Na manhã de ontem, 13 de novembro, deu-se início ao BRICs – Programa de Capacitação dos Guardiões Ambientais nos Territórios, na Terra Indígena Caramuru Paraguassu, no município de Pau Brasil, sul da Bahia. O curso que vai até sexta-feira, 16, está acontecendo no Colégio Estadual Indígena Caramuru. Executado pela Secretaria Nacional de Políticas para Monitoramento e Segurança no Campo, da CONAFER, o BRICs está formando duas Brigadas Comunitárias de combate a incêndios florestais, além de uma equipe de vigilância territorial com a ideia de capacitar os indígenas para monitorar e combater os incêndios florestais. O curso vai capacitar os indígenas para combate, manejo no território e monitoramento das áreas a serem reflorestadas, por meio das formações continuadas ao longo do ano
Localizada no Sul da Bahia, a Terra Indígena Caramuru Catarina Paraguassu está entre os municípios de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia, na região entre o rio Cachoeira ou Colônia (norte) e o rio Pardo (sul). A TI é de usufruto do povo Pataxó Hãhãhãe. Possui 54 mil hectares e foi delimitada em 1937 pelo Serviço de Proteção ao Índio. Estão participando da formação das Brigadas Comunitárias de Combate a Incêndios Florestais e Vigilância Territorial, as seguintes aldeias: Caramuru, Água Vermelha, Rio Pardo, Bahetá, Milagrosa, Camacan, Paraíso e região da Linha 25, abrangendo todo o território da terra indígena.
O Território Caramuru é um cenário perfeito para dar início ao programa de formação dos brigadistas indígenas
O secretário de Políticas para Monitoramento e Segurança no Campo, Geovanio Katukina, explica que “o BRICs tem como meta mais importante a formação e capacitação de brigadistas para atuarem na proteção contra os incêndios florestais, com amplo conhecimento da prevenção, dos protocolos e das primeiras ações de combate aos focos detectados. A estratégia é a formação de uma rede de brigadas rurais, quilombolas e indígenas utilizando os conhecimentos do Manejo Integrado do Fogo e os princípios do Sistema de Comando de Incidentes (SCI)”.
O secretário de Políticas para Monitoramento e Segurança no Campo, Geovanio Katukina, está no comando das operações no Território Caramuru Paraguassu
Katukina completa: “vivemos tempos de intensos fenômenos ambientais. Por exemplo, a combinação de altas temperaturas, seca e queimadas tem provocado muitas ocorrências em áreas indígenas, como a que ocorreu recentemente na Reserva Jaqueira, em Porto Seguro, 200km de Pau Brasil. Outro crime ambiental são as queimadas em áreas de reserva e de plantio perto de grandes cidades, resultando em muitas áreas urbanas brasileiras cobertas de fumaças. O que não falta é ocorrência, por isso nossos brigadistas precisam estar aptos para atuar e apoiar ações de combate a incêndios, em qualquer situação e em qualquer lugar do país”.
As Brigadas Comunitárias
As brigadas comunitárias de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, são compostas por pessoas das comunidades tradicionais (rurais, quilombolas, indígenas) que se organizam nas ações de prevenção, monitoramento e combate aos incêndios em seus territórios. São pessoas locais que possuem treinamento básico em combate a incêndios florestais, além de conhecimento sobre as características das áreas naturais e os riscos associados a esses incidentes.
Turma da Vigilância Territorial, tendo ao fundo o Colégio Estadual Indígena Caramuru
Função das Brigadas
As brigadas comunitárias são fundamentais para a proteção e a gestão de seus territórios. Nesse modelo a comunidade é protagonista no planejamento das atividades de prevenção, preparação e combate aos incêndios, o que contribui para a diminuição nos impactos dos incêndios florestais, além de ajudar na redução dos prejuízos econômicos, sociais e ambientais.
Turma do BRICs – Brigadas Comunitárias de Combate a Incêndios Florestais
Os tópicos que resumem o BRICs, o Programa de Capacitação dos Guardiões Ambientais nos Territórios
1. Monitoramento
Membros das brigadas estarão atentos às condições climáticas e aos sinais de possíveis incêndios. Realizarão patrulhas nas áreas independentes, observando fatores como temperatura, umidade, ventos fortes e presença de fontes de ignição.
2. Primeiro Ataque
Quando iniciar um incêndio florestal, as brigadas comunitárias agirão rapidamente para controlar o fogo antes que ele se espalhe para demais áreas. Todos usarão Equipamentos Proteção Individual – EPI, e equipamentos de combate até a chegada do apoio de brigadas e bombeiros profissionais.
3. Preparação
A brigada irá se organizar previamente, por meio do levantamento dos recursos disponíveis para o combate. A preparação resulta em tempo de resposta aos incêndios mais curto, diminuindo o esforço de combate e os danos.
4. Combate
A brigada realizará atividades de combate da linha de fogo, seguindo a estratégia definida na etapa de preparação, tendo como finalidade a extinção de todas as frente de fogo, de forma organizada e seguindo o planejamento prévio. As ações de combate são voltadas basicamente para a quebra do triângulo do fogo, com o uso de meios que resfriem ou eliminem o material combustível.
5. Apoio aos Órgãos e Instituições Governamentais
Em algumas situações as brigadas podem trabalhar em conjunto com brigadas do Icmbio e Ibama, além dos Corpos de Bombeiros Militares e Defesas Civis Estaduais, fornecendo informações sobre o terreno local e ajudando a direcionar esforços no combate do incidente, sempre respeitando os princípios do SCI que será discutido mais a frente.
6. Recuperação de Área Degradada Pós-Fogo
Após um incêndio, as brigadas realizarão o trabalho de recuperação dos locais atingidos por fogo. Utilizaremos as técnicas de plantios de mudas e semeadura direta, através de um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas ou Alteradas (PRADA) e monitoramento de fauna contínuo.