A CONAFER segue na internacionalização dos programas e serviços que a transformaram na marca agrofamiliar brasileira. Após acordo comercial com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil China, e reuniões de trabalho bilaterais na COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes, é a vez dos agricultores familiares do leste da África receberem o apoio da Confederação. No Quênia, os primeiros 53 agrofamiliares já foram filiados. Na sequência, Ruanda e Congo, avançando para o Burundi, o sul do Sudão, depois Uganda e Tanzânia. Como afirmou Carlos Lopes, presidente da CONAFER, “são programas que estamos levando com recursos próprios, sem nenhum tipo de apoio estatal, ou de ONG, ou qualquer outra entidade. Nós agricultores vamos ajudar os agricultores de lá, nesse processo e projeto que a gente tem, levando carinho, amor, solidariedade, verdade, amizade, que é o que nós temos aqui de sobra, com sorrisos e coragem”
Com a chegada da CONAFER em território africano, abre-se a possibilidade real do início de uma mudança de paradigma na vida dos pequenos produtores africanos. Além de projetos de sustentabilidade para geração de ativos ambientais, o +Pecuária Brasil vai estar chegando no continente africano, em regiões de fazendas que precisam de melhoramento genético. Botswana é um destes lugares, que inclusive já demonstrou interesse em poder se relacionar com a CONAFER, e na sequência adquirir a genética bovina.
Para o presidente Carlos Lopes, “a CONAFER na África, nada mais é do que um filho voltando à mãe. Quando a fé se sobressai com excelência no âmbito da representatividade do setor da agricultura familiar do Brasil”.
O presidente da CONAFER, Carlos Lopes, afirmou que “as nossas experiências no Brasil são muito frutuosas e de sucesso. A gente sempre teve a vontade e o desejo de levar o que construímos na África e colaborar com nossos parentes de lado. Como eles também, somos povos tribais, né? Aqui somos indígenas, povos originários daqui. Tivemos que construir o nosso próprio caminho de ressignificância. Sobressaindo-se ao projeto colonialista do mundo sobre nossas terras. Que bom, provamos pra eles que somos bons, mesmo assim. E temos a oportunidade de levar nosso trabalho para o Quênia, o Congo, o Ruanda, diversos países. Tivemos a sorte de encontrar pessoas maravilhosas para iniciar este sonho na África, que é levar os produtos da Conafer para contribuir com os parentes de lá. Temos o +Pecuária Brasil, Mais Vida Brasil, uma série de programas e ações. A CONAFER espera ter sucesso também na África, como tem no Brasil”.
À direita (blazer cinza), o especialista em direito ambiental aplicado a Finanças Verdes e consultor da CONAFER na África, Davi Molinari Fêo
O consultor da CONAFER na África, Davi Molinari Fêo, falou de sua experiência de uma década dedicada a operações de inteligência na África e uma temporada vivendo no leste africano entre 2008 e 2012. “Desenvolvi junto com minha família, um profundo apreço pelo continente. A África sempre ocupou um lugar especial em nossos corações, e há muito tempo nutria o desejo de retomar minhas atividades e conexões lá. Em um encontro providencial com o senhor Carlos Lopes, presidente da Conafer, durante a conferência do Clima na COP28, em Dubai, descobrimos imediatamente um interesse mútuo: a África. O senhor Lopes expressou seu profundo respeito pelos povos originários africanos e o desejo de apoiá-los, inspirado pelo êxito alcançado pela CONAFER Brasil”.
No Quênia, os primeiros 53 agrofamiliares já estão filiados à CONAFER
Na sequência, Davi Fêo, complementou: “com o desejo de conectar a ancestralidade de ambos continentes e a troca de experiências entre os povos originários, o senhor Lopes demonstrou seu interesse em fortalecer a agricultura familiar e apoiar pequenos agricultores africanos. Uma visão que rapidamente nos uniu, e então formamos uma frente para o leste da África, precisamente no Quênia e Ruanda. Essa decisão nos levou a uma jornada inspiradora inicialmente no Quênia, por quatro condados: Nyandarua, Nakuru, Kisumo e Laikipia. Iniciamos nossas operações com 53 filiações na região de Ronga, no Condado de Nakuru, devido às conexões passadas na região. Esta etapa marca o começo de um novo capítulo de colaboração e apoio aos valorosos agricultores familiares e pequenos agricultores da África, reafirmando nosso compromisso e amor pelo continente”.
