da Redação

Tudo está sendo preparado para realizar uma grande festa no território indígena do Sul da Bahia

Engana-se quem pensa que nos territórios indígenas não se pratica o futebol. O esporte mais popular do país é tradição nas aldeias e uma oportunidade de promover o encontro entre etnias com seus rituais e tradições. Uma prova do talento para o futebol dos indígenas, é que o único jogador brasileiro comparado a Pelé em sua época, foi o gênio Garrincha, descendente da etnia Fulni-ô, do litoral de Pernambuco. Sim, o multicampeão camisa 7 do Botafogo e da Seleção Brasileira bi-campeã do mundo em 1958 e 62, tem a sua ancestralidade indígena.

A ancestralidade do grande ídolo Mané Garrincha é Fulni-ô

As mesmas características de velocidade e habilidade do famoso Mané Garrincha podem ser vistas em milhares de praticantes do futebol nos campinhos de terra batida das aldeias indígenas. Basta prestar atenção no jeito de correr, na força física e na criatividade dos indígenas no domínio da bola. O que falta para estes jovens é mais oportunidades, campos com estrutura e um incentivo para aprimorar os seus talentos.

O objetivo deste Campeonato não é revelar jogadores de futebol para equipes profissionais como sonham milhões de jovens pelo Brasil. A CONAFER acredita que um povo pode abrir mão de jogadores de futebol, mas não pode abrir mão dos seus agricultores familiares.
Para a CONAFER, o Campeonato de Futebol da Terra Indígena Caramuru, além de unir as comunidades em torno de uma festa do esporte, é uma excelente oportunidade de valorizar as tradições e rituais das etnias e aldeias participantes. 
Por ser o esporte mais popular nas comunidades indígenas, praticado por crianças, jovens e adultos, o futebol é ao mesmo tempo um momento de desenvolver valores importantes, como o cuidado com a saúde, o respeito pelos companheiros de jogo e o espírito de equipe.


O novo campo e a expectativa pelo Campeonato de Futebol da Terra Indígena Caramuru

Com 105 metros de comprimento e 64 metros de largura, o excelente gramado do campo que está sendo construído na aldeia Caramuru já parece dar forma a um futuro estádio, pois teremos além de um belo tapete verde, vestiários para as equipes e banheiros para o público. 

“A realização deste campeonato em nossa aldeia representa alegria e união para a comunidade, pois é algo que já foi incorporado às nossas tradições e vem sendo passado pelos anciãos. É muito gratificante ver todos os parentes reunidos”, conta o Secretário Nacional de Tradições e Cultura dos Povos Originários da Conafer, Burinha Pataxó.

Burinha Pataxó, Secretário Nacional de Tradições e Cultura dos Povos Originários da CONAFER

Para um dos organizadores do evento, Hugo Pataxó, “há uma grande expectativa em torno do Campeonato que já acontece desde os anos 1980, e a ideia é de que a edição deste ano seja a maior que já fizemos”.

Um dos coordenadores do Campeonato, Hugo Pataxó

O campeonato terá 14 equipe e seguirá as regras da FIFA. A composição das tabelas dos jogos e a forma de disputa serão divulgadas assim que haja liberação do espaço para os jogos em função da pandemia. A partir daí, ao assinar o recebimento do regulamento e as fichas de inscrição, as equipes estarão automaticamente se credenciando para a grande disputa. As inscrições serão gratuitas. A CONAFER irá disponibilizar conteúdos das disputas até a decisão, com uma matéria especial sobre os guerreiros do time campeão, tudo nas redes sociais e no site com muitas imagens e informações sobre o Campeonato.

 
Que venham os jogos!

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