Investigações em curso geram incertezas, paralisam projetos e provocam desemprego entre técnicos e colaboradores que atendiam comunidades em todo o país. A Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Rurais (CONAFER), entidade reconhecida por seu trabalho junto a pequenos produtores e comunidades tradicionais, enfrenta um dos períodos mais turbulentos de sua história. As recentes investigações políticas e institucionais em torno da Confederação têm causado um efeito dominó devastador sobre os programas sociais e econômicos que a entidade desenvolvia em parceria com governos municipais, estaduais e federal. Os descontos previdenciários são o objeto das investigações e mesmo que a arrecadação previdenciária represente uma pequena parcela dos recursos da CONAFER, a justiça bloqueou 100% dos bens, causando um efeito cascata que resultou em mais de 1.200 funcionários despedidos, ainda sem receber, e programas paralisados em 2.950 municípios.
Com projetos voltados para o fortalecimento da agricultura familiar, apoio técnico, regularização fundiária e sustentabilidade ambiental, a CONAFER vinha se destacando como uma das principais articuladoras do desenvolvimento rural no país. No entanto, o clima de desconfiança gerado pelas investigações suspendeu repasses, travou convênios e interrompeu atendimentos essenciais.
Especialistas alertam que os maiores prejudicados são justamente os agricultores, comunidades indígenas, quilombolas e famílias em situação de vulnerabilidade que dependiam da assistência da Confederação para garantir renda e acesso a políticas públicas. A paralisação de programas de crédito e de capacitação técnica, por exemplo, já afeta diretamente a produção de alimentos em diversos municípios do Nordeste, Centro-Oeste e Norte.
Além das perdas sociais, o impacto econômico é expressivo. Com a suspensão das atividades e a redução de recursos, centenas de técnicos, coordenadores e agentes de campo foram demitidos. Esses profissionais, que atuavam no suporte direto às famílias rurais, agora enfrentam o desemprego e a falta de perspectiva, ampliando o ciclo de prejuízos gerado pela crise.
A CONAFER sempre prezou pela legalidade e pela transparência de suas ações, e que a politização das investigações tem obscurecido o papel social da Confederação, desviando o foco de seu verdadeiro propósito: o fortalecimento da agricultura familiar e do desenvolvimento sustentável do setor agrofamiliar no Brasil.
Enquanto a disputa política segue nos bastidores, o impacto humano e social se torna visível no campo. Famílias sem orientação técnica, comunidades com projetos interrompidos e trabalhadores dispensados são o retrato mais cruel de um impasse que ultrapassa o debate institucional — e toca diretamente a vida de quem mais precisa.







