Devido às enchentes do rio Acre e de seus afluentes, os rios Tarauacá, Môa e Azul, provocadas pelo grande volume de chuvas neste que atingem o Acre desde 21 de fevereiro, a população do estado do Acre está vulnerável e com três cidades em estado de emergência: a capital Rio Branco, Tarauacá e Mâncio Lima. Mais de 19 municípios e mais de 11 mil pessoas são afetadas pelos alagamentos, principalmente as comunidades tradicionais que vivem dos recursos naturais dos rios, como os povos indígenas e ribeirinhos. Por outro lado, as enchentes também afetam cidades vizinhas, como Feijó. Nesta quarta-feira, dia 19 de março, em apoio aos povos indígenas e ribeirinhos afetados pelas enchentes, a Secretaria Nacional de Povos, Comunidades Tradicionais e Política Social, SEPOCS da CONAFER, realizou a doação de 50 fardos de água para as comunidades de Feijó, Acre. O objetivo da Confederação é ajudar os povos tradicionais neste momento de dificuldade e continuar com as doações de água e alimentos
O Rio Acre, que passa pela capital, foi o primeiro a subir além do limite de transbordo, que é de 14 metros. Na última semana, a água invadiu casas em pelo menos 15 bairros, deixando mais de 120 famílias desabrigadas. Por causa da enchente, os equipamentos que captam água para as Estações de Tratamento (ETA), responsáveis pelo abastecimento da cidade, foram danificados, e o fornecimento de água ficou completamente interrompido. Até esta segunda-feira, quando o rio já estava em 15,87 metros, o serviço ainda não tinha voltado ao normal totalmente.

Foto: Pedro Devani/ SECOM
Em Mâncio Lima, que fica a 659 quilômetros de Rio Branco, choveu 31 milímetros no sábado, dia 15. Isso fez com que os rios Môa e Azul, além de alguns igarapés da região, transbordassem. A enchente atingiu cerca de 300 famílias, tanto na cidade quanto na zona rural, prejudicou plantações e dificultou o acesso a algumas áreas.
Já em Tarauacá, a 408 quilômetros da capital, o nível do rio chegou a 10,70 metros ao meio-dia desta segunda-feira, dia 17. A cota de transbordo na cidade é de 9,50 metros, e o maior nível já registrado foi em 2021, quando a água atingiu 11,15 metros, segundo a Defesa Civil. As prefeituras decretaram emergência para liberar recursos e ajudar as pessoas afetadas pelas enchentes. Além disso, há outros municípios onde os rios já passaram do nível de transbordo, mas que ainda não declararam emergência, como Cruzeiro do Sul, Plácido de Castro, Porto Acre e Rodrigues Alves.

Além da capital Rio Branco, mais duas cidades do Acre decretaram situação de emergência – Foto: Paulo Dutra/CENARIUM
Além da falta de acesso à água potável e comida, as enchentes podem afetar ainda mais a população com vários problemas para a saúde. Entre os principais riscos estão doenças como leptospirose e dengue. Outro problema é a interrupção de tratamentos nos postos de saúde das áreas afetadas, o que preocupa ainda mais. No longo prazo, o acúmulo de entulho e destroços aumenta o risco de acidentes com animais perigosos, como escorpiões, aranhas e cobras.
Neste cenário, as comunidades tradicionais dos povos ribeirinhos e indígenas estão mais vulneráveis e com dificuldade de acesso à água potável e alimentos, uma vez que os equipamentos que captam água estão danificados e as alterações da fauna e flora prejudicam a caça e pesca, por exemplo. Com o objetivo de facilitar a alimentação de qualidade entre as famílias ribeirinhas e originárias, além de prestar apoio neste período delicado, a SEPOCS fez a doação de 50 fardos de água adequada para o consumo para as comunidades de Feijó, Acre. Este município é banhado, principalmente, pelo rio Envira, afluente do rio Tarauacá, que transbordou nesta última segunda-feira (17).

Foto: CONAFER
A ideia é que, ainda nesta semana, a equipe da SEPOCS continue as doações com cestas básicas de alimentos não perecíveis e essenciais para a alimentação como arroz, feijão, farinha, café, açúcar, leite e ovos. A Secretaria Nacional de Povos, Comunidades Tradicionais e Política Social continua acompanhando e apoiando a comunidade indígena e ribeirinha da região e, só nessa semana, beneficiou mais de 100 moradores locais com as doações.


Fotos: CONAFER
Ao realizar doações de fardos de água para os povos indígenas e ribeirinhos, vítimas das enchentes do Acre, a Secretaria Nacional de Povos, Comunidades Tradicionais e Política Social da CONAFER mostra o compromisso da Confederação em ajudar os povos indígenas e ribeirinhos em momentos de dificuldade. Em busca de fortalecer a conservação do meio ambiente, a CONAFER promove cursos para formar guardiões ambientais nas aldeias, apoia técnicas de produção sustentável no campo e defende o marco ancestral contra a inconstitucionalidade do marco temporal.