da Redação
A conexão com o campo é fundamental para o desenvolvimento e o aumento da produção agropecuária nacional. Para avançar e ampliar esta conectividade, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apresentou o AgroTag, sua primeira plataforma geoespacial multitarefa. De acordo com a empresa, mais do que um aplicativo, o AgroTag é um ambiente digital importante, que tem como objetivo facilitar o acesso e a troca de dados geoespaciais de qualidade entre o campo, usuário e suas demandas, ampliando o acesso à internet por todo o território brasileiro. Segundo o IBGE, dos 5,07 milhões de estabelecimentos rurais do país, 71,8% não possuem acesso à internet, representando um total de 3,64 milhões de propriedades. Com a digitalização que está chegando nos ambientes agrícolas, é possível tomar decisões mais corretas e com menor risco de perdas, aumentando os lucros da produção. Tecnologias sustentáveis que nos conectam ao mundo digital podem fazer a diferença em favor da agricultura familiar
O aplicativo contou com a parceria do Instituto Eldorado, que junto a outras empresas e instituições ligadas à área de tecnologia, busca soluções para ampliar a digitalização nas propriedades rurais do Brasil. A tecnologia utilizada no AgroTag permite que a coleta de dados se dê de forma offline, integrando-os a uma interface Geographic Information Systems Resource (WebGIS), em português Recurso de Sistemas de Informação Geográfica, para viabilizar o acesso e a análise destes após sua coleta.
Com isso, as imagens de satélite, os mapas digitais e as bases de dados geocodificadas são armazenados, organizados e analisados como forma de cartografar, gerir e monitorizar a agricultura em diferentes escalas, tarefa que requer procedimentos como a detecção, identificação, caracterização e quantificação precisa e rápida de áreas agrícolas, desde a dinâmica temporal a utilização dos recursos naturais
Ao fazer uso do georreferenciamento, o AgroTag proporciona a otimização da coleta de informações no campo, possibilitando a construção de um banco de dados qualificado para o usuário de forma individual, e viabilizando um diagnóstico espacial mais completo a respeito da área rural do país. Na prática, as informações coletadas por esse sistema servem de base, em especial, para orientar as tomadas de decisão dos gestores com relação às políticas públicas a serem adotadas, ao levar em consideração os múltiplos cenários e tendências de uso das terras na adoção dos sistemas produtivos.
A tecnologia também permite a elaboração de estimativas de emissões e mitigação de gases de efeito estufa associadas às atividades agropecuárias e florestais. Atualmente, a plataforma AgroTag contempla o AgroTag módulo público, voltado ao levantamento de dados sobre uso e cobertura das terras, AgroTagILPF para sistemas integrados de manejo, AgroTagAQUA para sistemas aquícolas, AgroTagVEG para monitoramento de recomposição florestal, e o AgroTagMFE para acompanhamento das áreas de manejo florestal e extrativismo.
Um exemplo de sucesso dessa tecnologia, é o AgroTagPará, criado para suprir as demandas do governo paraense, e que tem como objetivo apoiar a gestão de propriedades rurais no contexto da política pública de desenvolvimento sustentável do Pará. O uso dessa tecnologia mostra-se promissor, principalmente, na implantação e manejos para Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), alinhando conceitos atuais de inovação em pesquisa e transferência de tecnologias, a exemplo das tecnologias móveis e geotecnologias, a fatores como transparência de informação, rastreabilidade, ampliação do ambiente colaborativo entre as instituições e fortalecimento das parcerias público-privada.
O Brasil está entre os cinco países do mundo que mais acessam a web, porém o número de brasileiros desconectados ultrapassa os 70%. De acordo com um levantamento feito pelo Centro Regional de Estudos para Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 47 milhões de brasileiros não possuem acesso à rede mundial de computadores, seja por banda larga ou mesmo por telefonia móvel, e essa dificuldade de acesso está concentrada na zona rural, onde a infraestrutura de telecomunicação ainda é bastante deficitária.
A vantagem do uso de sistemas georreferenciados como o AgroTag está na sua natureza global de informações, herdada do Hypertext Transfer Protocol (HTTP), ou Protocolo de Transferência de Hipertexto, em português, que é amplamente suportado em qualquer parte do mundo, promovendo uma maior aceitação dos pedidos de conectividade da rede local e ampliando a acessibilidade. Os WebGIS comportam as ações de múltiplos usuários, que podem dispor do banco de dados em diferentes localidades, plataformas e dispositivos simultaneamente, facilitando o desenvolvimento de aplicações possíveis de serem utilizadas em áreas remotas no modo offline.
Além disso, os painéis de controle possuem interface simples, intuitiva e prática, facilitando seu uso pela maioria dos usuários web, e sua versatilidade permite sua adaptação às demandas do usuário, assegurando a ampliação de sua base de dados, usuários e recursos, sempre que esta necessidade se apresente. Outra vantagem do uso dessa tecnologia relaciona-se ao seu baixo custo, pois não é necessário comprar software ou pagar para utilizar os WebGIS, o que minimiza seus custos operacionais, e sua alta compatibilidade com a maioria dos navegadores web, suportando padrões de diferentes sistemas operacionais.
Atualmente, à exceção do módulo público que se encontra disponível gratuitamente na loja de aplicativos para download por qualquer usuário, os demais módulos temáticos do AgroTag têm acesso restrito a seus respectivos grupos parceiros. Na agricultura familiar, este desafio de levar às propriedades rurais conectividade aberta, simples e acessível, depende também de políticas públicas de fomento ao desenvolvimento do setor, a fim de que sejam feitas adaptações para implementação gradativa da agricultura 4.0.
Com informações da Embrapa.