Diz um provérbio chinês que “todas as flores do futuro estão contidas nas sementes de hoje”. Com certeza esta é uma excelente metáfora para ilustrar o encontro bilateral desta terça-feira (26) na sede da CONAFER, em Brasília. O presidente licenciado Carlos Lopes esteve presente, e ao lado do presidente interino, Tiago Lopes, apresentou a empresários e investidores, os produtos e os programas da CONAFER para o segmento agrofamiliar brasileiro. O grupo composto pela empresária chinesa, Yuan Jin, o presidente da Universidade Brasil, André Lins, o CEO da MaquiGeral, Kleber Cogo, além de assessores, também teve a presença do deputado federal Fausto Pinato. O Brasil tem a maior produção agrofamiliar do mundo e os chineses têm muita tecnologia para oferecer. Só neste ano de 2023, as transações comerciais sino-brasileiras ultrapassaram os 100 bilhões de dólares 

Brasil e China são protagonistas no mundo contemporâneo das parcerias comerciais. Os dois países estão entre os 5 maiores produtores de alimentos do planeta. Juntos têm uma produção agrícola de quase 2 trilhões de dólares. Historicamente, o interesse estratégico chinês está nas áreas de energia, agronegócio e infraestrutura. 

Da esquerda para a direita, o CEO da MaquiGeral, Kleber Cogo, o presidente interino da CONAFER, Tiago Lopes, o presidente licenciado, Carlos Lopes, o deputado federal Fausto Pinato e a empresária chinesa, Yuan Jin

Por ter uma população de 1,4 bilhão de pessoas, é impossível que a China possa alimentar toda a população apenas com o que é produzido nacionalmente. Mesmo a China sendo o maior produtor mundial de alimentos, o seu  índice de urbanização só aumenta, tirando muitos chineses do campo, demandando mais alimento nos grandes centros urbanos. As políticas agrícolas estão em constante mudança devido aos problemas ambientais e escassez de recursos naturais, como água. Aí surge uma oportunidade de potencializar o comércio internacional no setor agrícola entre o Brasil e a China.

Foi esta a perspectiva que a CONAFER apresentou aos chineses e brasileiros presentes na reunião de ontem. Para Carlos Lopes, “a gente tem uma diversidade na cadeia produtiva da proteína vermelha, o peixe, o frango, a proteína branca. A pesca artesanal e sua função social. Nossa diversidade de produtos na pesca é imensa. Por isso temos que pescar, tanto no rio como no mar. E também  a agricultura convencional. No Brasil hoje temos uma pecuária de corte, a maior pecuária de corte comercial do mundo. Porque os nossos maiores clientes são interessados em proteína, e o nosso pescado não pode ser subjetivado. Temos de encontrar parceiros que possam fidelizar para poder potencializar o que nós temos, seja na pesca, seja no futuro do gado, seja no frango, seja no suíno.”

Carlos Lopes ao entregar um presente do povo originário brasileiro à empresária chinesa, Yuan Jin

Na sequência, Carlos Lopes, falou do potencial agrofamiliar no Brasil: “é uma coisa que é preciso entender. Hoje, 85% do território brasileiro é natural. 75% dos nossos municípios são rurais e hoje somos um público de 40 milhões de brasileiros na cadeia produtiva. Por isso, o setor é responsável por 80% dos empregos nas cidades com até 20 mil habitantes. Se pergunta que carros precisamos? Precisamos de tratores. Precisamos de irrigação. Precisamos de tecnologia. Precisamos de implementos. Precisamos de financiamento. O estado brasileiro em décadas não conseguiu resolver estes gargalos. Cabe à CONAFER fazer a parte dela e levar benefícios e apoio ao segmento. E é o que estamos fazendo com nossos serviços, projetos e programas para todas as categorias de agricultores, pescadores, assentados, ribeirinhos, indígenas, quilombolas, todos que produzem 10% do PIB brasileiro e respondem pela segurança alimentar do país, 84% dos estabelecimentos rurais no Brasil são de agricultores familiares.”

Só neste ano de 2023, as transações comerciais sino-brasileiras ultrapassaram os 100 bilhões de dólares

Os empresários chineses e brasileiros apresentaram produtos e soluções para ampliar a produção agrofamiliar brasileira. De novos insumos aos projetos de produção de pescado em alto mar, de máquinas agrícolas aos equipamentos de gestão das propriedades. Foram então feitos alguns encaminhamentos para avançar em parcerias em toda a cadeia produtiva agrofamiliar, do crédito ao apoio dedico ao extensionismo rural. 

Há milhares de anos, os primeiros vestígios da agricultura chinesa foram registrados, por meio de vestígios em plantações de arroz. A partir daquela época, a agricultura só cresceu entre a população chinesa, chegando a atingir 63% da população no campo em 1985. Contudo, a China só passou a ter mais de 50% de população urbana a partir de 2011. A agricultura chinesa possui como base de sua produção agrícola o trigo, arroz, batata, amendoim, milho, algodão e outros produtos agrícolas que colocam a China como um dos países com o maior rendimento agrícola do mundo. Toda essa eficiência e rendimento em apenas 15% de terras consideradas cultiváveis. O governo chinês fornece um subsídio ao produtor rural. Tais subsídios, ao todo, representaram cerca de um quarto de toda a receita agrícola que a China levantou no ano de 2015. Fatores como esse mostram todo o apoio que os chineses dão a sua agricultura e a população que nela trabalha. Algumas ações podem até não ser adequadas para o cenário nacional do Brasil, mas merecem o estudo e a atenção dos brasileiros, pois a autossuficiência e a segurança alimentar da agricultura chinesa são exemplares.

Estudos arqueológicos comprovaram que nossa ligação com os chineses pode ser ancestral

Em novembro deste ano, um grupo internacional de pesquisadores, do qual fez parte o brasileiro André Strauss, da Universidade de São Paulo (USP), publicou um artigo propondo um novo modelo. De acordo com ele, todos os indígenas das Américas descendem de uma única população que chegou ao Novo Mundo vinda do leste asiático, através do estreito de Bering, há cerca de 20 mil anos. Segundo esta hipótese, há 16 mil anos essa população primária se dispersou rapidamente por todo o continente americano, tendo alcançado até mesmo o sul do Chile há cerca de 14 mil anos. Em algumas regiões do continente, como no sul do Brasil, esses grupos originários permaneceram majoritariamente inalterados até o contato europeu”. Isto mostra que a nossa ligação com os chineses pode ser ancestral, talvez isso explique as boas relações que brasileiros e chineses nutrem em tempos modernos.

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