Na última semana a CONAFER teve o prazer de receber uma comitiva especial para debater sobre o cenário indígena e pesqueiro no Brasil e juntos pensar em ações para melhorar esses setores. Estavam presentes Érika Nogueira, assessora do deputado Edson Araújo no Maranhão e funcionária da Casa do Povo há 20 anos, junto ao Dr Guilherme assessor jurídico da FECOPEMA e da Associação indígena Ascalwa, também a militante e ativista política Zezé e o renomado Cacique Natanael Munduruku, articulador da União Nacional dos Caciques (UNAC). Da parte da CONAFER estavam presentes o Secretário Geral, Tiago Lopes e os Secretários da Pesca, da Agroecologia, da Comunicação e das Relações Institucionais. A CONAFER realizou essa reunião com o objetivo de firmar novas parcerias e alinhar estratégias em conjunto.
No Maranhão, Dr. Guilherme representa a FECOPEMA, Federação das Colônias de Pescadores do Estado do Maranhão, e Érika a Associação Comunitária Guajajara da Terra Indígena Lagoa Comprida Ascalwa da Aldeia Leite Município Jenipapo dos Vieiras. Através dessas entidades ela luta para o desenvolvimento das comunidades pescadoras e indígenas na região, pois entende que os parentes não querem viver no urbano, eles querem viver na aldeia mas com boa qualidade.
A FECOPEMA tem 40 anos de existência, 183 colônias filiadas e possui a primeira colônia de pescadores com presidência e diretoria toda indígena, que fica em Amarante do Maranhão na terra indígena Arariboia. Junto à CONAFER a ideia é fortalecer o segmento da pesca nas aldeias, pois tudo que a pescaria artesanal sabe hoje é oriunda dos povos indígenas, e através dessa ação melhorar a produção de todas as colônias de pescadores do Maranhão. Foi discutido a possibilidade da criação de sindicatos SAFER PESCA, Sindicato dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais da CONAFER, com foco em Pescadores, para atender os produtores locais e também a articulação de uma Federação Maranhense filiada à CONAFER, para abranger todo o estado.
Buscando atender o estado do Amazonas e fortalecer a UNAC, O Cacique Natanael Munduruku nos contou um pouco de sua história e sua luta. Ele é cacique há 25 anos, desde seus 17, e além de Cacique é empresário em três modalidades, piloto de avião e embaixador da ONU. Toda a luta dele é ele mesmo quem financia, sem nenhum apoio do governo. Ele entende que as instituições e entidades que buscam representar os indígenas no Brasil na verdade só representam os interesses do próprio governo e que somente através de uma organização autônoma dos povos indígenas é que veremos avanços reais. Por isso, há cinco anos ele vem articulando a União Nacional dos Caciques, uma entidade verdadeiramente dos indígenas cujo objetivo é diminuir burocracias impostas pela FUNAI e trabalhar políticas públicas de maneira eficiente. Agricultura familiar e pesca artesanal principalmente, pois essa é a base alimentar e de produção dos povos originários. Segundo o Cacique, só o estado do Amazonas conseguiria abastecer o Brasil todo de peixe.
A UNAC está em seu processo de desenvolvimento, mas somente no Amazonas, de onde o Cacique Natanael é oriundo, são mais de 5.000 caciques. Articulados pelo Brasil, chegam aos 15.000. A CONAFER se mostrou de braços abertos para apoiar essa luta, visto que há dois anos atrás batalhou para que os indígenas pudessem acessar políticas públicas para a agricultura familiar e pesca artesanal, fortalecendo sua autonomia de produção. Entendemos que a UNAC e a CONAFER tem muito o que crescer juntos.
A reunião terminou com um sentimento de bons frutos plantados para o futuro. Entre parcerias, sindicatos, federações, associações e movimentos, o que se destacou mais foi a honestidade com que a conversa se deu, onde era possível ver que todos tinham um objetivo claro em comum: a luta pela autonomia dos povos.
A Confederação da Agricultura Familiar