O Serviço Geológico do Brasil, o SGB/CPRM, que opera sistemas de alertas hidrológicos nas principais bacias hidrográficas de todo o Brasil com previsões dos níveis dos rios, alerta para eventos críticos. No Pantanal não teve período de cheia este ano, o que indica que a estiagem de 2024 tende a ser a mais grave dos últimos 5 anos. O Rio Tapajós, no Pará, enfrenta uma seca sem precedentes, com o nível da água medindo 1,19 metros em Itaituba e 1,15 metros em Santarém. A situação levou a Agência Nacional das Águas (ANA) a declarar, pela primeira vez, uma crise de escassez hídrica na região. O Rio Negro, no Amazonas, está a menos de 2 metros de sua seca histórica. Na manhã desta quarta-feira (25), segundo a medição realizada pelo Porto de Manaus, o nível do rio marcava 14,30, apenas um metro e sessenta centímetros a menos do que a menor marca já registrada, de 12,70, em outubro de 2023. O Rio Madeira, em Rondônia, chegou na mínima há duas semanas, quando registrou no dia 9, na capital Porto Velho, 75 cm. Esta é a menor marca desde 1967, quando o SGB iniciou o seu monitoramento. São imagens e números preocupantes, numa clara demonstração da dura realidade das mudanças climáticas. Foto de capa: imagens de satélite, reprodução redes sociais

Segundo o SGB, Serviço Geológico do Brasil, o Pantanal está enfrentando desde 2019 o período mais seco das últimas quatro décadas e a tendência é que 2024 tenha a pior crise hídrica já observada no bioma, de acordo com um estudo inédito. Os resultados revelam que o Pantanal não teve período de cheia em 2024: nos primeiros quatro meses do ano, quando deveria ocorrer o ápice das inundações, a média de área coberta por água foi menor que a do período de seca do ano passado. O Pantanal é uma das maiores extensões alagadas contínuas do planeta e está localizado no centro da América do Sul, na bacia hidrográfica do Alto Paraguai. Sua área é de 210 mil km², com 65% de seu território no estado de Mato Grosso do Sul e 35% no Mato Grosso.

O Pantanal está enfrentando desde 2019 o período mais seco das últimas quatro décadas

O Rio Tapajós, localizado no oeste do Pará, enfrenta uma seca sem precedentes, com o nível da água medindo 1,19 metros em Itaituba e 1,15 metros em Santarém. A situação levou a Agência Nacional das Águas (ANA) a declarar, pela primeira vez, uma crise de escassez hídrica na região. Comparado ao mesmo período de 2023, o nível atual está 1,33 metros abaixo, revelando o agravamento da estiagem que impacta diretamente as populações ribeirinhas e atividades econômicas locais. A crise hídrica afeta também as comunidades ribeirinhas, como Aritapera e Lago Grande, onde a falta de água potável e a dificuldade de navegação têm agravado as condições de vida dos moradores.

O Rio Tapajós, localizado no oeste do Pará, enfrenta uma seca sem precedentes, com o nível da água medindo 1,19 metros em Itaituba e 1,15 metros em Santarém

A seca extrema do Tapajós prejudica tanto o turismo quanto a pesca e o transporte fluvial na região. Com embarcações ancorando a metros de distância do cais e trechos do rio intransitáveis, o Governo Federal reconheceu a situação de emergência em cinco municípios: Santarém, Juruti, Prainha, Óbidos e Oriximiná. Esses locais agora podem solicitar recursos para ações de mitigação através da Defesa Civil Nacional.

O Rio Negro, no Amazonas, está a menos de 2 metros de sua seca histórica. Na manhã desta quarta-feira (25), segundo a medição realizada pelo Porto de Manaus, o nível do rio marcava 14,30, apenas um metro e sessenta centímetros a menos do que a menor marca já registrada, de 12,70, em outubro de 2023. Só em setembro, o rio já “vazou” 5,70 metros. Seguindo esse ritmo, a marca negativa deve ser batida entre os dias 1 e 2 de outubro. Em 2023, o recorde foi registrado no dia 26 de outubro. O movimento de seca pelo qual atravessa o Rio Negro, muda a paisagem e dificulta a vida da população amazonense que depende do rio. 

O Rio Negro, no Amazonas, está a menos de 2 metros de sua seca histórica

No Rio Madeira, em Porto Velho (RO), o Serviço Geológico do Brasil (SGB) instalou uma nova régua linimétrica, que marca de 1 m até a cota 0, para monitorar o nível. A instalação, realizada pela equipe da Residência de Porto Velho (REPO), ocorreu no dia 9 de setembro. Além das réguas, o SGB também opera Plataformas de Coleta de Dados (PCD) para monitoramento automático dos níveis. As informações são transmitidas em tempo real e disponibilizadas na plataforma SACE.

De acordo com o SGB, o Madeira alcançou a mínima histórica na manhã do dia 9 de setembro, em Porto Velho, ao baixar para 75 cm

Esta marca mínima do Madeira, é a menor desde 1967, quando o SGB iniciou o monitoramento do rio. Caso o nível fique abaixo da marca 0, pode ser instalada nova régua para medir os lances negativos. O cenário é decorrência do que ocorreu no ano passado, quando o rio chegou a níveis baixos, houve atraso no período chuvoso e mesmo as chuvas foram insuficientes para uma recuperação. A situação impacta o abastecimento de água às comunidades, afeta a geração de energia e causa prejuízos ao transporte fluvial. Às terças e sextas o SGB divulga Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Madeira, com as cotas observadas na região.

A persistência da crise hídrica levanta questões sobre a capacidade do sistema energético brasileiro de atender à demanda, especialmente nos horários de pico. Nesse contexto, a discussão sobre a possível volta do horário de verão ganha relevância como uma medida para reduzir o consumo de energia. A possibilidade de implementação do horário de verão continua em análise pelo governo, que considera diversos fatores, incluindo o impacto na demanda de energia e as projeções para a situação hídrica nos próximos meses. A decisão final dependerá da evolução do cenário energético e climático do país.

Com informações da CNN, WWF-Brasil, Mídia NINJA, Agência Brasil e Serviço Geológico do Brasil – SGB/CPRM.

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