da Redação

Um dos objetivos da CONAFER é trabalhar pelo resgate, valorização e promoção das tradições dos povos livres e soberanos, reunir o conhecimento daqueles que têm o verdadeiro conhecimento do território brasileiro, há milênios habitado pelos seus povos ancestrais, muitos antes da invasão dos europeus, muita antes dos livros de história.

Na série de entrevistas com as Secretarias da CONAFER, chegou a vez da Secretaria de Tradições e Culturas dos Povos Originários. Conversamos com a sua direção na semana em que a Diretoria Nacional da CONAFER se reuniu com Secretários e Coordenadores no Território Livre Girassóis, sede da Secretaria de Agroecologia, Meio Ambiente e Políticas Públicas da CONAFER. A pauta foi a conjuntura nacional, os planos e estratégias de atuação da entidade para o ano de 2020.

SECOM:

Como a Secretaria atua nas ações da CONAFER pela agricultura familiar e o empreendedorismo rural?

STCPO:

Entendemos que uma Secretaria de Tradições e Culturas dos Povos Originários tem de ir na origem, lá no início da história da terra, na ancestralidade dos povos originários deste imenso território. Porque não tem como um povo se desenvolver sem conhecer sua própria história, e mais que isso, reconhecê-la como verdadeira e assumir o seu protagonismo na condução do seu futuro. É nesta direção que caminhamos, buscando as demandas das comunidades indígenas, no resgate das expressões linguísticas e formas de arte, na releitura da história da nossa ancestralidade, na rica e sustentável culinária, na medicina da floresta. Só desta forma poderemos fortalecer ainda mais as ações da Confederação para os povos originários.

SECOM:

Quais ações da Secretaria para cumprir os objetivos de 2020 da CONAFER?

STCPO:

As ações vão no sentido de valorizar o que existe de expressão cultural em cada aldeia, em cada território indígena, fortalecendo a cultura e a resistência diante de um cenário adverso aos valores tradicionais. Temos uma grande história para contar, e ter a capacidade de registrá-la, deixar um legado como fizeram os ancestrais dos povos originários, é nossa ação principal. Em termos de materialidade deste projeto, vamos promover ações na literatura, no teatro, na música por meio de concurso nacional, vamos publicar conteúdos das lideranças indígenas, além de promover encontros culturais entre as etnias.

SECOM:

Que oportunidades se visualizam diante da conjuntura nacional e internacional por conta das mudanças que ocorrem no mundo, como por exemplo, um novo modelo de consumo mais sustentável e saudável?

STCPO:

O consumo sustentável não se dá apenas pelo alimento da agricultura familiar. Ao falar dos benefícios de determinada planta, evitamos o consumo tóxico da indústria farmacêutica. O mesmo ocorre com o artesanato indígena, que alia o design da natureza, portanto o mais perfeito e rico, com uma sustentabilidade impossível de encontrar no mundo da moda. Tudo porque não é preciso destruir a natureza para extrair a matéria-prima, pois temos o conhecimento de milênios dos povos originários para dizer como deve ser feito. Temos muitas oportunidades de contribuir para este novo modelo de sociedade que busca encontrar formas cada vez mais saudáveis de consumo, e que o modelo capitalista nunca irá oferecer.

SECOM:

Como a Secretaria encara a missão que se impõe da agricultura familiar cuidar das famílias brasileiras?

STCPO:

Hoje, por exemplo, temos uma pandemia instalada no mundo inteiro. E sabemos que muito da nossa saúde começa pela imunidade, pelo fortalecimento do nosso organismo. Será que a resposta para os novos remédios não está na floresta? Nós acreditamos que sim. Ao valorizar determinada culinária, como a dos milhares de pescadores associados da CONAFER, também estamos cuidando da saúde das nossas famílias. E como não pensar nas artes trabalhando pela saúde da mente, como a música, as manifestações e o artesanato indígenas? Cumprir esta agenda é a melhor forma de contribuir no cuidado com as famílias brasileiras.

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