiar, do governo federal brasileiro);

p. Identificar as organizações de agricultores e dialogar com os estados recebedores dos recursos FIDA, para aplicar de forma efetiva os recursos.

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