No dia 24 de setembro, o Festival de Cinema Trees & Seas, realizado pela primeira vez em Dubai, transformou o campus da Universidade de Abu Dhabi em um espaço de diálogo global sobre a preservação ambiental e a interconexão entre a biodiversidade e mudanças climáticas. Com o apoio de organizações como a Plastic Oceans International, o evento foi muito além das tradicionais exibições de filmes, oferecendo workshops interativos e palestras que promoveram o debate sobre o papel vital das florestas e oceanos no equilíbrio ecológico do planeta.

Entre os principais destaques do festival, as contribuições de Geovanio Katukina e Davi Molinari Fêo, representantes da CONAFER, foram recebidas com grande interesse. Katukina, especialista em comunidades indígenas, apresentou uma visão aprofundada sobre o papel fundamental dessas populações na conservação das florestas nativas. Ele destacou a importância dos Guardiões Ambientais nos territórios e da plataforma Hãmugãy, uma iniciativa inovadora voltada para o monitoramento e apoio a comunidades indígenas, muitas delas isoladas e marginalizadas. Segundo ele, o conhecimento ancestral das populações indígenas sobre seus territórios pode ser um exemplo prático e eficaz de como unir conservação ambiental e respeito cultural.

Geovanio Katukina faz sua apresentação diretamente do painel de monitoramento dos territórios

Katukina enfatizou que, ao adotar práticas tradicionais de manejo ambiental, as comunidades indígenas oferecem ao mundo um modelo sustentável e resiliente de conservação da biodiversidade. “O que vemos nas florestas que protegemos é o reflexo de séculos de respeito e harmonia com a natureza. Nossa relação com a terra não é apenas de uso, mas de coexistência,” afirmou. Seu discurso trouxe à tona a urgência de incluir as vozes indígenas nos debates globais sobre meio ambiente, especialmente em um momento em que as florestas tropicais continuam a enfrentar crescentes ameaças de desmatamento.

Davi Fêo destaca a importância de mecanismos financeiros para fortalecer a conservação do meio ambiente e ecossistemas

Davi Molinari Fêo, advogado especializado em finanças verdes e clima, complementou essa visão ao discutir os mecanismos financeiros que podem viabilizar a conservação. Fêo enfatizou o papel dos pagamentos por serviços ambientais (PSA), uma estratégia que garante recursos para comunidades que protegem ecossistemas vitais, como as florestas tropicais. Segundo ele, esses mecanismos financeiros são cruciais para garantir que a conservação não seja apenas possível, mas economicamente viável para quem vive da terra.

“Precisamos que as plataformas financeiras reconheçam e recompensem adequadamente aqueles que, historicamente, foram os guardiões dos recursos naturais. Com programas de PSA bem estruturados, conseguimos não apenas preservar, mas também valorizar o papel das comunidades indígenas na proteção ambiental,” explicou Fêo.

O festival serviu como um importante palco para explorar como a conservação ambiental pode ser integrada a modelos econômicos mais inclusivos. Diversos projetos e programas apresentados no evento propuseram formas de alinhar a preservação dos ecossistemas com incentivos financeiros, criando um ciclo de benefícios mútuos para as comunidades e o meio ambiente. Essa abordagem busca garantir que as práticas de conservação sejam sustentáveis a longo prazo, ao mesmo tempo que proporcionam ganhos econômicos para as populações que dependem diretamente dos recursos naturais.

Além das discussões jurídicas e indígenas, o Trees & Seas ofereceu uma série de atividades destinadas a engajar o público em uma reflexão mais profunda sobre a crise climática. Filmes impactantes foram exibidos ao longo do evento, seguidos de debates que incentivaram os participantes a se envolverem ativamente em suas comunidades. A conexão entre arte, conhecimento e ativismo foi reforçada, proporcionando uma experiência imersiva para todos os presentes. Um desses filmes foi o dos Guardiões Ambientais da CONAFER, o curta pode ser visto integralmente abaixo: 

O fundador do The Wildlife Focus e idealizador do festival, Erfan Firouzi, destacou que a proposta do evento era justamente criar um espaço onde o poder do cinema pudesse sensibilizar as pessoas sobre as urgências ambientais do nosso tempo. “Queremos que este festival inspire ações concretas. As mudanças climáticas e a perda de biodiversidade são crises interligadas que demandam respostas urgentes e coletivas,” afirmou Firouzi, naturalista premiado e defensor da biodiversidade.

O Festival Trees & Seas em Dubai provou ser mais do que um simples evento cinematográfico. Ao reunir especialistas de diversas áreas, desde o direito até a defesa dos povos indígenas, o festival criou um espaço para discussões amplas sobre como enfrentar os desafios ambientais globais. A colaboração entre diferentes perspectivas e disciplinas foi o que deu força ao evento, promovendo soluções inovadoras e viáveis para a preservação da biodiversidade e o combate às mudanças climáticas.

Com iniciativas como essa, o Trees & Seas se consolida como uma plataforma essencial para fomentar o diálogo sobre a sustentabilidade e impulsionar ações efetivas, capacitando comunidades a desempenharem um papel ativo na construção de um futuro mais verde, e a CONAFER novamente se coloca como um importante ator na preservação ambiental em nível global. 

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