Para fortalecer a produção agroecológica dos produtores rurais, e ao mesmo combater as mudanças climáticas, a SEAGRO (Secretaria Nacional de Agroecologia, Meio Ambiente e Políticas Agrárias) da CONAFER lançou em junho deste ano, o projeto Guardiões do Clima. O objetivo é dar ênfase às práticas agroecológicas nos territórios, reconhecendo a importância de estratégias sustentáveis diante dos desafios enfrentados pelos agricultores

No Assentamento Três Conquistas, região da Rajadinha (DF), o projeto concentrou-se em capacitar 10 famílias em práticas de agricultura de baixa emissão de carbono. Utilizando uma metodologia “Camponês-a-Camponês”, a equipe composta por agricultores especialistas em produção agroecológica, incluindo um engenheiro agrônomo, uma agroecóloga e um técnico agrícola, proporcionam orientações técnicas visando a adoção dessas práticas. O objetivo é fortalecer os processos produtivos e sociais, melhorar a resiliência do agroecossistema, elevar a qualidade de vida e fortalecer os laços comunitários.

O projeto em andamento está desenvolvendo ações formativas e parcerias estratégicas para fortalecer a agricultura familiar. Recentemente, fruto da colaboração entre a equipe coordenadora do projeto, EMATER DF e a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (SEAGRI), houve a entrega inicial de insumos pela SEAGRI para preparar solos visando a criação de futuras agroflorestas de frutas. Calcário, termofosfato magnesiano, esterco de aves, aparas de podas e mudas de frutíferas estão sendo fornecidos, impulsionando o trabalho de campo junto à comunidade e preparando o projeto para a fase de implantação das áreas.

Entretanto, alcançar esse estágio demandou um percurso metodológico, garantindo que cada etapa fizesse sentido para o trabalho conjunto, com a participação ativa da comunidade. Inicialmente, houve uma visita ao sítio do agricultor e engenheiro agrônomo cujo trabalho é referência em produção agroecológica, buscando inspirar e engajar os beneficiários. O êxito dessa visita refletiu no interesse evidente das famílias em participar no projeto. Em seguida, foram coletadas amostras de solo em cada propriedade para análise físico-química e realizado um diagnóstico rural, considerando aspectos sociais, agronômicos e ambientais de cada contexto.

A equipe, baseada nos dados coletados, elaborou propostas de plantios agroflorestais e sugeriu técnicas para cultivos de hortaliças e outras culturas anuais. Posteriormente, a comunidade e a equipe reuniram-se para discutir esses planos, dando início às oficinas de capacitação. As oficinas realizadas até o momento abordaram temas como consórcios de hortaliças e produção de biofertilizantes, sendo planejadas próximas etapas sobre sistemas agroflorestais, plantio direto e produção de biodefensivos. O intuito dessas ações é ampliar o conhecimento das famílias na agricultura e favorecer a transição para a produção agroecológica.

Apesar da prevalência de agrotóxicos e adubação química na região, todas as famílias demonstraram preocupação com os impactos desses produtos na saúde. A maioria compreende a relevância da produção agroecológica e tem interesse em ajustar para sistemas mais sustentáveis. No entanto, a insegurança, especialmente do ponto de vista econômico, é um desafio significativo. A equipe da SEAGRO, em colaboração com a equipe técnica, está trabalhando na construção de um mecanismo de comercialização da produção dos talhões agroecológicos – uma Comunidade que Sustenta a Agricultura -, visando estimular uma passagem gradual e permanente para uma produção livre de agrotóxicos, fertilizantes químicos e sementes transgênicas.

A SEAGRO almeja colher resultados positivos à medida que o projeto avança, fortalecendo a agricultura familiar com melhorias produtivas, enriquecimento ecológico e segurança alimentar nos territórios. Busca inspirar outras iniciativas semelhantes, destacando a importância da cooperação, inovação e compromisso com a sustentabilidade na construção de uma agricultura familiar robusta, sustentável e resiliente. As ações em prol de Agriculturas de Baixa Emissão de Carbono, vitais para mitigar as mudanças climáticas, ganham vida por meio do protagonismo das comunidades de agricultura familiar.

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