da Redação

Mais do que uma reflexão sobre a possibilidade de escassez do elemento essencial para a existência da vida no planeta, é importante também lembrar que no Brasil, 35 milhões de cidadãos não têm acesso a este serviço básico, muito pela má gestão dos recursos hídricos e falta de infraestrutura das cidades para abastecer a demanda. Por ser a grande responsável pela sobrevivência das espécies e conservação de toda a biodiversidade existente, a data de 22 de março foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Conferência Rio-92, como o Dia Mundial da Água, exatamente para conscientizar a população e fazer uma reflexão urgente. É cada vez mais preocupante a situação mundial da água e cabe aos estados nacionais buscar soluções para o seu enfrentamento, evitando o desabastecimento dos grandes centros urbanos, além do impacto trágico em todo o ecossistema planetário causado por ações que degradam o meio ambiente. Embora o Brasil seja o país com a maior reserva de água doce no mundo, cerca de 16% dos brasileiros não são atendidos com água tratada. A CONAFER se junta a esta luta pela manutenção deste recurso vital, valorizando sua importância para assegurar condições dignas e qualidade de vida, estimulando o seu uso racional na agricultura, na produção industrial e no consumo de toda a população

Apesar de 70% do globo terrestre ser coberto por água, apenas 3% desse total é composto por água doce, e apenas 1% pode ser utilizado para fins de consumo humano e manutenção das suas atividades econômicas. Embora o Brasil possua a maior bacia hidrográfica do mundo, o Amazonas, o crescimento populacional, o aumento da demanda pelo consumo de água, o desmatamento e as mudanças climáticas em áreas urbanas e rurais disparam alertas para a crise hídrica que pode levar em algum tempo a um desabastecimento em todo o país.

A pesquisa realizada pelo World Resources Institute (WRI) apontou que cerca de 3,5 bilhões de pessoas no mundo sofrerão com a escassez de água até 2040, devido aos impactos gerados pela degradação do meio ambiente. Além disso, informações levantadas pela ONU revelam que, atualmente, aproximadamente 1 bilhão de pessoas sofrem com dificuldades de acesso adequado à água no mundo, ou seja, elas vivem com menos de 20 litros deste elemento por dia, tendo de percorrer uma distância máxima de até 1 km para encontrá-la.

35 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável

No Brasil, são consumidos cerca de 152,1 litros de água diariamente por habitante, quantia 38% maior do que a recomendada pela ONU como forma de uso racional deste recurso de 110 litros diários por pessoa, evidenciando seu desperdício por parte da população. Este esbanjamento entra em contradição com um dado alarmante no país, levantado pelo Instituto Trata Brasil, no que diz respeito à questão hídrica, segundo o qual 14,3% das crianças e adolescentes brasileiros não possuem este recurso em casa, e dos 7,5% que possuem, não dispõem de tratamentos que garantam a sua qualidade, como a filtragem, pois obtêm a água por meio de fontes não seguras.

Diante do crescimento do desmatamento, e do aumento da degradação e contaminação dos rios, lagos e nascentes, e da ausência de políticas que fortaleçam medidas de racionamento e consumo consciente para atendimento da demanda populacional, é oportuno reforçar a ideia de que os recursos hídricos não são infinitos. As recentes secas ocorridas na região Sul e Nordeste do país e as crises de gestão que implicaram em um forte racionamento no abastecimento das cidades da região Sudeste, são um prenúncio de futuro que se apresentará para toda a sociedade brasileira, caso medidas urgentes para melhorar a gestão hídrica não sejam efetivadas.

Sistema Cantareira responsável por abastecer a região Metropolitana de São Paulo no auge da crise, em 2020

Para a ONU, o aquecimento global e o uso irracional da água criarão uma disputa sem precedentes pelos recursos hídricos, gerando um efeito negativo na saúde, na produtividade, podendo se tornar um fator multiplicador de ameaças à instabilidade e ao conflito entre nações.

Nesse sentido, é preciso compreender a questão hídrica como elemento assecuratório da soberania de um país, que quando gerido de forma estratégica pode potencializar seu crescimento socioeconômico, trazendo desenvolvimento e saúde às suas populações.

Embora o Brasil possua a maior bacia hidrográfica do mundo, o crescimento populacional, o aumento da demanda pelo consumo de água, o desmatamento e as mudanças climáticas em áreas urbanas e rurais disparam alertas para a crise hídrica

A CONAFER tem empenhado seus esforços para conscientizar cada vez mais seus agricultores e empreendedores rurais associados a respeito do uso inteligente da água, evitando seu desperdício nas práticas agrícolas e na criação de animais. Esta preocupação se estende ainda ao chamado “plantio da água” por meio da agroecologia, com ações que visam regenerar a cobertura orgânica de áreas degradadas e recuperar rios e mananciais, favorecendo o ciclo da água, facilitando o acesso de mais pessoas a este recurso, e auxiliando na manutenção dos ecossistemas.

Neste Dia Mundial da Água, é fundamental que toda a sociedade brasileira compreenda a questão hídrica como essencial à democracia, colaborando para difundir práticas de educação ambiental para sua preservação e atuando na construção de políticas públicas destinadas a facilitar o acesso das populações mais vulneráveis a este recurso. Tratar a água como fator de soberania, atribuindo a sua devida importância é o que permitirá ao país ter seu desenvolvimento socioeconômico e ambiental de forma plena e saudável, contribuindo para a qualidade de vida das gerações futuras.

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