A África Oriental ou o leste africano é a parte da África banhada pelo Oceano Índico e inclui, não só os países costeiros e insulares, Comores, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Quênia, Seicheles, Moçambique, Somália e Tanzânia, mas também alguns do interior, como Burundi, Ruanda e Uganda, além de Zimbabué, Zâmbia e Malawi
No Quênia, o Condado de Nakuru teve as primeiras filiações da CONAFER
O Condado de Nakuru, situado no Quênia, é uma região de rápido crescimento e desenvolvimento. Com uma população estimada de mais de 2 milhões de habitantes em 2019, o Condado viu um significativo aumento populacional, crescendo a uma taxa anual de 3,2% desde 2009. As cidades mais populosas incluem Nakuru Town, com 307.990 habitantes, e Naivasha, com 181.966 habitantes, destacando-se também pela sua alta densidade populacional.
Situado a uma altitude média de 1.856 metros, Nakuru caracteriza-se por um clima temperado, com uma precipitação média anual de 1.000 mm e temperatura média anual de 18°C. A expansão da área total para 7.509 km² reflete sua diversidade geográfica, que vai de florestas montanhosas a savanas e zonas úmidas. O condado é lar de mais de 40 grupos étnicos, com predominância dos Kikuyu (43%), Kalenjin (31%) e Maasai (10%). A urbanização crescente é notável, com 44% da população residindo em áreas urbanas.
O PIB per capita alcançou US$1.700 em 2019, impulsionado por setores como agricultura, turismo, indústria e comércio. Contudo, desafios como pobreza, desigualdade, desemprego juvenil e degradação ambiental persistem, exigindo atenção e ações efetivas. A infraestrutura está em desenvolvimento, com investimentos em rodovias, ferrovias e no Aeroporto Internacional de Nakuru. O turismo, que contribui significativamente para o PIB, inclui atrações como o Parque Nacional do Lago Nakuru e a reserva Maasai Mara, entre outros. Os desafios para um turismo sustentável e o acesso à água potável e saneamento básico são pontos cruciais para o avanço do Condado.
Florestas, colinas e montanhas fornecem habitat natural para plantas, animais e pássaros, e também eram considerados lugares espirituais para adoração. Nakuru é um condado vibrante, com rica cultura e diversidade. Embora tenha experimentado crescimento econômico e expansão populacional, enfrenta desafios significativos que demandam soluções sustentáveis. A preservação de seus recursos naturais e culturais, juntamente com o desenvolvimento equitativo, são essenciais para seu futuro.
Existe uma grande demanda por inseminação artificial nas pequenas propriedades do leste africano. O sucesso do +Pecuária no Brasil atraiu o interesse de muitos produtores africanos, e que estão na expectativa de conhecer o programa, e assim, desenvolver um projeto de melhoramento genético local. Já em processo avançado de diálogo com produtores e o mercado bovino em muitos países da África, Davi Fêo reconhece que “por tudo que está acontecendo, certamente tem muitas outras áreas em que a CONAFER pode atuar aqui na África, além da pecuária”.
Este primeiro braço pecuário no leste africano é mais um caminho para uma CONAFER global. “Então, praticamente a gente está desenhando uma atuação em dois países principais, seria o Quênia e a Ruanda, e a partir desses países a gente vai expandir o projeto para o Burundi, para o sul do Sudão, para a Uganda e para a Tanzânia. Isso abarcaria todo o leste da África, e aí projetamos expandir uma parte para o sul africano, onde temos excelentes contatos com os produtores locais, como por exemplo com Botswana, um país sem costa marítima, com uma paisagem definida pelo deserto Kalahari e pelo delta do Okavango”, finalizou Davi Fêo.